Li que o Santos cuida mais de perto da imagem dele, com profissionais de publicidade e de comunicação. Além disso, contratou fonoaudiólogo para melhor sua dicção e psicólogo para arejar-lhe a cuca. A direção do clube ficou assustada com a repercussão que tiveram seus pitis e o desentendimento que resultou na demissão do técnico Dorival Júnior. Os cartolas não querem ver virar vidro a joia que estão a lapidar.
Está bem, o mundo do futebol hoje é assim: aparece um talento aparentemente acima da média e na hora deve ser cercado de cuidados. Porque tem potencial para transformar-se numa mina de ouro, numa grife, numa marca registrada. Ganhará fama e fortuna, mas vira robô, boneco, perde humanidade. Tende a viver num mundo irreal, asséptico. Sem direito a falhas, sem espaço para contradições, sem variação de humor.
O Neymar que revi nesta quinta-feira me passou a impressão de que ainda resiste - pelo sorriso sem graça, pelo pouco à-vontade. Mas acho que essa resistência não vai durar muito. Que pena. Logo teremos um ídolo plastificado, que rezará a cartilha dos lugares-comuns e da futilidade. Deus queira que eu me engane. Amém.
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