Rogério Ceni ficou feliz com o interesse do Atlético Mineiro em contratá-lo. Mas resistiu ao assédio. Preferiu permanecer no Fortaleza, para dar continuidade ao trabalho iniciado no ano passado. Tem consciência de que, depois de levar o time ao título da Série B, à conquista do Campeonato Cearense e à semifinal da Copa do Nordeste, com boas perspectivas de levantar a taça, sua vida não será fácil na Série A nacional.
Mesmo assim, optou por ficar. O próprio Ceni admite que não foi só o aspecto profissional que pesou em sua decisão. Com o pai doente e necessitando de cuidados, não poderia de entregar de corpo e alma ao projeto de reerguer tecnicamente o Atlético.
Mas também pesou o fato de ele não querer interromper seu trabalho no meio.Um trabalho que vai além do campo. Além de ser fundamental na montagem do elenco, Ceni mudou muita coisa no Fortaleza. Passou, por exemplo, pela reestruturação do departamento de futebol, com melhoria de campo de treinamentos e aquisição de aparelhos para trabalhos físicos e de recuperação.
Ceni tem consciência do que representa para o Fortaleza atualmente. E tem consciência de que pode construir carreira brilhante, pela capacidade que tem. Mas sabe que é preciso ter o timing correto de dar o passo adiante. O maltrato de que foi vítima no São Paulo serviu de aprendizado.
Ao decidir ficar, Ceni mostra que não vai cair na vala comum de treinadores que pulam de galho em galho, deixam trabalho no meio por conta de boa proposta, seduzem-se facilmente com um piscar de olhos de time grande e não pensam em mais nada - e depois se dizem vítima quando a demissão chega tão facilmente quanto a proposta de trabalho.
Ceni acertou em cheio. A hora de ele assumir um time de um centro maior vai chegar. E ele estará totalmente preparado para fazer um trabalho consistente.
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