Depois de uma longa pesquisa investigativa, achei o culpado da eliminação do Brasil. Peço perdão à família dele inclusive, pois numa derrota tão dura como essa, chega a ser cruel apontar um único culpado, mas preciso fazer o meu trabalho e acalmar o coração dos brasileiros colocando toda a culpa nas costas dele: Fred. O volante? Não. Eu mesmo!
Afinal, eu que voltei para o Brasil no meio da Copa para ver meu filho e levei toda a sorte da nossa seleção (como brincaram nas redes sociais) comigo. Até voltei nas quartas de final, mas era tarde. Além disso, fui eu que deixei o Maurício Meirelles vir para o Catar com seu pé gelado. Avisei tardiamente a Fernanda Gentil que pegar voo enquanto o jogo rola dá um azar danado, e agora ela chegou aqui e o Brasil está eliminado.
Além disso, fui eu que gritei na arquibancada “bora matar o jogo” no contra-ataque do Pedro, Fred e mais cinco coleguinhas que estavam no campo de ataque.
Fui eu que não marquei amistosos com seleções europeias, o que faria toda diferença, como podemos ver no desempenho da seleção de Marrocos. Mas, pera aí! Deixa eu pesquisar quantos amistosos eles fizeram antes com seleções europeias... Eita, só um! E contra a poderosa Geórgia. Com certeza fez total diferença para eliminar Bélgica, Espanha e Portugal…
Minha opinião: não tem culpado e não precisa ter um culpado.
O Brasil perdeu por uma circunstância de jogo (doída, é verdade), assim como já ganhou muitos jogos assim em Mundiais. Não gosto dessa cultura de sempre depositar na conta de alguém todo o débito de uma eliminação. Da mesma forma que também damos todo o crédito a um jogador só quando vencemos, igual “58 foi Pelé, 62 foi o Mané…”
A culpa não é minha e não é de ninguém específico. Esse é o brilho do jogo. A Copa do Mundo é um torneio cada vez mais disputado, o mundo todo quer estar ali e quer vencer nesses 30 dias. Achar que o Brasil vai ganhar sempre é ignorar o resto do planeta num olhar totalmente egocêntrico.
Torço sempre para que a nossa seleção dê o seu melhor, assim como deu e queria o título tanto quanto nós.
Valeu, Estadão! Que em 2026 estejamos juntos novamente e que nenhum gato sagrado seja espantado novamente, isso dá um azar danado também.
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