Os cinco homens condenados incorretamente pelo estupro de uma mulher que corria no Central Park, em Nova York, em 1989, disseram neste domingo, 9, que a série Olhos que Condenam reviveu a dor do julgamento, mas também trouxe um senso de redenção.
Em entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, os homens disseram que estavam gratos pela humanização feita ao longo dos quatro episódios do drama da Netflix e pelo uso da história para chamar atenção a injustiças.
"É agridoce", disse Kevin Richardson, ao lado dos outros quatro. "Ver isso é doloroso, mas é necessário. Isso precisa ser visto."
Os cinco homens — Richardson, Yusef Salaam, Antron McCray, Raymond Santana Jr. e Korey Wise — tinham entre 14 e 16 anos à época do estupro e confessaram após extensos interrogatórios policiais. A vítima era branca e os réus, negros ou hispânicos.
Posteriormente, cada um deles admitiu que a confissão fora feita sob coerção de policiais, mas mesmo assim todos foram condenados e cumpriram penas de seis a 13 anos de prisão.
A condenação foi revertida em 2002 após outro homem confessar o crime e testes de DNA confirmarem a culpa dele. "Isso trouxe muita dor de volta", disse McCray sobre a série. "Eu achei que houvesse acabado."
McCray, que começou a chorar durante a conversa, disse que não sentia nenhum senso de redenção e ainda sofria do trauma de ser falsamente acusado e encarcerado.
"Até hoje, estou afetado. Preciso de ajuda. Eu sei disso", completou, acrescentando que rejeitou o pedido de sua mulher para que ele fosse à terapia. "O sistema quebrou muitas coisas que não podem ser consertadas." Questionado se havia perdoado seu pai, que o incitou a confessar o crime, McCray afirmou: "Eu o odeio. Minha vida está arruinada".
Parte da campanha da Netflix para concorrer ao Emmy, a entrevista foi gravada e será exibida na plataforma de streaming e no canal a cabo de Oprah, o OWN, na quarta-feira, 12.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.