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Brasil tem expectativa alta para o Pan Júnior, que inicia caminhada para os Jogos de Paris-2024

COB pretende levar para a competição em Cali atletas consagrados e jovens promessas do esporte nacional como Sandy Macedo, Erik Cardoso e Giulia Takahashi

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O Comitê Olímpico do Brasil (COB) já está se preparando para sua primeira missão no novo ciclo olímpico. Os Jogos Pan-Americanos Júnior serão realizados entre 25 de novembro e 5 de dezembro, em Cali, na Colômbia, e reunirá atletas de até 22 anos de 41 países. A expectativa é que a delegação nacional faça um bom papel e reforce a expectativa de potência continental.

"Vamos em busca do melhor resultado possível e é por isso que levaremos a Cali uma delegação muito qualificada, com atletas que estiveram em Tóquio-2020, medalhistas nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, em 2018, e jovens de muito potencial em suas modalidades. Esperamos voltar ao Brasil com algumas vagas para o Pan de Santiago na bagagem e com a liderança do quadro de medalhas", avisou Marco La Porta, vice-presidente do COB.

Sandy Macedo é atleta brasileira do taekwondo Foto: Werther Santana/Estadão

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Esta será a primeira edição do evento e entre os atrativos está a distribuição de vagas para os Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, aos campeões de algumas provas individuais. Algumas vagas, inclusive, serão nominais, como nos casos de judô, patinação artística e tiro esportivo. São 32 esportes no programa do Pan, mas algumas modalidades olímpicas estarão ausentes, como futebol, surfe, rúgbi sevens, polo aquático e breaking (que estreia em Paris-2024), entre outras.

"Essa é uma missão importante para o COB sob diversos aspectos. Há uma questão simbólica em torno desses Jogos, porque marcam o início do novo ciclo olímpico. Depois tem o aspecto esportivo, já que o evento representa uma oportunidade de classificação em modalidades individuais para os Jogos Pan-americanos Santiago 2023", explica La Porta.

"Além disso, tem o fator anímico. Muitos desses jovens estão passando por uma fase importante na carreira, que é a transição da categoria de base para o adulto. Eles ficaram muito tempo sem competir em função da pandemia e um evento desse porte permite uma retomada importante com muito mais motivação", continua o Chefe de Missão do Time Brasil.

A cidade colombiana de Cali volta a receber um grande evento multiesportivo após 50 anos, quando em 1971 foi sede dos Jogos Pan-Americanos. Por causa da pandemia de covid-19, uma das novidades deste evento é que a vacinação será obrigatória para todos que tiverem mais de 18 anos. Ou seja, os adultos só poderão participar se estiverem totalmente imunizados.

A expectativa é que o Brasil tenha uma delegação formada por 330 atletas aproximadamente, e caso isso se confirme, será uma quantidade maior do que a que foi levada para os Jogos de Tóquio, há pouco mais de dois meses. Dentro da operação do COB, haverá sete sub-sedes na Colômbia para facilitar a participação dos esportistas nacionais.

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Em Calima ficarão os representantes de canoagem velocidade, triatlo e vela. Já em Buga estarão as equipes de boxe, ciclismo BMX e ciclismo de estrada. Em Yumbo estarão mountain bike, badminton e esgrima. Já os lutadores de caratê e judô ficarão em Jamundi enquanto em Palmira estarão competidores do levantamento de pesos, tênis de mesa e tiro com arco. O time de softbol estará em Barranquilla enquanto todas as outras modalidades ficarão em Cali.

Apesar de a delegação nacional ter atletas experientes, a maioria estará em seu primeiro grande evento internacional. "Isso é mais um aspecto importante para estes atletas. Eles vão poder vivenciar o que é competir dentro da estrutura proporcionada pelo COB em uma Missão. Essa vivência é muito importante para quando eles integrarem Missões mais importantes como, os Jogos Sul-americanos, Pan-americanos e Jogos Olímpicos, não sintam tanta diferença e já estejam habituados aos diversos procedimentos", conta La Porta.

Para facilitar essa ambientação dos atletas, o COB vai organizar alguns encontros virtuais até os Jogos e passar orientações gerais sobre a Missão, que vão desde assuntos relacionados à conduta até o melhor uso das redes sociais. "Fora isso, existem questões específicas da própria operação, como a necessidade de autorização dos pais para viagem, quando os atletas são menores de idade; e, em tempos de pandemia, há um cuidado especial com a saúde da nossa delegação. Assim como nos Jogos Olímpicos de Tóquio, teremos um protocolo específico em Cali. Podemos até não estar mais vivendo o pior momento da pandemia, mas isso não nos dá o direito de relaxar. Para o bem da nossa delegação, dos demais países e do povo colombiano."

Segundo Kenji Saito, gerente executivo de Desenvolvimento Esportivo do COB, algumas ações serão desenvolvidas para potencializar a performance dos jovens atletas em Cali. "Ao longo dos últimos anos, por meio de um programa específico de suporte às Confederações, investimos em treinamento e competições com foco na preparação para Cali. A partir de outubro, vamos organizar eventos semanais para engajar a delegação, sempre buscando abordar assuntos relevantes, como saúde mental, gestão financeira, educação e prevenção ao doping, fora os demais conteúdos que fazem parte do programa Esporte Seguro, do COB", diz.

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"Vejo que o sucesso esportivo não envolve apenas resultados em grandes competições, mas também o equilíbrio no desenvolvimento pessoal e na formação global de atletas e treinadores. Como os Jogos Pan-americanos Júnior serão para muitos a primeira experiência em um evento deste porte, acredito que podemos auxiliar nessa transição para a carreira profissional. Tanto é que, no dia que antecede o embarque para Cali, vamos realizar palestras educativas sobre os valores olímpicos e a responsabilidade de integrar uma Missão do COB", continua.

FIQUE DE OLHO

Na delegação de mais de 300 atletas que irão para a Colômbia representar o Brasil, muitos devem se destacar. O grupo conta com competidores experientes, jovens talentos e promessas de medalha agora ou em competições internacionais futuras. Conheça três deles que têm tudo para subir ao pódio nos Jogos Pan-Americanos Júnior.

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Sandy Macedo (taekwondo)

Lutadora de taekwondo Sandy Macedo Foto: Werther Santana/Estadão

Aos 20 anos, a atleta da categoria até 57kg agora compete entre os adultos e espera obter o mesmo sucesso que obteve na base da modalidade. "De 2018 para cá sou outra Sandy. Cresci muito, minha cabeça mudou muito, entrei para a categoria adulta e aprendi a treinar com mais leveza"

Em 2019, ela conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude, seu grande resultado na carreira. "Foi uma emoção gigantesca, uma energia que não consigo explicar. Foi uma experiência incrível, que espero logo poder repetir", afirmou a atleta.

Ela garante que está conseguindo aproveitar melhor os treinamentos, fazendo os processos com mais leveza e se divertindo mais. E entende como o esporte abriu portas em sua vida. "Conheci novas culturas, fiz novas amizades. Eu sou apaixonada pelo esporte, que já me proporcionou muitas coisas", diz.

Quando criança, Sandy queria ser bailarina. Mas sempre que ia na missa com os pais, ela observava os atletas praticando o taekwondo em uma academia perto da casa dela. "Eu achava legal e aos 7 anos comecei, entrando já para o time de competição", conta.

Agora, ela espera conquistar mais um pódio importante na carreira em Cali, na disputa dos Jogos Pan-Americanos Júnior. E com isso começar bem o ciclo para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. "O mais importante é poder mostrar o meu taekwondo. Vou dar o meu melhor, treino para vencer e as expectativas estão muito boas. Espero que o Brasil saia vitorioso."

Erik Cardoso (atletismo)

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Erick Cardoso, velocista brasileiro Foto: Wagner Carmo/CBAt

O jovem de 21 anos cravou 10s01 em 4 de setembro, no Campeonato Brasileiro Sub-23, e se tornou o segundo atleta mais rápido da América do Sul em toda história, atrás apenas dos 10 segundos obtidos por Robson Caetano em 1988. "A expectativa é a melhor possível. Venho treinando bem aqui no Sesi em Santo André, trabalhando com pessoas incríveis que me ajudam bastante", diz.

Ele começou a treinar em outubro de 2012, através de um incentivo que teve de uma professora de Educação Física no Sesi. "Ela me abriu as portas e desde então vieram vitórias, momentos difíceis, mas com muito trabalho a gente vê que os resultados estão vindo. É uma alegria imensa estar no atletismo e quero continuar nesta história", explica.

Ele fazia várias outras provas de pista e campo, correndo e fazendo arremessos, provas de saltos, mas em um determinado momento escolheu corrida e arremesso. "Aí machuquei o dedão e larguei a corrida e fiquei lançando e arremessando. No disco fui segundo colocado no Brasileiro Sub-16, mas ao longo do tempo voltei para a velocidade e agora estou colhendo os frutos", conta.

A expressiva marca de 10s01 chegou a um ótimo momento da carreira de Erik Cardoso. Ele agradece ao apoio de sua equipe que conta com técnicos, especialista em biomecânica, fisioterapeutas e nutricionista, entre outros. E sempre que pode dedica a Deus e a Nossa Senhora suas façanhas na pista.

Agora, espera ter um ótimo desempenho durante os Jogos Pan-Americanos Júnior, em Cali. "É sempre uma honra representar o Brasil e poder estar lá. É o início de um ciclo e, se for da vontade de Deus, pretendo estar lá, trabalhamos duro para fazer uma boa competição. É uma oportunidade ótima", comenta, já de olho na próxima edição dos Jogos Olímpicos.

Giulia Takahashi (tênis de mesa)

Giulia Takahashi é um jovem talento do tênis de mesa Foto: André Soares/CBTM

Com apenas 16 anos, a atleta é uma das grandes promessas da modalidade. Ela é irmã de Bruna Takahashi, melhor mesa-tenista brasileira da atualidade, e tem tudo para chegar longe também. Existe uma grande expectativa com o futuro desta atleta em uma modalidade que cresce no País.

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"Acho muito importante participar de um campeonato deste porte logo após a Olimpíada. Mesmo como reserva em Tóquio, pude sentir o 'clima' da competição e queira ou não, o Pan-Americano é bem parecido, pois teremos vários atletas de outras modalidades também, então é uma experiência a mais e que vai me ajudar no futuro", diz.

Giulia já chegou a ser terceira colocada no ranking mundial sub-15, o que mostra seu talento precoce e enorme potencial. Ela foi a medalhista mais jovem do Brasil no Desafio Mundial de Cadetes, quando tinha 13 anos, e acumulou três pódios em duas edições.

"Minha expectativa para esse campeonato é de ter um bom desempenho, mesmo as meninas sendo mais velhas. Como no meu último campeonato internacional, o Pan-Americano Juvenil, eu tenho de entrar no jogo de igual para igual", afirma.

Nos Jogos de Tóquio, ela viajou com a delegação nacional para ajudar na preparação das atletas e também para ganhar experiência. A disputa do Pan Júnior é mais uma etapa para Giulia rumo aos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

"Aprendi muitas coisas na Olimpíada, então estou buscando cada vez mais aprimorar o meu jogo. A gente sempre pensa em brigar por grandes resultados, e acredito que essa equipe do Brasil tem uma qualidade muito grande para brigar por esses resultados nos Jogos Pan-Americanos Júnior", avisa.

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