Aos 86 anos, Don King não tem mais força física e nem a força que dominou o boxe internacional. Mas quem for ver a luta entre os pesos pesados Deontay Wilder e Bermane Stiverne, neste sábado à noite, poderá notar a presença do negro alto, de cabelos grisalhos e não tão eriçados como antes, carregando bandeirinhas dos países dos lutadores envolvidos na programação do Barclay's Center, em Nova York.
Don King, que já dirigiu a carreira de Muhammad Ali, Joe Frazier, George Foreman, Larry Holmes, Mike Tyson, Sugar Ray Leonard, Roberto Duran, entre muitos outros, agora cuida de Stiverne. "Os lutadores vem e vão, apenas Don King permanece", costuma dizer, sempre com o sorriso no rosto.
Em 1966, em uma rua de Cleveland, Don King matou Sam Garret aos pontapés, por causa de uma dívida de US$ 600. Sua última frase: "Don, eu vou te pagar." King cumpriu pena de quatro anos. Ao sair da cadeia, trocou as apostas ilegais pela organização de lutas de boxe.
Em 1974, Don King organizou o histórico duelo no Zaire entre Muhammad Ali e George Foreman. No ano seguinte nas Filipinas, fez Ali x Joe Frazier 3, apontada como a maior luta de todos os tempos.
Don King foi o empresário de maior sucesso da nobre arte e chegou a trabalhar com o astro da música pop Michael Jackson na década de 80.
Mais de 500 noitadas com disputa de título mundial foram organizadas, com mais de uma centena de lutadores recebendo US$ 1 milhão de bolsa. Com isso, centenas de processos na justiça americana. Nos anos 90, chegaram a levá-lo para a corte de Nova York. A pena que queriam impor a King era de 68 anos de cadeia.
Na noite anterior ao julgamento, o prédio onde estava hospedado o júri pegou fogo. Os jurados foram mudados e King absolvido.
Há quatro anos perdeu a esposa, recentemente passou por um tratamento médico. Atualmente, defende todas as atitudes polêmicas do presidente Donald Trump, com quem realizou muitos eventos em Atlantic City.
Muitos o consideram um gângster. Mas todos concordam que seu nome está escrito na história do boxe.