Eram 20.024 vagas disponibilizadas pelo Comitê Olímpico para amadores de 127 países correrem a Marathon Pour Tous Paris (Maratona Para Todos), no mesmo percurso da maratona olímpica de Paris, mas na noite do sábado, 10 de agosto, durante a Olimpíada. A corrida inédita largou às 21h. As vagas foram preenchidas em desafios, desde o lançamento da prova no ano passado. Eliud Kipchoge participou do primeiro, lá mesmo em Paris, largando depois em uma corrida e quem ele ultrapassasse estava fora do páreo. Rolaram desafios em apps, ativações de marca, concursos em empresas globais. Por exemplo, a Visa fez uma seleção interna no Brasil para levar um colaborador, com todas as despesas pagas. Léo Enrique, diretor Sênior de Open Finance, fez a melhor redação e venceu.
"EU NUNCA TINHA CORRIDO
NEM UMA MEIA MARATONA"
Léo conta que participou de uma seleção interna da empresa, na qual os colaboradores tinham que escrever uma redação explicando porque deveria ser a pessoa escolhida para correr a Maratona para Todos. Mesmo sem nunca ter corrido uma maratona, e ter praticado corrida há 20 anos, resolveu arriscar. Pai de dois filhos e passando por um divórcio, escreveu na redação que sempre praticou esportes e que essa oportunidade para correr uma maratona seria uma forma de superar esse momento difícil; e que há 20 anos teve o sonho de correr uma maratona. Deu certo. E os filhos o apoiaram muito durante o processo da preparação. Ele foi selecionado em novembro do ano passado, e para treinar procurou uma assessoria esportiva, a MPR. "Eu nunca tinha corrido nem uma meia maratona", conta.
O treinador ficou bem feliz por ele, pela possibilidade de correr esta maratona olímpica, mas avisou que seria uma prova muito dura. Além da estreia nos 42km, seria a primeira vez de Léo em Paris. "A cidade estava respirando os Jogos Olímpicos. E foi de fato muito legal essa experiência. Tive a chance de ir a alguns jogos e foi incrível correr essa maratona. As ruas estavam absolutamente lotadas durante a nossa maratona. Apesar de ser super tarde, começou 9 horas da noite, eu larguei 9h50 e mesmo assim tinha muita gente na rua em todo trajeto, menos numa estrada bem íngreme que não tinha como ter pessoas ao lado. A parte mais emblemática foi a quantidade de pessoas incentivando durante todo o trajeto. E o fato de ter conseguido concluir a maratona sem intercorrências foi incrível, não tem nem como explicar a sensação. Eu não sou uma pessoa muito de chorar, mas quando eu terminei a maratona chorei igual criança", acrescenta. Os filhos dele escreveram mensagens em seu tênis, veja abaixo.
Durante os treinos, Léo acabou se lesionando, no meio do ciclo, e na antevéspera da maratona ficou nervoso, preocupado por conta dessa lesão, mas no fim deu tudo certo. E a comemoração foi em família: "Eu liguei para os meus filhos. Eles não estavam em Paris. Depois que eu passei a linha de chegada, consegui falar com eles, e desabei a chorar ali." Como era já bem tarde, após a linha de chegada, Léo foi direto para o hotel. Tomou um banho, comeu um hambúrguer e descansou o máximo que pode.
No trajeto da maratona, alguns momentos foram singulares, como ver a pira olímpica no balão, muito linda mesmo, a Torre Eiffel na ida e na volta, quando passaram quase por baixo dela, bem perto dos aros olímpicos. A Visa hospedou seu time perto da largada. "Quero agradecer obviamente essa oportunidade, que a Visa proporcionou, muita gente queria ter ido, mas pouquíssima pessoas conseguiram né? Então me sinto um privilegiado e honrado em representar a Visa. Do Brasil, eu fui o único, e foi transformador ter corrido essa maratona, correr 42km é um negócio que muda um pouco a sua percepção. Acreditar no poder dos pequenos passos em busca de um objetivo. Ter resiliência, entender que alguns dias vão ser muito bons, outros vão ser bem ruins e que isso faz parte de qualquer ciclo, seja um ciclo da maratona, seja um ciclo profissional, seja um ciclo pessoal."
A prova foi uma iniciativa inédita do Comitê Organizador de Paris 2024, visando tornar os Jogos Olímpicos mais inclusivos ao permitir a participação de corredores amadores de todo o mundo em uma outra prova para amadores. Para muitos brasileiros, participar deste evento na capital francesa representou uma grande conquista, permitindo-lhes vivenciar um evento tão único e grandioso. No total cerca de 200 brasileiros conseguiram ser chamados para a maratona, e mais 80 para os 10km, que também foi realizado com mais 20.024 pessoas. A diretora de Marketing da ASICS América Latina, Constanza Novillo, foi uma das felizardas no 10km. "Participar da Maratona Para Todos foi uma experiência única e emocionante. Estavam comigo atletas amadores levados pela ASICS; alguns fizeram a maratona, enquanto eu e parte da equipe corremos os 10 km. A energia dos Jogos combinada com a torcida nas ruas foi contagiante. Ao longo de todo o percurso você via famílias e crianças torcendo, gritando os nomes dos corredores 'Allez'. Fora isso, olhar um monumento histórico a todo momento é fascinante. Voltei para o Brasil transbordando de emoção".