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Todos os dias um convidado especial escreve sobre o Mundial do Catar

André Rizek: Mbappé e Messi reinam na Copa, mas não vão destronar Pelé no Catar

Mundial nos ensina a nunca duvidar do talento, esbanjado pelos craques das seleções francesa e argentina

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Foto do author André Rizek

Quando Messi disputou sua primeira Copa, em 2006, Mbappé tinha apenas sete anos de idade. Hoje, duelam no Catar, até agora, como os donos do futebol mais espetacular da competição.

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O francês da moda naquele ano era outro. Zidane foi para aquela Copa anunciando que seria a última competição de sua vida. Tinha 34 anos – um a menos que os 35 de Messi atualmente. Jogou como semi aposentado. Foi muito mal nos primeiros jogos e recebeu críticas pesadas. “Como a França pode depender de um atleta em fim de carreira?”, escreviam por lá. Zidane reagiu com um recital de futebol a partir das oitavas de final.

Por que lembro do Zidane hoje? Porque Copa do Mundo nos ensina a jamais apostar contra o talento. O tempo, inventivo, tambor de todos os ritmos, passa diferente nessa competição para os gênios. É capaz de fazer veteranos jogarem como garotos. E os garotos jogarem com a tranquilidade dos veteranos.

Mbappé e Messi lideram suas seleções no Mundial do Catar. Foto: Gabriel Bouys/ AFP

Mbappé, aos 19 anos, foi o craque da Copa passada – ainda que a Fifa tenha cometido a atrocidade habitual de entregar o prêmio a outro jogador. Desde Pelé em 1958, aos 17 anos, ninguém tão jovem marcava dois gols em uma final. Fez quatro gols na Rússia e, agora, aos 23 anos, artilheiro no Catar, já soma nove gols em Mundiais!

Escrevi na coluna anterior que Mbappe é o melhor jogador de seleção do mundo. O que ele faz no Catar, jogando na equipe campeã, não é novidade. O que Messi faz que é!

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Vocês esperavam que o argentino fosse fazer, aos 35 anos, o melhor Mundial de sua vida? A temporada passada, pelo PSG, foi a mais fraca de toda a carreira dele! “Ah, mas agora a seleção argentina joga em função de seu camisa 10″, dirão alguns. Bobagem. Sempre jogou.

Depois de 2006, quando foi reserva, Messi já chegou Melhor do Mundo à Copa de 2010. Não marcou nenhum mísero gol. Em 2014, foi eleito o melhor da competição (outra heresia de Dona Fifa). Brilhou na fase de grupos. Foi se apagando nos jogos eliminatórios e falhou feio na final. Em 2018, sucumbiu junto com a bagunça da equipe de Jorge Sampaoli. Sábado, contra a Austrália, marcou o primeiro gol em jogos eliminatórios de Copa!

Messi reinou neste século, eleito seis vezes o melhor do planeta, por aquilo que fez no Barcelona, não por seu rendimento com a camisa da Argentina. Podemos buscar mil explicações para isso. Para mim, sempre esteve na expressão de pavor em seu rosto, quando vestia a 10 da seleção. Imagine a pressão pela qual ele sempre passou. É como nascer em Liverpool, tornar-se um grande músico, mas desde adolescente ser obrigado, na Inglaterra inteira, a repetir o sucesso dos Beatles. Nada abaixo disso! Seguramente, já nasceram músicos mais talentosos que Paul, John, Ringo e George – como possivelmente Messi seja em relação a Maradona. Mas nem todos vão compor Let It Be.

Os argentinos finalmente parecem felizes com o que têm – em vez de sempre buscar o que um dia já tiveram. É a grande arma deles.

Sobre o craque da Copa de 2022, só temos uma certeza. Ele não vai superar Pelé. Não haverá alguém, com 17 anos, a marcar um gol antológico nas quartas de final, outros três na semi, dois na final – um deles, de placa, o mais bonito da história do Brasil em Copas. Vida longa ao Rei!

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Essa coluna foi enviada na íntegra primeiramente aos leitores inscritos na newsletter “Craques da Copa”. Cadastre-se gratuitamente aqui e receba em primeira mão. “Craques da Copa” são enviados diariamente, às 19 horas. Nesta segunda-feira, quem escreve para a coluna é o youtuber Fred, do Desimpedidos.