Faltando 500 dias para a Olímpiada de 2024, celebrados oficialmente nesta terça-feira, 13, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) mira torneios pré-olímpicos realizados no Brasil, com a presença da torcida, para “turbinar” a delegação e teoricamente aumentar as chances de medalha. O objetivo é superar os 302 atletas dos Jogos de Tóquio.
O calendário de 2023 possui vários torneios que garantem vagas diretas ou pontos no ranking olímpico. No surfe, a etapa de Saquarena, entre junho e julho, é a oitava de onze disputas do circuito que classifica diretamente para Paris. No vôlei masculino, o País será uma das sedes do Pré-Olímpico, que será disputado entre os dias 30 de setembro e 8 de outubro – as outras são Japão e China. Brasília vai receber em outubro o World Cup Brasil, torneio de triatlo que também oferece pontos para o ranking olímpico. A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) planeja trazer eventos para o Brasil (Challenger) para possibilitar que atletas conquistem mais pontos – as datas ainda não estão definidas. “Alguns torneios classificatórios estão sendo realizados no Brasil. Isso é bom para nós. Não garante, mas é um facilitador”, afirma Paulo Wanderley, presidente do COB.
O dirigente afirma que o Time Brasil pode contar até com 330 atletas em Paris. “O retrospecto dos eventos classificatórios, que podem terminar próximo aos Jogos, e os Campeonatos Mundiais, fazem crer que podemos ter um número maior do que aquele que foi a Tóquio. Não acredito que seja muito maior. Varia de 280 a 310. É possível que chegue aos 330? Sim, é possível”, afirmou o mandatário.
Wanderley falou ao Estadão neste domingo, 12, por videoconferência a partir de Paris. O dirigente está na capital francesa para acompanhar as festividades pelos 500 dias dos Jogos e também definir localização da Casa Brasil, ponto de encontro dos atletas, patrocinadores e familiares. O endereço deve ser o Parc la Villette, um dos parques urbanos mais importantes da capital. A base de apoio do Time do Brasil será a cidade de Saint-Ouen, com cinco instalações a 600 metros da Vila Olímpica.
Por causa do adiamento dos Jogos de Tóquio de 2020 para 2021 em função da pandemia da covid-19, a preparação para Paris é o menor ciclo olímpico da história com inéditos três anos. Isso exigiu antecipação dos planos – o local da base de apoio foi definido no ano passado, por exemplo. Neste ano, a grande oportunidade para um atleta garantir a vaga olímpica são os Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, a partir de outubro. Ao todo, 21 modalidades vão conceder classificações diretas, entre elas, isso significa oito a mais em relação à última edição do Pan de Lima, em 2019. “O Pan é muito importante para a gente e o nosso principal foco é a classificação olímpica. Nossa estratégia é entrar com equipes fortes em todos os eventos para a projeção do País e para os atletas serem testados”, diz.
A presença de mais atletas nas competições a partir do dia 26 de julho pode significar maior chance de medalhas. O COB prefere não divulgar a meta de número de pódios, mas o País pode bater o recorde de medalhas pela terceira vez seguida, algo inédito na história. Nos Jogos Rio 2016, foram 19 (sete de ouro, seis de prata e seis de bronze); em Tóquio, 21 pódios (sete de ouro, seis de prata e oito de bronze). No Japão, o Brasil ficou em 12º no quadro geral de medalhas. “Não vou cair na armadilha de falar que queremos ficar entre os dez primeiros, por exemplo. Vamos trabalhar para superar em todos os níveis os resultados de Tóquio, como medalhas de ouro e o quadro geral. São metas factíveis a partir do surgimento dos novos esportes com possibilidade de medalha”, diz.
Por outro lado, o dirigente revela que deverá aumentar a premiação em dinheiro aos medalhistas. Nos esportes individuais, a medalha de ouro rendeu R$ 250 mil em premiação; a prata ficou em R$ 150 mil e a bronze, R$ 100 mil. “Como tudo é superação, vamos superar o número anterior. Os valores serão fechados no ano que vem em função do orçamento, que será definido entre setembro e novembro.
Paulo Wanderley é mandatário do COB desde o afastamento de Carlos Arthur Nuzman, em 2017. Ele assumiu como vice e foi eleito para um novo mandato em janeiro de 2021. Nuzman saiu do cargo por causa da investigação da Operação Unfair Play, da Polícia Federal, que investigou a compra de votos para escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016 e foi condenado a 30 anos de prisão. O dirigente renunciou, chegou a ficar preso por 15 dias, mas foi solto por habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nuzman sempre negou a acusação.
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