Filha de uma das ótimas costureiras de Jaraguá do Sul, polo de malha em Santa Catarina, Joice Sens se formou estilista, e junto com o marido abriram há 22 anos a marca de vestuário esportivo LIVE!. Desde o primeiro produto - legging, a marca foi conquistando o mercado por oferecer produtos que caem bem nos diversos corpos das brasileiras. Fecharam 2023 com um faturamento de R$ 500 milhões, e para este ano a meta é R$ 700 milhões, e estão no caminho certo. No primeiro trimestre, no comparativo com 2023, já cresceram 47%. Joice concedeu entrevista para o Blog Corrida Para Todos no press trip para a Surfland, em Garopaba, parque de ondas aberto em novembro, onde lançaram a nova coleção Alive'25 com a surfista Maya Gabeira e o canoísta Pepe Gonçalves, que representou o Brasil na Paris 2024.
Devem fechar 2024 com 320 lojas em todo Brasil, mais as quatro que já abriram nos EUA (Miami, San Diego e Los Angeles). Mais de 93% das peças são fabricação própria. Contam com uma planta de 80 mil metros quadrados em Jaraguá do Sul, onde boa parte da energia consumida é solar. Além disso, utilizam o FIT GREEN, primeiro fio 100% reciclado do Brasil. Há dois anos entraram no mundo das corridas de rua com o circuito proprietário, que se tornou nacional, com 34 etapas este ano. Confira abaixo a entrevista.
Por que decidiram investir em um circuito proprietário de corrida de rua LIVE! Run?
Joice Sens - Sempre estivemos presente no esporte, por pessoas que buscavam nossas peças desde para fazer Pilates até quem quer performance.A gente foi reconhecido como uma marca de moda fitness, mas quando decidimos entrar para o circuito de corrida, montar um circuito proprietário, demos aquele "check" no esporte, sabe? E assim, várias pessoas que não nos reconheciam como uma marca de performance, começaram a nos ver diferente. Foi muito importante e super estratégico, porque a gente queria estar mais próximo do consumidor final. Este é o terceiro ano do circuito, que já está bem consolidado. E a gente está tentando, já para o ano que vem, aumentar para novas praças. Com o circuito, entendemos a força da nossa marca. Fui na primeira corrida, foi aquela emoção. Fiquei pensando: será que os corredores já conhecem a LIVE!? Será que vai vir todo mundo que se inscreveu? Como é que vai ser? Aquela ansiedade. E quando a gente chegou na arena, eu vi aquela galera toda chegando, vi o potencial que é realmente estar junto ali com a galera, escutando, ouvindo as necessidades deles. É um aprendizado e tanto para a marca. Daí a gente entendeu o quanto precisamos de movimentos proprietários mesmo, juntar a galera para falar sobre aquela modalidade, e trazer novas experiências. Tudo que a pudermos fazer para alcançar mais pessoas, impactar mais com a nossa marca e inspirar mais ainda, vamos fazer.
Você pratica algum esporte, como é que surgiu uma ideia de criar a LIVE!?
Joice Sens - O Gabriel sempre foi muito ativo, joga futebol desde criança, e eu sempre fui muito de caminhar na rua, fazer trilha, não consigo ficar parada nem para tomar sol na praia. A marca foi uma ideia do meu marido Gabriel, na época a gente namorava, uma marca que tivesse a ver com esporte. Eu sou fundadora junto com ele. Há 22 anos a gente começou a empreender. Ele queria fazer algo diferente, trazer algo diferente para o Brasil. Ele tinha morado um ano nos Estados Unidos e estava super animado. Estava empolgado, com aquele sonho grande de querer fazer algo. E ele via a minha paixão por moda, por desenvolver produtos. A minha mãe é costureira, eu estava no ramo têxtil, já estava fazendo esse caminho. Ele começou a observar as academias abrindo, cada vez mais pessoas usando roupas fitness, uma mudança de comportamento, principalmente nas mulheres. Nessa época o Gabriel morava em São Paulo. E veio para Jaraguá com uma proposta: vamos abrir um negócio, vamos abrir mossa marca de moda fitness. E começamos a desenvolver os produtos, e começamos tudo do zero. Estudamos muito antes de abrir a marca. O número de academias, o potencial, e vimos que o futuro era promissor, que havia bastante espaço para crescer.
E o nome, Live!?
Joice Sens - A ideia era ser global, que pudesse ter vários nichos, por isso que a gente chegou em Live!, e foi uma alegria muito grande, porque a gente sentia que estava bem nascida. Começamos com atacado, depois o varejo. Nós dois somos de Jaraguá do Sul. Ele foi fazer Direito em Blumenau, e começo a fazer junto Administração de Empresas, e finalizou as graduações na FAAP, em São Paulo. Abrimos em 2002 no Brasil e em 2014 nos EUA.
Você aprendeu a costurar com sua mãe?
Joice Sens - Sim. Minha mãe é costureira de alfaiataria, então a cliente chegava lá e falava: "Meu Deus! Nada fica bom em mim!". E a minha mãe ia modelando, fazendo do jeito dela, e a pessoa saia de lá belíssima, feliz, realizada e satisfeitíssima. Eu tinha aquele orgulho de pegar a peça do avesso e ver tudo bem acabado, aquele capricho. Então isso veio muito dela, da minha mãe. Para mim sempre foi muito inspirador.
A primeira peça da LIVE! foi uma legging?
Joice Sens - Jaraguá é conhecida como terra da malha. Todo mundo produz muito algodão. A ideia não era costurar moletom ou uma camisetinha, nosso esquema era outro. Fomos atrás do elastano e fizemos parceria com a Constância, fomos aprender como costurar, como moldar a peça. Verificamos que as marcas só faziam tamanho único das leggings, pensei vamos fazer do PP ou GG, vamos atender todo mundo. Mas vimos que não era bem assim, que era complexo, os lojistas só compravam tamanho único. E fomos dando dois passinhos para trás para ter força para fazer o que realmente queríamos. E fomos inovando nas cores também. Começamos a fazer diferente. Hoje tenho o poder de comprar uma matéria-prima mais responsável, comprar fios reciclados. Eu tenho o domínio da cadeia inteira e isso traz muita liberdade. E hoje temos um canal de distribuição grande de vendas. Poxa, a gente vai fechar o ano com 320 lojas! A gente tem volume e estamos muito mais livres para poder criar. Fora nossas lojas estamos em mais 2 mil pontos multimarcas. E o que é muito claro para todo mundo que trabalha na Live! é que a marca inspira as pessoas a terem uma vida mais ativa, mais saudável e feliz, praticando a atividade física que gosta.
SURFLAND - O objetivo da LIVE! era fazer um lançamento inesquecível, oferecer uma experiência diferente a influenciadoras, surfistas e jornalistas para surfar nessa piscina de ondas, em um bate e volta. O tempo virou, e mesmo com frio e chuva, conseguiram. O espaço é realmente impactante, e a galera amou poder surfar junto com Maya Gabeira e o Pepe. O local é vizinho a praias conhecidas internacionalmente exatamente por suas ondas boas para a prática do surf, como a Praia do Rosa, Ferrugem e Silveira. Mas lá no parque é possível aprender a surfar, ou treinar, com total segurança. A Maya nunca esteve em uma piscina de ondas antes, não sabia da existência desses parques no Brasil. Ela mora em Portugal, e tem papel ativo na promoção da defesa da UNESCO em questões relativas à sustentabilidade oceânica.
Após o evento, permaneci mais dois dias em Garopaba por minha conta. E fui correr ao redor do parque, conversar com os moradores. A Surfland foi erguida nos limites da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, e está com a obra das casas do condomínio e do hotel anexo embargada pela Justiça Federal, por conta da falta do estudo de impacto ambiental, como noticiou o Zero Hora. No Reclame Aqui a reputação da empresa é ruim.
A área atrás da Surfland foi impactada, perdeu a vegetação original, se transformou em um verdadeiro canteiro de obras (fotos abaixo). A obra do condômino está parada. O bairro se chama Limpa. A comunidade se uniu no movimento Garopaba Viva, e luta para que este parque de ondas seja fechado. Os moradores alegam que os tucanos sumiram de lá, que deu problema na rede de energia elétrica e a água dos poços artesianos ficou salgada. A Surfland conta com o mesmo equipamento da Praia da Grama, em Itupeva (SP), da empresa espanhola Wavegarden. E outras piscinas dessas estão sendo construídas, inclusive na capital paulista, o Beyond The Club - às margens da Marginal Pinheiros, um clube fechado para três mil sócios. Os donos da Surfland no Brasil, segundo o site Waves, são os empresários Jefferson Gralha, André Giesta, Douglas Beltrão e Paulo Mentone.
Silvia Herrera, viajou para Garopaba a convite da Live!
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