Os técnicos das equipes de basquete da Argentina e dos Estados Unidos devem enfrentar um dilema comum antes da Olimpíada: levar para os Jogos de Pequim os atletas que participaram das respectivas campanhas vitoriosas no Pré-Olímpico de Las Vegas ou abrir mão da boa química destes grupos para reforçá-los com os jogadores renomados que não quiseram participar da competição? Sergio Hernandez, técnico da Argentina, dá pistas sutis de que somente alguns dos sete jogadores titulares medalha de ouro nos Jogos de Atenas que não foram à Las Vegas terão nova chance na seleção. "Não quero fechar portas para ninguém. Se pessoas como Manu Ginobili, Fabrício Oberto e Andres Nocioni quiserem voltar a jogar para no time que vai a Pequim, elas estarão abertas", disse o treinador. Alguns atletas deram indicações de que a volta dos astros que não foram ao Pré-Olímpico não será aceita com total passividade. "Muito se falou que o nosso time era fraco pela ausência de alguns jogadores, mas quem veio aqui mostrou que tinha condições de formar uma equipe vencedora", disse o pivô Luis Scola, que foi eleito o melhor jogador do Pré-Olímpico. "O grupo que estava aqui mostrou uma química muito grande e uma união que fez de nós uma família", complementou Sergio Hernandez. Mike Krzyzewski, técnico dos Estados Unidos, prefere deixar mais para frente a decisão. "Temos tempo", disse o treinador, agitando as mãos para frente como quem empurra alguma coisa. Segundo ele, o centro de treinamento que Jerry Colangelo comanda para a USA Basketball continuará funcionando e adaptando os atletas a jogar no estilo de basquete das competições da Fiba, que são diferentes aos da NBA. Krzyzewski, no entanto, afirma ter visto virtudes no grupo que venceu o Pré-Olímpico de Las Vegas por 118 a 81 (59 a 34) que não encontrou nem mesmo no Dream Team dos anos 90, time no qual trabalhou como assistente-técnico. "Aquela seleção [Dream Team] foi algo único, um grupo de grandes talentos que na época eram muito superiores ao dos adversários", avalia. "Mas hoje, a situação é diferente da daquela época. Na minha opinião, os jogadores que disputaram esse Pré-Olímpico aprenderam a atuar no estilo do basquete da Fiba e, por isso, considero que foi uma conquista muito mais difícil."
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