Esporte russo vive dilema de disputar os Jogos Olímpicos de Paris ou apoiar guerra contra a Ucrânia

Comitê Olímpico Internacional admite o retorno dos atletas da Rússia com algumas condições

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Por EFE

A decisão do Comitê Olímpico Internacional de readmitir os atletas da Rússia em competições internacionais, caso não tenha sido manifestado apoio “de forma ativa à guerra na Ucrânia”, colocou o esporte do país em um dilema. O COI defende uma liberação rumo aos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

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“Se algum russo se manifesta contra a operação especial (nome dado pelo presidente Vladimir Putin à invasão do país vizinho), contra defender sua terra natal, serão traidores. Se o fizerem, que deixem depois da Rússia, sua pátria”, afirmou Alexander Tikhonov, dono de quatro medalhas de ouro na disputa do biatlo, nos Jogos Olímpicos de Inverno.

O COI não exigiu que atletas da Rússia e de Belarus se manifestem contra a guerra, mas colocou como condição para participarem de competições, que não tenham se mostrado favoráveis à ação.

O governo da Rússia celebrou a decisão do COI, que foi divulgada na semana passada, permitindo que atletas do país voltem a competir sob bandeira neutra. “É muito importante que nossos rapazes possam participar dos torneios internacionais e da Olimpíada”, disse o assessor da presidência do país, Igor Levitin.

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Russos vivem dilema por participação nos Jogos de Paris Foto: Reuters

Para o representante do Kremlin, a readmissão é um “êxito”. “A comunidade olímpica entende que, sem a Rússia, não é possível realizar os Jogos Olímpicos”, disse Levitin.

Para Irina Rodnina, tricampeã olímpica na patinação sobre o gelo e deputada da base governista, a decisão merece críticas. “É uma provocação que não vamos aceitar. Compreendo, é doloroso. Os atletas sofrem, pois a vida de um atleta é curta, mas agora não é o momento em que podemos fazer concessões, pois isso causará uma divisão na sociedade e entre os atletas”, disse.

Na mesma linha, se manifestou Svetlana Zhurova, também deputada governista e medalhista de ouro na prova de patinação de velocidade, que não aceita os critérios que permitirão os russos a disputarem competições qualificatórias para os Jogos de Paris, no ano que vem. “O que querem? Que algum dos rapazes que treinam na Rússia virem as costas para a operação militar especial e não a apoiam? É algo que não posso imaginar”, garantiu.

POSSÍVEIS BANIDOS

Inicialmente, segundo a imprensa russa, não deverão ser admitidos os atletas que participaram de comício em março de 2022, liderado por Putin, no estádio Luzhniki, em Moscou. Esse é o caso do nadador Yevgueni Rilov, que conquistou três medalhas nos Jogos de Tóquio, duas delas de ouro, nos 100 e 200 metros costas. O atleta, que utilizou uma letra Z, símbolo da invasão russa, foi suspenso do esporte, em abril do ano passado, por nove meses.

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No comício, subiu à tribuna para mostrar apoio a Putin o ginasta Ivan Kuliak, que está suspenso até maio próximo, por usar o Z no peito, durante uma cerimônia de entrega de medalhas em competição vencida pelo ucraniano A imprensa russa também levanta dúvidas sobre o que acontecerá com os atletas que defendem o CSKA Moscou, clube ligado ao exército, que são automaticamente convertidos em militares com patente, embora não entrem em combate.

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