Com R$ 17,25 milhões em dívidas, nova gestão da CBDA traça plano para recuperação

Entidade tem déficit operacional e vai contar com trabalho voluntário de personalidades como Ricardo Prado e Djan Madruga

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Luiz Fernando Coelho assumiu a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) em meio a um caos. Seus antecessores contribuíram para a maior crise na entidade, que chegou a uma dívida total de R$ 17,25 milhões e conta com uma receita mensal de apenas R$ 142 mil, que recebe da Globosat. "A situação financeira é ruim e temos de apresentar esse raio x. Queremos apontar o caminho da recuperação", disse.

Nesta terça-feira, os novos responsáveis pela CBDA, que assumiram o comando há 29 dias após a destituição do presidente Miguel Cagnoni em Assembleia Geral Extraordinária, apresentaram o panorama de recuperação. Vale lembra que outro ex-presidente da entidade, Coaracy Nunes, foi recentemente condenado à prisão acusado de desvio de recursos.

Marcelo Jucá, João Santos e Renato Cordani, da CBDA Foto: Paulo Favero/Estadão

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"Assumimos há 29 dias e nesse período tivemos a oportunidade de ver tudo que está acontecendo, na parte administrativa e esportiva. O plano mostra que a entidade é gigante e temos chance de sair do buraco a médio prazo. Na parte esportiva vamos muito bem, na financeira muito mal e a governança é horrorosa", comentou Renato Cordani, diretor geral da CBDA.

Para se ter uma ideia, no ciclo que antecedeu aos Jogos do Rio, em 2016, o faturamento da CBDA passava dos R$ 50 milhões. Já no ciclo seguinte, o atual, caiu para R$ 12 milhões e atualmente está em R$ 6 milhões. "Boa parte da crise foi em razão do encolhimento natural. Vamos ter de lidar com isso", explicou Cordani.

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Da dívida total de R$ 17,25 milhões, R$ 7,75 milhões se referem a glosas entre 2015 e 2017, R$ 2 milhões são de multa dos Correios, R$ 4 milhões de dívidas não pagas para PJs e R$ 3,5 milhões de risco trabalhista. "A CBDA tinha 70 funcionários, hoje tem 11. Tivemos de mandar quatro embora recentemente. Nossa folha salarial é de R$ 80 mil, mais R$ 57 mil de impostos. O custo mensal é de R$ 218 mil, mas temos um déficit operacional mensal de R$ 76 mil. Isso porque ainda estamos em sistema de home office", continuou.

Para tentar sair dessa "depressão financeira", uma das soluções foi montar uma equipe de pessoas notáveis e que estão dispostas a trabalhar, neste primeiro momento, de graça para ajudar a levantar a entidade. Entre elas estão dois ex-atletas ilustres, Ricardo Prado e Djan Madruga, dois medalhistas olímpicos na natação.

No plano de trabalho, a CBDA estipulou metas específicas para cada período de tempo. A curto prazo o foco será na sobrevivência financeira e melhorar a governança e transparência. Já a médio prazo, a ideia é ter uma redução significativa da dívida, atrair parceiros e patrocinadores, e modernizar o estatuto. E a longo prazo, para um período de três ou quatro anos, é sanar todas as dívidas, alcançar o superávit operacional e aprimorar o investimento na base, entre outras coisas.

Essa gestão termina em fevereiro de 2021 e o presidente Luiz Fernando Coelho prega a transparência total. "Percebemos que a cada mês na gestão anterior a dívida aumentava, mas ele (Cagnoni) não ouvia a gente. Aí começou essa bola de neve que culminou na situação que a gente se encontra hoje."

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Para os Jogos de Tóquio, apesar das dificuldades financeiras, os dirigentes da CBDA se mostram otimistas para que seus esportes (natação, maratona aquática, saltos ornamentais, nado artístico e polo aquático) tenham sucesso em 2020. "Esperamos uma participação muito boa. Temos confiança de que nossos atletas têm chance de medalhas e de finais olímpicas. Agora nosso foco está em classificar mais atletas para os Jogos. O esporte não tem sido o problema da confederação", resumiu Cordani.