Em março de 2001, fui procurado por uma funcionária do canal HBO no Brasil para ser comentarista nas transmissões de boxe. A ideia era viajar para os Estados Unidos uma semana antes do evento, gravar entradas durante a semana, transmitir a pesagem na sexta-feira e a luta no sábado.
Seriam duas lutas por mês, com um cachê de R$ 3 mil por combate. Aceitei de imediato, mas eu tinha de indicar um narrador, pois a moça que trabalhava na HBO aqui no Brasil nada sabia de esportes e muito menos de boxe.
Indiquei alguns nomes, mas nenhum obteve liberação. A 15ª opção foi um narrador experiente, que já havia feito boxe. Tudo certo. A primeira luta seria entre o mexicano Marco Antonio Barrera e o britânico Nassem Hamed, em 7 de abril, em Las Vegas. O dia do duelo foi se aproximando e nada da moça me chamar para a viagem.
Na semana anterior à luta, liguei para a moça no escritório que ficava na Avenida Faria Lima, próximo de onde fica atualmente a estação do metrô, e perguntei se havia ocorrido algum problema. E a resposta foi um direto de direita: 'O narrador indicou um outro comentarista e disse que está muito entrosado com ele, então preferimos não desfazer a dupla." Segundo ela, uma outra dupla seria formada e eu seria o comentarista.
A transmissão foi ao ar. Um fracasso!!! O 'comentarista', que nada mais era do que um amigo do narrador, não sabia a diferença entre Barrera e Hamed. A chefia da HBO simplesmente acabou com a parceria por incompetência e ignorância em boxe por parte dos dois 'jornalistas'.
Só um detalhe: foi um grande luta e Barrera venceu Hamed por pontos. Veja a luta no vídeo abaixo.