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Conheça o Manbol, o esporte amazônico que busca praticantes no Brasil

Passatempo de criança vira modalidade com regras e em várias regiões do Brasil, especialmente nas areias da praia de Copacabana, no Rio

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Por Rodrigo Almonacid
Atualização:

AFP - Tudo começou com dois irmãos brincando com mangas na Amazônia brasileira. Agora, aquele passatempo de criança é um esporte com regras e já praticado, embora com timidez, em várias regiões do Brasil. Bem-vindos ao manbol.

Nas areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, uma rede colorida divide uma quadra inusitada, limitada por cordas azuis que formam um retângulo de dez metros de comprimento por cinco de largura. É uma quadra de tênis ou de vôlei? A dúvida a se dissipa, embora não completamente, quando os quatro jogadores de manbol começam a lançar de um lado para o outro e de forma simultânea duas bolas parecidas com as de futebol americano e rúgbi.

São bolas menores e seu formato tem uma inspiração mais folclórica: o caroço das mangas que Rui Hildebrando e seu irmão mais novo, Rogério, usavam para jogar quando adolescentes em Belém do Pará. No Posto 4 de Copacabana, Rui — de baixa estatura e cabelo pintado de loiro — disponibiliza a quadra para os curiosos que querem adentrar no mundo que ele criou há mais de duas décadas.

Rui Hildebrando, um dos criadores do manbol, posa na praia de Copacabana.  Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP

“No princípio foi uma interação, uma brincadeira com mangas. Eu jogava manga para o meu irmão [Rogério], ele jogava de volta. Era uma disputa para a manga não cair. Eu resolvi colocar umas regras lúdicas, de diversão, naquele momento, e eu percebia que as duas mangas davam mais energia, sinergia, a gente não parava, era muito rápido”, disse Rui, de 44 anos, à AFP.

Divertido e dinâmico

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A brincadeira dos irmãos agradou outros parentes e amigos. Com o passar do tempo, Rui Hildebrando aprimorou o regulamento e os materiais para a prática. Em 2004, com motivações esportivas e empresariais, fundou a Confederação Brasileira de Manbol. Foi a criação oficial de um esporte que atualmente é praticado na Amazônia e nas praias do Rio.

Batizado com a união das palavras “manga” e “bola”, o manbol tem um regulamento simples: é jogado com as mãos e cada equipe marca quando a bola toca o chão da quadra do adversário ou quando o adversário manda a bola para fora dos limites. Se ambas as equipes marcarem na mesma jogada, o ponto é repetido.

Entusiastas do manbol se aventuram em novo esporte na praia de Copacabana.  Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP

O manbol pode ser disputado em qualquer superfície e com até três jogadores por equipe. Vence o primeiro time que ganhar dois sets de 12 pontos. Em média, cada partida dura de 15 a 25 minutos. “É muito dinâmico, com as duas bolas, é muito divertido. A pessoa fica cansada, mas é só um pouquinho de prática”, afirma Adriana Mathias, uma professora de educação física de 46 anos, “manbolista” desde 2007.

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Sonho distante

Pouco conhecido pelos brasileiros e sem atletas profissionais até o momento, o esporte foi ganhando terreno lentamente e já conta com federações em quatro estados do país (Rio de Janeiro, Pará, Ceará e Distrito Federal). O manbol tem cerca de 2 mil praticantes em um país de mais de 200 milhões de habitantes e já foi exibido em 11 países da América do Sul, Europa e Ásia, segundo Rui Hildebrando.

O jogo foi reconhecido como uma “modalidade esportiva” por uma lei da Câmara Municipal de Belém em janeiro de 2016 e apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho do ano passado. “É um esporte inclusivo, pessoas de todas as classes e idades podem jogar. Ele trabalha várias habilidades físicas, agilidade, reflexo. Tem tudo para crescer”, diz Katia Lessa, presidente da Federação de Manbol do Rio de Janeiro.

Manbol foi de passatempo de criança a esporte nas areias do Rio.  Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP

As autoridades deste esporte amazônico sonham que um dia ele possa se tornar uma modalidade olímpica. Um desejo que, por enquanto, parece muito distante em uma terra mais atraída pelo futebol e pelo vôlei. Mas eles mantêm a esperança.

Ao lado de Katia, que protege os olhos do sol forte com seus chamativos óculos escuros, a fisioterapeuta Beti Biaggi observa curiosa um esporte que até então desconhecia. “Me chamou a atenção pelo trabalho de agilidade, mobilidade. Achei bem interessante, por isso eu parei para olhar”.

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