Por isso, procuramos a médica Bruna Pitaluga Peret Ottani, ginecologista e obstetra, pós-graduada em Nutrologia e membro do The Institute for Functional Medicine - IFM, para falar sobre o tema.
Alémda adoção de um estilo de vida mais saudável, o que mais é possível fazer para melhorar nosso sistema imunológico?
Bruna - Beber água de boa qualidade ajuda a desintoxicar o organismo e a aumentar a produção de fluídos, importante para os casos de gripe. A alimentação deve ser rica em vegetais e frutas para se obter a maior quantidade possível de vitaminas e sais minerais. A atividade física regular ativa o sistema imunológico e ajuda a prevenir doenças infectocontagiosas. Quando já houver uma infecção instalada, como no caso do resfriado, importante que seja feito repouso para recuperação do corpo.
A senhora indica qual tipo de suplementação em geral?
Bruna - Ômega 3 e vitamina D são excelentes reguladores do sistema imunológico. Adicionalmente, a vitamina A, conhecida como retinol, é uma das principais vitaminas responsáveis pela resposta imunológica. É possível obter vitamina A ao comer vísceras de animais, como fígado, e ao ingerir vegetais amarelos, como a cenoura. Porém, os animais confinados possuem baixas quantidades de vitamina A, já que grande maioria possui fígado gorduroso. Alguns medicamentos como antiácidos, antibióticos, diuréticos, corticóides e laxativos também interferem na absorção da vitamina A. Está prevista inclusive a suplementação dessa vitamina em crianças de 6 meses a 5 anos, segundo normas do Ministério da Saúde, a cada seis meses com doses de até 200.000UI. Essa ação faz parte do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A e deve estar disponível em todas as unidades básicas de saúde do Estado. Estudos mostram que 18% das crianças com menos de cinco anos possuem deficiência de vitamina A e que a suplementação desse programa reduz a mortalidade infantil em 25%. Inclusive, nos Estados Unidos recomenda-se a suplementação de vitamina A para todas as crianças internadas por sarampo, pois reduz a morbimortalidade decorrente dessa doença. Também, o zinco é um metal considerado um dos principais reguladores do sistema imunológico e está presente em grãos, folhas verdes cruas, castanhas e na ostra. Drogas como anticoncepcionais orais, captopril, enalapril, antiácidos e corticóides interferem no metabolismo do zinco. A suplementação deve ser feita com sais orgânicos, como gluconato de zinco, para melhorar a absorção. Pessoas com insuficiência renal devem evitar usar esse suplemento. Finalmente, é importante também a famosa vitamina C, que encontramos em frutas cítricas, kiwi, acerola e camu camu (encontrada na Amazônia e com a maior concentração de vitamima C entre todas as frutas). A vitamina C é antioxidante e ativadora do sistema imunológico pela ação direta no microorganismo e, indiretamente, ao reduzir os radicais livres mantém o corpo mais saudável para combater possíveis infecções.
E o consumo de probióticos, por exemplo, ajuda até que ponto?
Bruna - Os probióticos são microorganismos que habitam o corpo naturalmente. Esses microoganismos estão presentes em todas as partes do corpo humano, ajudando a criar uma barreira de defesa e sintetizando algumas vitaminas também. Um estudo recente demonstrou que, quando se usa um antibiótico associado a um determinado probiótico, existe uma redução nas chances de ter infecções por bactérias oportunistas e resistentes, uma delas o Clostridium, uma bactéria oportunista associada atualmente a altos níveis de resistência a antibióticos.
Crianças também podem usar esses suplementos?
Bruna - Crianças devem e podem usar os suplementos. As doses são diferentes, mas o princípio é o mesmo. Como dito anteriormente, a vitamina A, inclusive, faz parte de um programa de suplementação infantil obrigatória pelo Ministério da Saúde. A alimentação da maioria das crianças é pobre em vitaminas. Quantas porções de frutas um brasileiro em idade escolar come? Muito pouco. Isso sem contar a baixa variedade e qualidade dos alimentos que são ingeridos.
Até semana que vem!
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