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Todos os dias um convidado especial escreve sobre o Mundial do Catar

Arnaldo Ribeiro: Copa dos craques ou dos técnicos?

Técnico estrangeiro já! Ancelotti para ontem e não adianta espernear. Depende agora da CBF.

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Com uma final entre a Argentina de Messi e a França de Mbappé, a Copa de 2022 no Catar provavelmente ficará para a história como o Mundial dos craques. Que outro campeonato conseguiu reunir na decisão os dois melhores jogadores do planeta? Com o seguinte requinte: os dois camisas 10 jogam na mesma equipe (o PSG); um está se despedindo de sua seleção, enquanto o outro está aparentemente no início da trajetória - uma espécie de passagem de bastão ideal entre um e outro, só imaginada pelos deuses.

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Algumas decisões memoráveis também reuniram os grandes craques do momento. Como em 1994, entre o brasileiro Romário e o italiano Baggio; ou 20 anos antes, entre o alemão Beckenbauer e o holandês Cruyff. Mas nada se compara a um Messi x Mbappé.

Porém… Por trás dos craques, existem os comandantes. E, convenhamos, a Copa do Catar também é a Copa dos treinadores. O argentino Scaloni tirou o melhor de Messi e, depois do desastre da estreia, escalou uma Argentina para cada adversário. Mudando sistema, surpreendendo os inimigos, aproveitando praticamente todas as possibilidades do elenco.

Lionel Scaloni leva a Argentina de volta à final de um Mundial após oito anos. Foto: Natacha Pisarenko/ AP

O francês Deschamps chegou ao Catar como campeão do mundo e sem oito jogadores fundamentais, todos fora por lesão. Entre eles, Karim Benzema - simplesmente o melhor do mundo na última temporada. Pois o treinador reinventou o time e “descobriu” novos incríveis titulares. Teve ainda o holandês Van Gaal e o técnico da seleção marroquina, Walid Regragui, dentre outros.

O sucesso e a marca firme dos treinadores no Catar contrastam com o fracasso da “era Tite” e do ciclo de seis anos de trabalho. Mais uma vez nas quartas de final, no momento decisivo, o Brasil foi um time limitado. O desequilíbrio da convocação ficou exposto pelas lesões na defesa; a estratégia para o jogo contra o meio-campo croata se mostrou equivocada. As substituições não funcionaram. Teve até o pênalti não batido por Neymar… Tite foi mal novamente numa Copa. Foi mal no antes e mal no durante, nas reações ao que o jogo proporcionava e ao não saber aproveitar bem as cinco trocas.

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O Brasil se despediu com a convicção de que o problema mais uma vez não era a falta de bons jogadores. O fracasso de Tite - considerado de forma quase unânime o melhor técnico brasileiro - é um tapa na cara de toda a categoria.

O outro tapa vem sendo dado há tempos… A próxima temporada vai começar no Brasil com 10 dos 20 treinadores da Série A não nascidos no País. A invasão estrangeira, mais portuguesa até, persiste. O melhor treinador no Brasil hoje é gringo: Abel Ferreira, do Palmeiras. O nome dele se junta ao de Jorge Jesus, Jorge Sampaoli, Juan Pablo Vojvoda… Entre os brasileiros, só um se destacou nos últimos três anos: Cuca, no Atlético-MG.

A discussão sobre a escolha de um treinador estrangeiro para dirigir pela primeira vez a seleção masculina de futebol (um tabu!) volta com tudo à tona e estremece a classe dos técnicos por aqui. Está mais do que óbvio: chegou a hora. E não adianta espernear. Depende agora da CBF. Técnico estrangeiro já! Ancelotti para ontem!

Essa coluna foi enviada na íntegra primeiramente aos leitores inscritos na newsletter “Craques da Copa”. Cadastre-se gratuitamente aqui e receba em primeira mão. “Craques da Copa” são enviados diariamente, às 19 horas. Neste domingo, quem escreve para a coluna é o jornalista André Rizek.