O Comitê Olímpico Internacional (COI) vê a inteligência artificial (IA) como uma tecnologia transformadora para a segurança, análise de dados dos atletas e transmissão do Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Esses três setores serão diretamente afetados pela implementação de novidades digitais que aperfeiçoaram o modo como os torcedores desfrutam do evento, presencialmente ou à distância, através das televisões e celulares. A Olimpíada será realizada entre os dias 24 de julho e 11 de agosto.
Experiência do público nos Jogos de Paris
Apesar de a inteligência artificial já estar sendo adotada pela cobertura televisiva desde os Jogos de Inverno de PyeongChang, em 2018, a sua aplicação será mais abrangente neste ano. A geração de replays em 360º é um dos recursos possibilitados pela inteligência artificial. Com a chance de usar novos meios para reproduzir imagens em ângulos jamais vistos, o COI aposta na ferramenta para melhorar ainda mais a experiência dos telespectadores.
Uma parceria do COI, por meio do Serviço Olímpico de Transmissão (OBS, sigla em inglês) com a Intel vai possibilitar pela primeira vez a transmissão dos Jogos Olímpicos ao vivo em 8K, que representa uma imagem de altíssima resolução presente nos televisores e computadores mais modernos do mercado. Além disso, a IA desenvolvida pela empresa possibilitará cortes personalizados e distribuição de conteúdos para as emissoras com mais eficácia, substituindo o trabalho de edição tradicional.
“Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos são a maior vitrine do mundo para os melhores atletas ultrapassarem seus limites e fazerem coisas que nunca imaginamos serem possíveis”, analisou Sarah Vickers, líder do escritório de Jogos Olímpicos e Paralímpicos da Intel.
A ideia é que os Jogos Olímpicos de Paris consigam modificar a forma como os torcedores consomem o evento. A inteligência artificial deve estar a serviço da interatividade, de modo a integrar o fã às modalidades disputadas na capital francesa. Novidades podem ser apresentadas nas próximas semanas.
“Uma das missões dos Jogos Olímpicos é deixar um legado para a população local e. com certeza, os avanços com IA ficarão marcados como um desses impactos. É certo que a inteligência artificial irá agregar muito para o avanço da infraestrutura esportiva”, ressalta Sergio Schildt, presidente da Recoma, empresa especializada em construções esportivas.
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Segurança na Olimpíada 2024
A segurança é um dos temas mais sensíveis para os organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris. Tanto que a França pediu apoio para 46 países que auxiliarão na proteção de atletas, delegações e fãs durante todo o evento. São esperados 2.185 policiais. O Brasil, conforme antecipou o Estadão, enviará 14 agentes da Polícia Federal para a capital francesa. Além disso, agentes de segurança da Embaixada brasileira em Paris vão compor o centro de cooperação internacional dos Jogos.
Desde o fim de 2023, a França testa câmeras que utilizam inteligência artificial para identificar crimes e capazes de diferenciar até gêmeos idênticos por meio de um software reconhecimento facial. O uso desses equipamentos, porém, tem sido alvo de debates locais, como a maioria dos setores que a inteligência artificial afeta.
Nos últimos meses, a União Europeia aprovou uma lei que regula o uso da IA e atinge o tema segurança. O texto, que ainda precisa da aprovação local dos países-membro do bloco, prevê a proibição de classificação de cidadãos por meio dessa tecnologia e o veto a sistemas de monitoramento em massa.
Uma das grandes preocupações francesas se concentra em ameaças terroristas. Por isso, a tecnologia das câmeras permitirá a vigilância dos atletas e do público, além da identificação de potenciais riscos, como bolsas, pacotes abandonados e até pessoas deitadas no chão.
“A tecnologia de inteligência artificial oferece uma camada adicional de proteção, ajudando a identificar possíveis ameaças e agir rapidamente para mitigar riscos. Vale reforçar que a eficiência deve ser equilibrada com privacidade e ética”, afirma Cristiano Maschio, CEO da fintech Qesh.
IA a serviço de técnicos e atletas
O tratamento de dados pode influenciar diretamente o desenvolvimento técnico e esportivo de um atleta. A forma como esses números, marcas e estatísticas são analisadas podem ser determinantes para a definição de um treinamento mais específico ou a necessidade de melhora em um movimento que o atleta executa, por exemplo.
Por isso, a inteligência artificial impactará na preparação dos atletas e no trabalho dos treinadores durante os Jogos. Os atletas terão informações mais precisas sobre as performances nas competições, possibilitando uma análise de desempenho mais completa.
Dessa forma, a IA será uma aliada dos sistemas de cronometragem e no julgamento dos competidores naquelas modalidades que têm jurados. “A análise de desempenho dos atletas promete elevar o nível de precisão e insights, proporcionando uma experiência mais informativa para todos os envolvidos”, afirma Vitor Roma, CEO da keeggo, consultoria especializada em tecnologia.
O COI também afirma que uma das utilidades da IA será em coibir o assédio online a atletas. Outra utilidade futura será para a descoberta de novos talentos, que poderiam não ter a oportunidade de se desenvolver como esportistas. A capacidade de um jovem saltar, correr, fazer movimentos relativos a uma modalidade podem ser averiguados de modo mais fidedigno com uso da inteligência artificial.
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