Adriano pede desculpas por falta de fair-play

Atacante do Shakhtar diz que não viu o começo da jogada e se arrepende do polêmico gol marcado contra time dinamarquês

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Foto do author Gonçalo Junior

Luiz Adriano está arrependido. Dois dias após marcar um gol "politicamente incorreto" na vitória do seu clube, o Shakhtar Donetsk sobre o Nordsjaelland, por 5 a 2, pela Copa dos Campeões, no qual ignorou o fair-play, o atacante pediu desculpas. "Lamento muito que isto tenha acontecido, peço desculpas à torcida do Shakhtar e à Uefa", disse o atacante ao Estado. O jogador também deu sua versão para o primeiro gol do Shakhtar, aos 26 minutos de jogo. No lance, Willian, ex-Corinthians, devolveu a bola para o adversário após a paralisação para um atendimento médico. Luiz Adriano avançou, driblou o goleiro - que não esboçou reação - e chutou para o gol vazio. "Eu não vi o início da jogada porque estava de costas para a bola e de frente para o gol do time adversário. Eu estava no ataque e não vi o que havia acontecido na nossa metade do campo", explicou. O meia Willian, que colocou a bola em jogo chutando-a para a defesa do Nordsjaelland, disse que Luiz Adriano fez a coisa certa ao admitir o erro. "Foi importante ele dar a versão dele para o que aconteceu e pedir desculpas publicamente. Foi coisa de momento, de atacante que quer fazer o gol". Ontem, Luiz Adriano retirou a mensagem "o choro é livre" que havia publicado em sua conta pessoal no Twitter logo no início da enorme repercussão negativa de sua jogada. O texto foi substituído por um "lamento tudo o que aconteceu", que dava acesso para o pedido formal de desculpas no site oficial do Shakhtar "Eu estava com a cabeça no jogo, concentrado. Quando a bola caiu perto de mim, eu fiz a jogada e marquei o gol. Eu sou um atacante!", defende-se. Após o gol, a reação dos dinamarqueses foi imediata e todos cercaram o francês Antony Gautier que, corretamente, validou o tento (o fair-play não se trata de uma regra do futebol, mas de uma convenção entre os times e seus jogadores). O técnico do Shakhtar, Mircea Lucescu, percebeu a pisada na bola na hora e confessou ter pedido que seu time deixasse o rival marcar outro gol em seguida como compensação. Apesar das vaias que tomaram conta do estádio - dirigidas não só para Luiz Adriano, mas para todo o time do Shakhtar -, o brasileiro afirma que só percebeu o erro quando assistiu ao vídeo da partida. "Só entendi o que havia acontecido mais tarde e falei com meus companheiros. Aí, mudei minha opinião sobre tudo". Punição. O arrependimento de Luiz Adriano pode ser um fator atenuante no processo disciplinar aberto pela Uefa sobre o caso, que será julgado na terça-feira. Os dirigentes da entidade máxima do futebol europeu vão investigar uma "violação dos princípios de conduta" pelo jogador brasileiro, previsto no artigo 5.º das Regulações Disciplinares da Uefa. O artigo prevê punições para atrasos no início da partida, agressões e exibição de mensagens políticas. Especialistas europeus falam de uma suspensão que pode variar entre dois e cinco jogos. "Vou me concentrar mais e respeitar o fair-play. Isso nunca tinha acontecido comigo e não vai acontecer de novo", prometeu o jogador. O exemplo histórico mais próximo do gol marcado por Luiz Adriano aconteceu na Copa da Inglaterra de 1999. Na partida entre Arsenal e Sheffield United, o nigeriano Kanu, que tinha acabado de ser contratado, também pegou a bola em um lance que exigia fair-play e tocou para Overmars definir o placar de 2 a 1 para o Arsenal. À época, o técnico Arsène Wenger reconheceu o erro e propôs a realização de outra partida, que acabou também sendo vencida pelo Arsenal.

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