Você tem sorte? Já realizou algum sonho de criança? Eu realizei o meu nesta terça-feira, 28 de fevereiro de 2023. Sou apaixonada por tênis desde que calcei o primeiro Bamba e me livrei, pelo menos por algumas horas, das botas ortopédicas. Quem tem mais de 50 anos sabe muito bem do que estou falando. Quem tinha pé chato era torturado com essas botas.
Pois bem, o Blog Corrida para Todos foi um dos convidados, cerca de 40 no total, entre imprensa, quatro atletas (Wellington Cipó, Raissa Marcolino, Giovani dos Santos e Jéssica Ladeira), influenciadores e o treinador Ademir Paulino, a conhecer a fábrica de calçados da Vulcabras, grupo que detém a marca Olympikus, em Horizonte (CE) a uma hora de carro de Fortaleza. Lá também apresentariam todas as novidades da marca para 2023. O press trip foi batizado de Corre Show. Na véspera deram para todos o look da visita: calça preta de moleton e camiseta branca.
31 MILHÕES DE PARES POR ANO
Primeiro fomos a um auditório e quem abriu a manhã foi Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras. Praticamente o Willy Wonka dos calçados esportivos. E eu fui uma das sortudas com o cupom dourado. Ele foi logo avisando que a empresa está 100% focada nos calçados esportivos, que faturaram R$ 3 bilhões em 2022, produziram 31 milhões de pares de tênis no mesmo período, e que empregam 17 mil brasileiros, que só na planta de Horizonte são 11 mil pessoas, em três turnos. Mais, que a missão da Vulcabras é melhorar o Brasil através do esporte, e que o grande diferencial deles é a rapidez na reposição. Fazem como se fosse o Toyotismo, fabricam exatamente o que o logística pede para reposição. E a grande mágica é acertar o volume de tênis dos lançamentos, a grade, as cores. E acaba de sair os resultados do quarto trimestre de 2022 - o lucro é o maior para um trimestre nos 70 anos da companhia, mostrando que foi acertada a mudança de curso tomada há dois anos, focando nos calçados esportivos. Nessa planta de Horizonte fabricam também tênis de duas marcas importadas, a Mizuno (Japão) e Under Armour (EUA). Com a Mizuno acabam de fechar por mais dois anos, o time global da marca japonesa visitou a fábrica em janeiro.
Bartelle, foto acima, destacou também que hoje fabricam com 100% energia limpa (eólica) e que reduziram a zero os resíduos na fábrica, tudo é reaproveitado."O tênis é o calçado mais elaborado do mundo, o mais tecnológico de todos", afirmou o CEO com os olhos brilhando.
LINHA CORRE 2023
O consumidor não é bobo, acompanhou o salto de qualidade que a Olympikus deu de 2018 pra cá. O Grafeno seria impensável naquela época. Os corredores só compravam o OLK em último caso, era um tênis barato e ruim, duro, que dava calos e esquentava o pé. Mudou tudo, a linha Corre agradou geral, o Corre 2 agrada gregos e troianos e de longe é o melhor custo benefício das prateleiras. Hoje, os corredores desfilam de Grafeno, de Corre Vento, de Corre. Antes tinham vergonha. O diretor de Marketing da Olympikus, Marcio Callage, está à frente dessa virada: "Este ano tem tudo pra ser histórico para a Olympikus. Vamos seguir com a nossa missão de dar acesso à tecnologia esportiva para o maior número de brasileiros. Acredito muito na marca assumindo um papel de liderança no movimento de corrida no país, convidando cada vez mais pessoas a iniciarem no esporte. Sempre ao lado da comunidade corredora que é o coração de toda a nossa estratégia, seja na construção das experiências, mas principalmente na evolução de cada um dos produtos."
E veio em seguida, com a fala do pessoal de produtos o pulo do gato. Fazem feedback constantes com os testadores e atletas, e estão de olho nas queixas dos consumidores. E dos quatro cantos do Brasil. Cada modelo tem no mínimo um ano de pesquisa e desenvolvimento. Mostraram os quatro novos modelos, que em breve serão lançados: Grafeno 2 (R$799), Vento 2 R$399), Corre 3 (R$499 ) e o primeiro de Trilha (R$599), foto acima.Aperfeiçoaram a placa de Grafeno para ela não perder a potência após o KM 20, fixaram melhor a lingueta e o cadarço, com passadores laterais. Melhoram a frente do Corre para não fazer ruga com o tempo. O Grafeno ganhou solado Michelin! Escorregar na chuva nunca mais, vamos ver na prática. Esse foi um pedido do Giovani do Santos. O de Trilha tem solado da Vibram, parece muito parrudo mesmo. Outro ponto, as três atualizações emagreceram e ganharam uma nova palmilha, agora furadinha, para evitar de molhar o pé de suor. Grafeno está 5g mais leve; Corre, 14g; e Vento também 5g. O Vento ganhou a gola interna igual do Grafeno. A venda de todos eles, menos o Grafeno, é na segunda quinzena de março. O Grafeno só em maio.
SEU TÊNIS PASSA POR 120 PESSOAS ATÉ SER EMBALADO
E fomos visitar a fábrica. Cada um ganhou óculos de proteção e protetores de ouvido. Começamos pelo almoxarifado, passamos pelas máquinas que fazem as gáspeas (tecido da parte de cima do calçado), aquelas tipo Knit - tear de fios tecnológicos. São máquinas imensas, todas fechadas. As gáspeas de tecido passam por diversos processos. Cada detalhe do seu tênis é feito por uma pessoa numa mesa diferente. Ou seja, o tênis de corrida, que está ai no seu pé, passa por 120 pessoas. Um faz o silk, outra costura um pedaço, outra coloca a gola interna. Há o departamento do cabedal e o da entressola/solado. Essas peças, quando prontas, são colocadas em esteiras, em embalagens de 24 peças, e se encontra em outro local da fábrica, para serem unidas.
O teto da fábrica é bem alto e com corredores bem separados, para o vento do Ceará ajudar na circulação de ar, o local é bem ventilado naturalmente.
Tem uma pessoa que coloca o cadarço, uma que coloca a tag, uma que coloca o tênis na caixa. A parte automática é a de montar as caixas de papelão, que montar essas caixas manualmente é um exercício repetitivo prejudicial a saúde dos operários. Há áreas enormes de costura, outras de selagem com cola, onde é extremamente quente, e uma coisa que fiquei admirada - para conseguir costurar e selar o bico do tênis com perfeição há uma máquina de choque térmico! E depois do tênis pronto, dois dos mais de 50 mil fabricados por dia, vão para o laboratório de qualidade para vários testes, para seremdestruídos, verificam se entressola e o cabedal foram bem fixados e quantos km eles duras. A Gilma é a chefe lá, ela checa cada detalhe das duas vítimas do dia.
Depois dessa visita à fábrica, comecei a olhar para os tênis de corrida com ainda mais admiração em respeito a esse processo manual insano, controlado por softwares,de dezenas e mais dezenas de etapas, para que cada par fique perfeito.
MARATONAS DE SP E DE POA
Após a visita, assim como na Fantástica Fábrica de Chocolate, do livro de Roald Dahl, voltamos ao auditório para mais surpresas. Fomos recebidos com água de coco gelada. Divulgaram que vão patrocinar a Maratona de São Paulo (2 de abril), que Casa do Corre no Parque Villa Lobos voltará, e permanecerá aberta por um mês, de 18 de março a 14 de abril. E vão patrocinar a Maratona de Porto Alegre (3 e 4 de junho) também - em ambas haverá um modelo de tênis edição especial.
BOTA PRA CORRER 2023
Divulgaram também as novas etapas do Circuito Bota Pra Correr, que sempre é realizado em um cartão-postal brasileiro: Costa do Conde (PB) no feriado de 7 de setembro, com as modalidades de 11k e 21k no asfalto, e 4k e 15 k em trilha; e Vale dos Vinhedos (RS) no feriadão de 20 de novembro - com as modalidades de 11k e 21k no asfalto, 18k na trilha e 5k, mista. Aqui um aparte, uma operação em 22 de fevereiro libertou 207 pessoas que estavam em um alojamento em Bento Gonçalves (RS) submetidas a "condições degradantes" e trabalho análogo à escravidão, que foram contratas por terceiros para trabalharem na colheita das uvas nessa região por importantes vinícolas, para Aurora, Garibaldi e Salton. Os trabalhadores foram recrutados na Bahia. Vários leitores nos perguntaram se a OLK manteria essa etapa nessa região. Questionamos a marca, a assessoria de imprensa disse que sim, a etapa esta mantida, e enviou essa nota por e-mail: "A Olympikus não tem nenhuma relação com as empresas citadas e não compactua com esse tipo de conduta. O Bota Pra Correr é um projeto proprietário e um movimento de descoberta do Brasil através da corrida. Um evento que proporciona experiências únicas e celebração ao esporte." As inscrições do Bota Para Correr vão começar em 18 de março no site da marca. E vão ter também nove treinões espalhados pelo Brasil com teste de produtos, mas serão divulgados em breve.
E no final de tudo, cada um dos convidados, foto acima, vai poder escolher um dos destinos do Bota Pra Correr, e além disso ganhou uma caixa de papelão branco que continha os quatro novos modelos de tênis para testar. Me senti o própria Charlie Bucket, o menino da Fantástica Fábrica de Chocolate. No aeroporto passei a caixona branca naquelas máquinas que reforçam a embalagem para que meu presente chegasse inteirinho e lindo em São Paulo, ja que tinha que despachar. Que o Brasil é um polo calçadista ninguém duvida, agora começa se tornar polo de calçados esportivos. Sorte de todos nós brasileiros.
Sílvia Herrera viajou a convite da Olympikus
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