No embalo de resultados importantes acumulados nos últimos meses, a ótima geração da ginástica rítmica brasileira alcançou mais um feito inédito neste domingo. A seleção formada por Duda Arakaki, Nicole Pircio, Giovanna Silva, Victória Borges e Sofia Madeira, com Julia Kurunczi como reserva, faturou o primeiro ouro do Brasil em uma etapa de Challenge Cup ao somar a nota 34.600 na prova dos cinco arcos em Portimão, Portugal. O segundo lugar ficou com a Espanha (34.450) e o terceiro com a favorita Itália (33.800).
Além do ineditismo, as circunstâncias contribuíram para que a conquista fosse muito valorizado pelas atletas, que enfrentaram uma viagem conturbada para chegar à cidade portuguesa. O grupo precisou de quatro dias para chegar ao local, pois enfrentou cancelamentos de voos em razão de uma greve na companhia aérea responsável pelo trajeto.
Após uma viagem de carro de Aracaju a Salvador, a delegação foi informada sobre o cancelamento do voo. Então, voou para São Paulo e, de lá, partiu para Amsterdã, onde enfrentaram um novo cancelamento. Chegaram em Lisboa e perderam uma conexão, mas conseguiram embarcar no dia seguinte rumo ao destino final.
“Foi uma saga a nossa viagem. Normalmente chegamos com antecedência e realizamos treinos no local da competição desde a segunda-feira, para adaptação. Fizemos alguns alongamentos e treinamentos preventivos em aeroportos para não termos problemas. Toda essa dificuldade deu um sabor ainda mais gostoso à conquista, e passar por cima de tudo isso torna a gente ainda mais forte”, afirmou a treinadora Camila Ferezin.
Após os transtornos da viagem, o conjunto brasileiro não teve boas apresentações nos dois primeiros dias de exibição e terminou em oitavo lugar no geral, a prova olímpica da modalidade. No domingo, teve um dia de redenção e, contando com o apoio da torcida portuguesa, conseguiu o ouro inédito ao som do clássico “I Wanna Dance With Somebody”, de Whitney Houston. “Acho que por causa da proximidade dos dois povos, os portugueses adotaram a nossa equipe e nos abraçaram. Esse apoio e a vibração deles deram um caráter apoteótico à conquista”, afirmou Camila.
A Challenge Cup é uma competição de elite da Federação Internacional de Ginástica (FIG), mas está abaixo da Copa do Mundo na hierarquia do circuito mundial. De qualquer forma, o ouro é representativo para o Brasil, que superou concorrentes de seu patamar técnico, caso de França, Espanha e Azerbaijão.
“É uma etapa da Challenge Cup e nem todas as equipes disputam todas. Entre os adversários fortes, ficaram de fora Israel e China, além da Bulgária, que não vem em grande fase. Mas a gente olha para a nota e ela é alta em qualquer competição. Nesta etapa, a banca foi muito criteriosa. Por tudo isso, esse é um grande resultado sim para a GR do Brasil”, explicou Camila.
Em Portimão, o Brasil também contou com um bom desempenho de Geovana Santos no individual. Também apoiada pela torcida portuguesa, a ginasta se apresentou ao som de “Rajadão”, de Pabllo Vittar, e acabou em oitavo lugar, com uma nota final de 28.400, após uma falha na recuperação da fita no final da série.
O ano de 2023 tem sido de bons resultados para a ginástica rítmica brasileira. Em março, o conjunto conquistou um bronze inédito na prova geral da etapa de Atenas da Copa do Mundo. Em disputas individuais, o destaque tem sido Barbara Domingos, que conquistou o primeiro bronze individual brasileiro durante a etapa búlgara da Copa do Mundo, antes de alcançar um ouro inédito no Grand Prix de Thiais, na França.
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