Com o calor e a umidade nas alturas, 37.500 corredores de rua lotaram a Avenida Paulista para acabar o ano literalmente suados e felizes. O jejum de vitórias brasileiras continuou na Corrida Internacional de São Silvestre, mas mostrou uma elite brasileira potente. Núbia de Oliveira, 22 anos, tirou forças da alma para conquistar o terceiro lugar na reta final. E o mineiro Johnatas de Oliveira Cruz, 34 anos, seguiu a risca sua estratégia e cravou um quarto lugar entre os africanos. Tanto no feminino como no masculino deu Quênia, e de dois estreantes nessa prova, aliás eles não conheciam o percurso até a véspera. Agnes Keino (51min25s) e Wilson Too (44min21s) dominaram grande parte da prova e venceram com folga. Os quatro são atletas da ASICS, marca esportiva patrocinadora da São Silvestre, que levou uma torcida incrível para agitar na subida da Brigadeiro, no km 14.
No feminino, o pódio teve mais uma brasileira. Tatiane da Silva foi a quinta colocada. E quase deu também para Fábio de Jesus, que chegou em sexto. E a irmã mais nova da campeã queniana, Cynthia Chemweno, 28 anos, chegou em segundo com a marca de 52min11, quase um minuto atrás. E foi muito abraçada na chegada por Agnes, de 36 anos.
Entre os amadores, Silvia Herrera à convite da ASICS largou no último pelotão, o vermelho. E se a largada da elite foi às 8h05, a desse pelotão foi trinta minutos depois. Para a próxima edição, a organização bem que podia adotar horários diferentes para cada pelotão, e até dar cinco minutos entre eles. Até poderia criar mais um, do pace 10, para a galera que anda a prova toda. A quantidade de pessoas era tamanha que só foi possível correr um pouco após o primeiro posto de hidratação, que aliás quase já não tinha água, causando uma muvuca daquelas. Mas como é o último dia do ano, e a São Silvestre é a verdadeira festa do corredor amador, tudo vale a pena. Os outros postos de hidratação tinham mais água, mas quem salvou mesmo foi o "santo" vendedor de cocos.
Tradicionalmente a prova realmente começa na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, que este ano recebeu um surpresa A ASICS preparou uma super torcida a um km da chegada, pouco acima do point da cerveja dos corredores conhecido como km 41 - já que a prova é popularmente conhecida como Maratona de São Silvestre há essa brincadeira. Essa torcida realmente deu um gás a mais e foi divertido passar por lá.
Foram colocados dois tapetes de cronometragem no percurso, para desclassificar aqueles corredores - que "correm" de metrô e uber. Para evitar fraudes, o número de peito trazia também o nome, o sexo do corredor e a cor do seu pelotão. E os pipocas - eles também estavam por lá - foram convidados a se retirar a 50 metros da chegada, e havia seguranças parrudos nesse missão.
Na chegada, a nova organizadora - Vega Sports - deu uma escorregadinha. A entrega da medalha era bem longe do pórtico - três quarteirões de distância - e houve outra muvuca. Ninguém entendia direito onde tinha que ir. E o isotônico era ainda em outra fila. Podiam ter feito como na edição anterior, um staff numeroso colocando a medalha no pescoço dos corredores e riscando o número de peito, tudo realizado de forma tranquila, com farta oferta de água gelada e isotônico nas laterais, e sem ter que andar muito. Com certeza a próxima edição será ainda melhor.
A Corrida Internacional de São Silvestre é uma realização e propriedade da Fundação Cásper Líbero com Patrocínio Máster ASICS e CAIXA Governo Federal. Patrocínio Powerade e Stanley. Apoio Newon e Comgás, Innside e Montevérgine. Hidratação by Sabesp. Promovida pelo site Gazeta Esportiva e com organização técnica da Vega Sports, a Prova tem apoio especial da Prefeitura de São Paulo, Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, Secretaria de Turismo da Cidade e Governo do Estado de São Paulo. A transmissão ao vivo é das TVs Gazeta e Globo. É homologada pela World Athletics (federação internacional de atletismo), que em 2022, declarou a São Silvestre como Patrimônio Mundial do esporte.
Bora se preparar para a 100ª edição, que já estou sentindo cheiro de vitória brasileira.
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