EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Todos os dias um convidado especial escreve sobre o Mundial do Catar

Mauro Beting: Brasil pode quase tudo em Copas e segue favorito ao hexa

Mesmo após a derrota para Camarões, seleção continua na lista de mais cotadas ao título no Catar

PUBLICIDADE

Foto do author Mauro  Beting

Apenas o Brasil de 1970, entre os escretes pentas, repetiu a escalação do 4 a 1 da estreia para o 4 a 1 da final. Pelé diz ter sido o melhor futebol dos três canecos que ergueu. Foi a seleção campeã de cor e de cabeça de todos os Mundiais. Não só por Zagallo acomodar (com algum incômodo) tantos talentos como Pelé e Tostão (que para o técnico eram “incompatíveis taticamente”). O Brasil ainda tinha Jairzinho de volta à ponta, e Rivellino fechando pela esquerda numa função onde brilhou quem nunca havia atuado ali (e ele dizia que não aprenderia a jogar assim em um mês…). Zagallo ainda improvisou o volante Piazza na zaga, e, uma semana antes da estreia, fixou Everaldo na lateral, também para liberar do outro lado Carlos Alberto Torres.

PUBLICIDADE

O Brasil foi tudo isso por 19 dias, em 1970. Não mais. Nem antes. Não era nada disso quando deixou o País sob vaias, no último amistoso, no Rio, faltando um mês para a Copa. Quando Zagallo disse que aquela que viria a ser a seleção de todos os tempos, não era a “equipe dele, mas a do povo”.

E ainda é. De todos os povos. Também por ter treinado 122 dias direto. Quase uma seleção permanente. Perene quanto o encantamento há 52 anos.

Tite busca levar a seleção brasileira ao hexacampeonato mundial no Catar. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Tite, desde antes da Copa de 2018, estuda a respeito por quanto tempo deve ter “paciência” para mexer na equipe ou em algum nome em torneio tão curto e intenso. Sabe que esperou demais na Rússia. Mas quem de fato sabe alguma coisa?

Em 1958, Pelé não estava 100% fisicamente até explodir contra a URSS. Junto com Garrincha, afastado pelo treinador Vicente Feola por irresponsabilidade tática, digamos. Zito, Vavá e Djalma Santos também chegaram à final saindo das arquibancadas (a substituição de um atleta em Copas só começaria em 1970). Em 1962, no segundo jogo, perdemos Pelé. E ganhamos Amarildo. E ainda muito mais de Mané.

Publicidade

Em 1994, Ricardo Rocha se lesionou. Leonardo foi suspenso. Raí perdeu a titularidade. Em 2002, Kleberson ganhou o lugar no meio nas quartas.

O Brasil foi 100% há 20 anos mudando as peças e turbinas e até o combustível em voo. Agora, depois do inesperado pitstop do back-up canarinho contra Camarões, há ainda mais inusitada Coreia do Sul de Son. Aquela que, no meio do ano, levou de cinco em amistoso que então se achava desnecessário. Como parecia ser contra o Japão. Nesta Copa, onde a camisa é menos respeitada no Catar que as braçadeiras dos capitães visitantes, ainda tem muita bola para murchar.

Não seria absurdo um rebaixamento no bolão - meu caso. Acúmulo de premiação - em todos os outros. Não existem mais babas nem bobos no futebol - a não ser nós que somos remunerados para isso.

Mas algumas situações não mudam. Mesmo mexendo na escalação. O Brasil segue favorito. Não perde para ele mesmo. Pode mesmo ser vencido. Mais por ser futebol, que tudo pode. Como o Brasil pode tudo em Copas.

Essa coluna foi enviada na íntegra primeiramente aos leitores inscritos na newsletter “Craques da Copa”. Cadastre-se gratuitamente aqui e receba em primeira mão. “Craques da Copa” são enviados diariamente, às 19 horas. Neste domingo, quem escreve para a coluna é o jornalista André Rizek.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.