Imagine Ana Caetano, do duo Anavitória, Pedro Calais, da banda Lagum, Vitão, Toni Garrido e Clara Buarque, neta de Marieta Severo e Chico Buarque e filha de Carlinhos Brown, em uma comédia romântica da Disney. É isso o que traz Tá Tudo Certo, nova minissérie em quatro episódios que estreia nesta quarta, 12, no Disney+.
Dirigida por Felipe Simas, empresário de nomes como Anavitória e Manu Gavassi, e escrita por Simas, o cantor Rubel e o escritor Raphael Montes, conhecido por seus romances policiais, a produção se propõe a ser uma “autoficção”. Na série, os personagens carregam o mesmo nome e as mesmas características da vida real.
“Eu já havia feito algo semelhante cinco anos atrás com o filme Ana e Vitória [que refletiu a história da dupla], que costumo dizer que é um uma autoficção, ou seja, levou para uma trama de ficção vários elementos autobiográficos da Ana e da Vitória”, explica Felipe. O empresário define a produção como uma espécie de spin-off do filme lançado sobre o duo em 2018, mas com o “pó de pirlimpimpim da Disney”.
Diferente de Ana e Vitória, Ana Caetano trabalha, pela primeira vez, sem a companhia de Vitória Falcão. “Eu me senti sem um braço”, brinca a cantora, em entrevista ao Estadão. “É muito fácil ser duas (sic), porque a gente sempre está compensando uma ou a outra”, completa.
Ana, porém, aceitou o desafio de viver a protagonista da série ao lado de Pedro Calais, que aceitou o desafio de atuar pela primeira vez. Pedro conta que fazer parte do elenco significou mudanças na vida pessoal e profissional.
O vocalista do Lagum explica que, além de possibilitar conhecer pessoas que admirava, Tá Tudo Certo foi, para ele, uma “motivação de vida”. “Eu estava em um momento, em relação à vida pessoal, meio complicado. Estava me sentindo meio ‘travado’, meio triste, e aceitar fazer a série me deu mais vontade de viver, de aprender, de me envolver na vida das pessoas”, diz.
Na trama, Pedro vive um estagiário de uma gravadora multinacional, que sonha em viver de música. Após conhecer Ana, artista que faz sucesso na internet, e receber uma missão de Toni, o protagonista precisa questionar o real significado de sucesso.
Minissérie retrata ‘declínio das grandes gravadoras’
Tá Tudo Certo foi imaginada por Felipe Simas durante a pandemia da covid-19, época em que a música viveu tempos incertos com a ausência de shows. O objetivo era levar os artistas acostumados com os palcos para as telas e, ao mesmo tempo, questionar o conceito de “sucesso”.
Felipe explica que o foco da produção é o declínio das grandes gravadoras e a ascensão de artistas independentes. Como empresário de jovens em início de carreira, o diretor mescla a narrativa com suas experiências pessoais. Ele conta sobre a dificuldade em lidar com o sonho de artistas aspirantes.
“Acho delicado lidar com o sonho dos outros. Quem sou eu para dizer se uma pessoa cabe ou não naquele sonho dela? O sonho é o fio condutor da vida”, comenta. Felipe passa a mensagem ao escolher nomes de sucesso e em ascensão da música nacional para valorizar a caminhada até o sonho ser atingido.
O que é sucesso para uma pessoa, não necessariamente é para outra. Cada um deve traçar sua própria definição de sucesso e está tudo certo. Para mim, sucesso é fazer o que se gosta, ao lado de pessoas que te fazem bem. E é essa mensagem que tentei passar com essa história”.
Felipe Simas
O desafio de questionar um conceito tão relativo se refletiu, até mesmo, nos bastidores da produção. Pedro conta o conselho que recebeu do diretor quando não se sentiu satisfeito com uma cena gravada diversas vezes: “O cinema não é sobre o que a gente faz, é sobre o que a gente deu conta de fazer”.
Tá Tudo Certo quer levar música e cinema nacional ao mundo
Para além de refletir o cenário da cultura nacional, Tá Tudo Certo também pretende exportar a arte brasileira para o mundo. A minissérie será lançada simultaneamente em 51 países e trará participações especiais de nomes como Manu Gavassi, Agnes Nunes, Sandra de Sá, Serjão Loroza e a skatista Rayssa Leal.
Ana vê com otimismo o investimento na cultura nacional atualmente. “Acho isso muito forte, principalmente saindo de um tempo tão obscuro culturalmente. Eu acho que todos os investimentos nesse lugar são muito bem-vindos”, comenta.
Já Pedro relembra o filme Cidade de Deus, um dos responsáveis por levar o cinema nacional ao mundo, para refletir sobre a importância do audiovisual brasileiro. O cantor também se mostra otimista com o cenário da arte no Brasil hoje.
Vamos ter mais exportação da nossa cultura, em vez de sermos obrigados a engolir coisas de fora e aprender com coisas de fora. A gente está mostrando a gente para a gente mesmo”.
Pedro Calais
*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais
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