O que aconteceu com a 'Vovó do Fusca', que não gostou do carro reformado no 'Gugu'

Se meu fusca chorasse: veículo foi restaurado, mas saiu muito diferente do que Nancy imaginava

PUBLICIDADE

Por Anita Efraim
Nancy foi alvo de uma pegadinha no 'Gugu' e virou piada na internet Foto: Reprodução/ TV Estadão

Nos fundos de sua casa em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, Nancy Lima guarda seu Fusca, que não usa há mais de um ano. Desde que seu carro foi reformado pelo Gugu, a artesã tem vergonha de tirá-lo de casa e ele só foi para a rua para calibrar os pneus. Nas redes sociais, ela é conhecida como 'vovó do Fusca', ou como aquela 'velha' que não gostou do Fusca rosa. 

PUBLICIDADE

Nancy passou anos juntando moedas para conseguir comprar seu carro dos sonhos, um Fusca. "Com 14 anos eu sempre via um fusquinha andando de lá para cá e pensava 'um dia eu vou ter um', e esse sonho ficou", relembra Nancy. Depois de algum tempo economizando, conseguiu adquirir um modelo de 1979. Ela jura que nunca tirou uma moeda do cofrinho, nem para comprar um cigarro. 

Mesmo com dificuldades e tendo de empurrar o veículo para pegar, durante três anos, ela conseguiu usá-lo para entregar seus artesanatos. O carro tinha rachaduras no assoalho, problemas nas janelas e na lataria, motor ruim, borrachas soltas, entre outros. Depois de juntar mais dinheiro, ela conseguiu pagar uma reforma para o carro, mas deu errado. 

"A reforma que eu mandei fazer não deu certo, fizeram tudo errado, só pegaram meu dinheiro. Mesmo assim a gente usava. Empurrando, mas usava para trabalhar, pra vender os artesanatos", explica. 

Em 2015, ela teve a ideia de entrar em contato com o programa Gugu, da Record, para pedir ajuda para reformar seu carro. Quando a produção aceitou a proposta, foram até sua casa para conhecê-la, ver o carro, identificar os problemas do veículo e saber o que ela queria. 

Publicidade

Ela explicou à produção do programa e ao mecânico que foram até Pindamonhangaba que queria que o carro fosse exatamente como uma miniatura dada pelo seu filho, vermelho metálico, com detalhes brancos nas rodas e que era preciso refazer o motor, arrumar o assoalho e a lataria. Só não era preciso arrumar o teto e trocar o banco, que passaram por reforma. 

Nancy queria o carro igual a miniatura que ganhou do filho Foto: Reprodução/ TV Estadão

No dia em que levaram o carro embora para consertar, ela chorou de vê-lo sair de sua casa. 

Depois de fazer provas para ganhar a restauração do Fusca, no Gugu, ela passou por uma pegadinha, em que eles deram a ela um Fusca rosa e ela ficou chocada. Logo depois, mostraram o Fusca vermelho. Apesar da cor ser a que ela queria, o carro estava muito diferente do esperado pela artesã. 

"Quando eu bati o olho, o pneu era diferente e o carro brilhando. Aí quando eu abri a porta do carro que eu vi uns acabamentos mal feitos, mas mal deu tempo de olhar que já me tiraram do palco", afirma. Nancy diz que, quando perceberam a reação dela, foram grosseiros e pediram para que ela voltasse e falasse que, na verdade, tinha adorado. "Eu falei para ela [a produtora que fez o pedido, 'eu volto, mas para falar a verdade'. Não é nada do que foi dito, não foi nada do combinado", justifica. 

Depois de o programa ir ao ar, no dia 6 de agosto de 2015, Nancy foi atacada nas redes sociais e ficou muito abatida. "Eu sei que nas redes sociais atiraram muitas pedras em mim, me humilharam para caramba, meus filhos passaram vergonha no serviço", relata. A artesã diz que ficou um mês sem sair de casa, por vergonha. 

Publicidade

Quando o carro foi levado de volta a sua casa em Pindamonhangaba, ela viu de perto que a maioria dos problemas não tinham sido resolvidos. As borrachas continuaram soltas, o assoalho tinha rachaduras, a lataria não foi trocada e o motor ainda tinha problemas. Além das questões antigas, o Fusca ganhou novos problemas: as portas estão desalinhadas, não há mais buzina ou alarme, os bancos foram trocados, apesar de o pedido ter sido para manter os antigos. 

Embaixo do banco de trás, que está solto, ainda está o cinto antigo Foto: Reprodução/ TV Estadão

Os pneus não foram os que ela pediu, vieram sem chave de roda e, além disso, o estepe não foi trocado, ficou o antigo. O que mais a incomodou foi a cor: em vez de ser vermelho metálico, havia purpurina na pintura.

O único aspecto do carro que ficou como Nancy queria foi o vidro da frente, que tinha o adesivo de seu cachorro que morreu, o Boomer.

Ao E+, Nancy mostrou o contrato da reforma do carro e explicou: "Quando eles vieram entregar o carro, o motorista do guincho trouxe para mim quatro folhas dessa". O papel apontava todas as mudanças que deveriam ter sido feitas no carro, como retificação do motor e da carroceria - que não ocorreram. 

A artesã questionou o motorista se duas cópias ficariam com ela. Diante da negativa, ela afirma que correu para tirar uma cópia em casa. 

Publicidade

Nancy entrou em contato com a Record para pedir que o carro fosse novamente reformado, pois, em sua opinião, o veículo estava sem condições de uso. "Eu procurei o advogado, ele verificou tudo, cheguei a ligar lá na Record, tem os emails que eu mandei, mandei fotos do Fusca, parte por parte para eles verem o que foi entregue pra mim", diz. Feitos os orçamentos para que o carro ficasse como ela queria, Nancy mandou para a produção do Gugu, que, de acordo com ela, não aceitou reformá-lo de novo. 

A artesã afirma que não quer atenção, holofotes ou dinheiro, só seu Fusca. "Olha, do jeito que está agora, estava melhor antes, dava um empurrãozinho o bichinho andava, agora o motor nem… sabe? Ele anda, mas não era aqui que era pra ser, aquilo que era pra ser o combinado", lamenta. 

Procurada pelo E+, a produção do Gugu emitiu uma nota dizendo que os filhos e marido de Nancy, Juarez, aprovaram a reforma do veículo. "Antes de o carro ser entregue (ao vivo), ele foi mostrado ao marido e aos filhos dela, que aprovaram a reforma do veículo. O carro foi entregue em bom estado e a própria família de dona Nancy foi testemunha disso. Ela sempre foi atendida com educação e respeito pela produção do programa."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.