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‘É um filme de quebrada sem uma gota de sangue derramada’, diz elenco do primeiro longa da KondZilla

Inspirada em ‘Todo Mundo Odeia o Chris’, ‘Escola de Quebrada’ leva periferia de SP às telas com comédia juvenil; produção estreou no Paramount+ nesta sexta, 3

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Foto do author Sabrina Legramandi
Atualização:

Conhecido por ser um dos responsáveis pela popularização global do funk brasileiro e, principalmente, do paulista, Konrad Dantas, mais lembrado pelo nome artístico KondZilla, lançou o primeiro longa-metragem pensado por sua produtora nesta sexta-feira, 3. Escola de Quebrada, o segundo longa-metragem original da Paramount+ no Brasil, chega à plataforma com a leveza de uma comédia juvenil.

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Inspirado na série Todo Mundo Odeia o Chris e na brasileira Turma do Gueto, o longa leva a juventude da periferia de São Paulo às telas com uma história para que a própria periferia se reconheça. Em entrevista coletiva mediada por Thiago Torres, o Chavoso da USP, com a participação do criador, produtor e elenco, KondZilla revelou que queria ver as “quebradas” no cinema há muitos anos.

Grande parte das produções que se passam nesses locais refletem uma visão estereotipada da periferia, com mortes e violência, ou retratam apenas os subúrbios cariocas. “As periferias do Rio de Janeiro são referência para a gente, mas, mesmo assim, a gente não se sentia 100% representado”, comenta o produtor.

Kaique Alves, o criador do longa, relata que queria fazer Escola de Quebrada desde os 14 anos, quando começou a se envolver com a área cinematográfica. “Eu cresci assistindo a filmes de escola e nenhum deles retratava, especificamente, uma escola de quebrada. Eram sempre filmes de escolas americanas e de uma classe social mais alta”, afirma.

Na história, Luan, um jovem estudante de uma escola pública na Zona Leste de São Paulo, tenta fazer parte dos grupos mais populares da escola. Ele enfrenta desafios ao tentar seguir os “mandamentos da escola de quebrada” – “ou você faz a piada ou você é a piada”, “nunca pisar em um tênis novo de um ‘mil grau’” e “não ‘talaricar’” – e acaba fazendo inimizades com todos.


Etec da Penha é cenário principal de Escola de Quebrada

'Escola de Quebrada' foi filmada na Etec da Penha, em São Paulo. Foto: Paramount+/Divulgação

Filmado na Etec do bairro da Penha, o filme conseguiu levar representatividade antes mesmo de ser lançado. Nos comentários do trailer, pessoas que estudam e estudaram na escola comemoraram o lançamento em um grande serviço de streaming e por uma grande produtora como a KondZilla.

“Que orgulho ver minha Etec de 2019 a 2022 em um filme”, escreveu um dos internautas nos comentários do YouTube. “Que f***, filmaram na minha escola”, comemorou outra usuária da rede.

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Até mesmo o elenco – formado por nomes como Pathy Dejesus, Mauricio Sasi, Laura Castro, Bea Oliveira e Lucas Righi – pôde se encaixar nas personalidades que aparecem no longa. “Cada personagem traz uma referência diferente, todo mundo vai se ver em tela”, diz Lucas.

Laura, que já fez parte do elenco de The Voice Kids e interpreta o interesse amoroso do protagonista, Camila, brincou sobre as diferenças entre ela e a personagem. “Eu era o completo oposto da Camila. Eu queria me encaixar e, quando eu comecei a fazer o The Voice, as pessoas começaram a saber quem eu era na escola”, afirma.

A atriz também celebra o ponto de vista do filme, que foge da violência e traz imagens coloridas com alegria, jovialidade e diversão. Ela resume o sentimento com uma frase dita durante as preparações do longa.

É um filme de quebrada sem uma gota de sangue derramada.”

Laura Castro


Longa representa ‘sonho de muitos anos’ da KondZilla

'Escola de Quebrada' é o primeiro longa-metragem produzido pela KondZilla. Foto: Paramount+/Divulgação

KondZilla pode dizer que é dono do maior canal de YouTube de funk do mundo e que ajudou a presentear o mundo com um dos maiores ritmos brasileiros. Apesar de já ter se envolvido também com séries, como Sintonia, um dos maiores sucessos da Netflix, a produtora de Konrad se popularizou com os videoclipes.

Ele conta que, nos seus projetos, já teve de lidar com limites de prazo, equipe e orçamento, mas que um longa o permite um fluxo de caixa maior. “Administrar isso é uma coisa diferente, é uma coisa nova, que eu nunca tinha vivido, mas conseguir dar a estrutura para o Kaique conseguir criar é uma alegria muito grande para mim como produtor”, diz.

O empresário diz que já estava acostumado a fazer projetos grandes e curtos, pois já foi responsável por clipes de grandes nomes do funk, mas que Escola de Quebrada abriu portas para um projeto grande e longo.

Esse é um sonho que a gente está vivendo há muitos anos. E eu, um cara preto e de quebrada, virando um produtor vai abrir portas para muitas pessoas.”

KondZilla

Kaique, que também dirigiu o filme ao lado de Thiago Eva e trabalha há dez anos com KondZilla, conta ter conseguido estudar cinema em Los Angeles graças à produtora. “Eu sou um dos mais jovens diretores a fazer um longa-metragem no Brasil, graças à KondZilla, e sou alguém que veio ‘do nada’, que não teve pai dentro do cinema”, comenta.

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“A gente lutou muito para chegar nesse lugar. Sem demérito nenhum, mas os nossos pais não são vice-presidentes de grandes corporações. A gente teve que começar não do zero, mas do -100. E eu digo que é sem demérito nenhum porque a gente, hoje, está trabalhando para os nossos filhos virarem herdeiros”, completa KondZilla.

*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais

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