Damiris diz ter preocupação com a família no Brasil e revela apoio psicológico da WNBA

Brasileira retorna ao Minnesota Lynx para o reinício das atividades da liga após paralisação pela pandemia global de covid-19

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Por Sergio Neto
Atualização:

A pandemia do novo coronavírus mudou drasticamente a rotina do mundo todo e alguns países tentam se adaptar à nova realidade para retomar as atividades. A WNBA, liga de basquete feminino dos Estados Unidos, está com a volta prevista para o fim deste mês e as jogadoras começaram o processo para se encaixar nos novos hábitos.

É o caso de Damiris Dantas, pivô do Minnesota Lynx e a da seleção brasileira. Em videoconferência, ela conta que passou cinco meses distante do esporte profissional e de suas companheiras de equipe. Agora, com a volta gradual dos treinos e dos jogos, revela que a liga tem dado o suporte necessário, mas que ainda assim é difícil de ser familiarizar com as novas regras sociais.

Damiris Dantas, pivô da seleção brasileira de basquete e do Minnesota Lynx. Foto: Reprodução/Instagram

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Ao lado das colegas de equipe, a paulista de 27 anos está confinada na Flórida, onde o cotidiano da WNBA começa a ser retomado. "É complicado. A gente está aqui numa 'bolha', com o pensamento na família, por exemplo a minha que ficou no Brasil. Não veio ninguém comigo. Algumas meninas trouxeram os filhos, a mãe, o marido... Enfim, a gente sempre fica muito apreensivo."

Apesar de toda as adversidades que a covid-19 trouxe para o cenário esportivo, Damiris conta que a entidade feminina está se esforçando para oferecer o suporte necessário. Por exemplo, oferecendo auxílio psicológico, algo que tem sido pauta em diversos debates. "A liga pensou nisso também. A gente tem um trabalho com a psicóloga toda semana, com grupo ou individual. Eu particularmente tenho toda semana individual e tem me ajudado muito", contou.

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"Eu sei que o mundo está uma bagunça agora devido à pandemia. Mas estar aqui jogando com todo esse cuidado, sabendo que a minha família está longe, mas graças a Deus está todo mundo bem é até melhor do que estar em casa. A liga está tomando todos os cuidados e essa parte de ter a psicóloga com a gente tem ajudado muito", revelou a brasileira.

No começo, em Minnesota, a brasileira chegou a ficar quatro dias em isolamento total, treinando apenas individualmente. Depois, na Flórida, ficou pelo mesmo período em um quarto de hotel, afastada das demais colegas. Só então a partir do quinto dia que começaram os treinos coletivos.

"Eu estava com muita saudade de jogar basquete, desse treino coletivo! Claro, tomando todos os cuidados. Eu acho que a WNBA tem mandado bem nos cuidados na 'bolha' e foi muito bom voltar. A gente viu o brilho no olho de cada uma", revelou. O Lynx ainda vai fazer alguns amistosos para ganhar entrosamento antes da volta definitiva dos compromissos oficiais.

Outro ponto que mudou foi o papel de Damiris em sua equipe. A brasileira está no seu 6º ano na WNBA e durante todo esse tempo jogou ao lado de atletas que tinham mais destaque, o que fazia com que sua participação em quadra fosse um pouco ofuscada. Agora, como uma das veteranas da equipe, conquista mais confiança da comissão técnica.

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"Eu tive uma conversa muito boa com a coach referente a isso (papel na equipe)", declarou. "E a conversa foi exatamente essa. Da outra temporada para essa, eu venho me destacando mais e o que foi pedido é para que eu assuma essa responsabilidade. Ela já falou que vai fazer mais jogadas para me ver pontuando, para me ver em ação."

Brasileira Damiris Dantas, do Minnesota Lynx, é uma das estrelas da WNBA Foto: Reprodução/Instagram

MOVIMENTO POR IGUALDADE

Um assunto que tem tomado conta dos noticiários mundiais são as manifestações por direitos iguais, desencadeadas pela morte de George Floyd por um policial branco. A brasileira conta que a WNBA está bastante ativa neste processo de inclusão e que, por ser atleta, possui certa responsabilidade em defender o que acredita.

"No Brasil, a gente tem alguns grupos com meninas de seleção, de times e eu conto tudo que acontece aqui, esse respaldo que a gente tem da liga. Querendo ou não é uma ajudando a outra. Juntas somos mais fortes", disse.

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"Quando eu cheguei aqui bem novinha, acabava que eu ficava meio perdida e sem entender muitas coisas. E agora eu tenho outro papel de estar mais atenta, de querer participar mais, é uma causa minha também. Eu me sinto muito acolhida pela liga e privilegiada de estar aqui jogando", completou.

CENÁRIO BRASILEIRO

Damiris também foi questionada sobre o cenário do basquete feminino do Brasil. Fora da próxima Olimpíada, a equipe se viu obrigada a iniciar uma renovação pensando nos Jogos de 2024, em Paris. Mas, apesar do recente resultado negativo, a pivô crê em um bom futuro da equipe nacional nas próximas competições.

"Eu acredito que o basquete feminino mais uma vez está num momento muito bom. Todo mundo que acompanha viu a nossa evolução e a gente sabe que a gente pode evoluir muito mais. Eu acho que esse é o momento", analisou. "Em poucos meses a gente já teve uma grande mudança, então imagine nesse ciclo olímpico. Muita coisa vai melhorar, muita coisa vai acontecer."

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Ela também fez questão de elogiar o trabalho do técnico José Neto à frente do time principal. "A gente se fala toda semana. Ele se preocupa muito com todas as jogadoras. Ele tem esse lado muito cuidadoso e é um grande profissional."

"Ele trouxe muita coisa boa e nova para o basquete feminino. A evolução é nítida. E a gente está no caminho certo, a gente está em boas mãos agora", elogiou.