48 países e 179 cidades: explorando a geografia da carreira de Lionel Messi

Argentino rodou o mundo e fez gols por onde passou; veja mapa de onde ele balançou as redes

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Por Conor O’Neill, do The New York Times
Atualização:

A viagem do Inter Miami para enfrentar o Cavalier FC, em Kingston, pela Champions League da Concacaf, na semana passada, levou Lionel Messi a um território desconhecido: ele nunca tinha jogado na Jamaica.

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Ao longo de 1.086 partidas pela seleção argentina e por clubes em 48 países e 179 cidades, Messi havia marcado 852 gols. No entanto, esse jogo foi o primeiro carimbo caribenho em seu passaporte de jogador de futebol.

Para um jogador que sofreu com a saudade de casa depois de trocar Rosário, na Argentina, por Barcelona, aos 13 anos de idade, Messi desde então viveu alegrias em uma carreira que o levou a seis continentes. Antes da partida do Miami contra o Cavalier, Messi tinha jogado 873 partidas na Europa, 114 na América do Sul, 63 na América do Norte, 29 na Ásia, cinco na África e duas na Oceania.

Lionel Messi não estará em campo no duelo Argentina x Brasil desta terça-feira. Foto: Colin Hubbard/AP

Completar os continentes com uma partida na Antártica seria logisticamente desafiador – embora a viagem do mês passado a Kansas City, disputada em um clima de 8 graus negativos, tenha sido um bom substituto para a quase desabitada massa de terra coberta de gelo.

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De Melbourne a Montreal, Messi deslumbrou multidões no mundo inteiro, mas suas viagens internacionais tiveram um início complicado. Seu primeiro jogo como profissional fora da Espanha terminou com uma derrota por 2 a 0 para o Shakhtar Donetsk, na Ucrânia, em dezembro de 2004.

Oito meses depois, ele se aventurou mais uma vez fora de Barcelona para sua estreia pela seleção argentina, em um amistoso internacional contra a Hungria, em Budapeste, mas foi expulso aos dois minutos por uma aparente cotovelada, decisão que deixou o jovem de 18 anos às lágrimas. Inevitavelmente, as coisas acabaram melhorando.

A carreira de Messi pelo mundo decolou de verdade em 2006. Ele marcou seu primeiro gol fora da Espanha em um amistoso internacional contra a Croácia na Basileia, Suíça. Naquele verão, Messi abriu sua conta na Copa do Mundo em Gelsenkirchen, Alemanha, e apenas alguns meses depois marcou seu primeiro gol fora por clube europeu em um jogo da Champions League, na Alemanha, contra o Werder Bremen – empate em 1 a 1 que foi apenas o começo de seu domínio no maior palco do continente.

Não é de surpreender que a Europa tenha sido o cenário de grande parte do sucesso de Messi, com 778 partidas pelo Barcelona e 75 pelo Paris Saint-Germain. Durante sua passagem pelos dois clubes, ele marcou 704 gols em 21 países e acumulou 591 vitórias, domínio que lhe rendeu 12 títulos nacionais.

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Mas a glória máxima da carreira de Messi em clubes europeus está em seus quatro títulos da Champions League. Esses triunfos foram conquistados em países onde sua taxa de vitórias é relativamente modesta – para seus padrões.

Com exceção do primeiro título, conquistado durante sua ausência por lesão, em Paris, contra o Arsenal, em 2006, cada uma de suas vitórias na Champions League aconteceu em um país onde ele venceu menos da metade de suas partidas.

Vejamos o caso da Itália, onde Messi venceu apenas 5 de 15 partidas – apenas três contra times italianos. As outras duas vitórias estão em extremos opostos da escala de importância: a primeira, uma verdadeira aula na final da Champions League de 2009, na qual sua cabeçada selou a vitória do Barcelona por 2 a 0 sobre o Manchester United em Roma; a segunda, uma vitória muito mais esquecível por 2 a 0 em um amistoso internacional contra Angola, em Salerno.

A Inglaterra também guarda lembranças agridoces para Messi. Ele conquistou outro título da Champions League em 2011, marcando na vitória do Barcelona por 3 a 1 sobre o Manchester United em Wembley – um dos nove gols que marcou em solo inglês.

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Mas uma noite em Liverpool no ano de 2019 talvez tenha marcado o ponto mais baixo de sua carreira em clubes. Depois de vencer o jogo de ida por 3 a 0, o Barcelona entrou em colapso no jogo de volta, sofrendo uma derrota por 4 a 0 em Anfield, partida que continua sendo uma das reviravoltas mais impressionantes da história da Champions League.

O último triunfo de Messi na Champions League foi em Berlim, onde o Barcelona derrotou a Juventus por 3 a 1 na final de 2015. Ao longo da carreira, ele jogou em nove cidades alemãs – Gelsenkirchen, Frankfurt, Leipzig, Munique, Bremen, Stuttgart, Leverkusen, Berlim e Dortmund. Apesar de suas muitas viagens pela Alemanha, ele nunca venceu uma partida fora de casa contra o Bayern de Munique. O Bayern também lhe deu a maior derrota da carreira, um humilhante 8 a 2 em Lisboa, quando a Champions League de 2019-20 foi transferida por causa da pandemia de covid-19.

Apesar do sucesso histórico e vertiginoso em clubes europeus, o maior momento de Messi veio com a camisa azul e branca da Argentina, quando, em dezembro de 2022, ele finalmente levantou a Copa do Mundo, triunfando sobre a França em uma dramática disputa de pênaltis em Lusail, no Catar.

A Argentina há muito tempo reconhece o valor de Messi e cobra de acordo. Acredita-se que o preço de um amistoso com seu capitão chegue a US$ 5 milhões, valor que o levou a inúmeros lugares. Ao longo dos anos, Messi jogou amistosos internacionais na Austrália, Bangladesh, China, Inglaterra, França, Alemanha, Guatemala, Hungria, Índia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Noruega, Catar, Romênia, Rússia, Arábia Saudita, Espanha, Suécia, Suíça, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos.

Messi não teve problemas para se adaptar aos Estados Unidos: até agora sua carreira na MLS tem sido um sucesso estrondoso. Ele voltou a marcar quase um gol por jogo, e sua carreira no Inter Miami passou por 17 cidades dos Estados Unidos, Canadá e México.

Ele não começou a partida do Miami na Jamaica, mas entrou em campo aos 53 minutos do segundo tempo, sob uma estrondosa ovação. Em um dos últimos toques do jogo, ele marcou um gol com uma bola cruzada por Santiago Morales. A finalização certeira levou o estádio inteiro ao delírio, com gritos de “Messi! Messi!”

Depois do apito final, Messi foi cercado pelos jogadores adversários. Apenas um pediu sua camisa. Os demais queriam só uma selfie.

Este artigo foi originalmente publicado no New York Times./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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