Abel Ferreira é acusado de xenofobia após vitória do Palmeiras no Brasileirão e se retrata

Treinador afirma que não teve a intenção de ofender e apenas utilizou expressão comum no futebol

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

O técnico Abel Ferreira usou uma expressão xenofóbica ao analisar a atuação do Palmeiras na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-GO, nesta quinta-feira, pelo Campeonato Brasileiro. A fala ocorreu durante a coletiva de imprensa no Allianz Parque, após a partida, quando o português comentou sobre o bom desempenho tático do time alviverde.

“Isso não é uma equipe de índios. Há uma organização e dentro dessa organização há liberdade para eles criarem, para se ligarem e há princípios de jogo que nós temos, um deles é o equilíbrio, e o Aníbal é um desses pêndulos, esse motorzinho, que não só tem como tarefa ser a primeira cobertura, como também ligar jogo e pôr a equipe a jogar”, disse Abel.

Abel Ferreira usou termo xenofóbico para comentar atuação do Palmeiras. Foto: Cesar Grecco/SE Palmeiras

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Abel se manifestou após a repercussão negativa da fala. Por meio da assessoria de imprensa do Palmeiras, o treinador afirmou que não teve a intenção de ofender e apenas utilizou uma expressão comum no futebol. “Vivo e trabalho no Brasil desde 2020 e tenho profundo respeito por todos os brasileiros. As pessoas já conhecem o meu caráter, as minhas condutas e as minhas ações sociais. Sabem também que eu repudio por completo toda forma de preconceito”, disse o treinador.

Nesta sexta-feira, 12, o treinador publicou uma nota com um pedido de desculpas em seu perfil oficial no Instagram. Confira abaixo:

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Repudio toda e qualquer forma de preconceito e discriminação.

Infelizmente, há expressões que continuamos a perpetuar sem que nos debrucemos sobre o seu conteúdo. Errei ao usar uma dessas expressões na coletiva de imprensa. Reconheço que palavras têm poder e impacto, independentemente da intenção.

Devemos todos questionar, pensar e melhorar todos os dias.

Peço desculpa a todos e, em especial, às comunidades indígenas.

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O crime de xenofobia está incluído na Lei Nº 9.459/97, mais conhecido como Lei do Racismo, que cita a “discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Uma eventual punição vai desde multa e, em casos graves, reclusão de uma a três anos.

Abel Ferreira foi vítima de xenofobia em março deste ano, ao ser chamado de “português de m...” por Carlos Belmonte, diretor de futebol do São Paulo, após empate por 1 a 1 em clássico no MorumBis, pelo Paulistão. O dirigente foi julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) e se desculpou com o treinador, além de pagar multa de R$ 50 mil e ser proibido de ir a jogos do time no torneio.

Em setembro do ano passado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) classificou como xenofóbicas as insinuações e comparações feitas pelo português João Martins, auxiliar técnico do Palmeiras, após o empate com o Athletico-PR pelo Brasileirão. O profissional criticou o comportamento de jogadores brasileiros, afirmando que os atletas fazem o futebol nacional parecer um “teatro”, com pouca credibilidade na Europa. Na mesma entrevista, ele citou que o time alviverde era propositalmente prejudicado pela arbitragem, afirmando não ser bom para o “sistema” um mesmo time vencer consecutivamente. À época, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu o auxiliar com três jogos de suspensão.

O Palmeiras faz confronto direto pela liderança na próxima rodada, em visita ao Botafogo, no Nilton Santos. Como o Flamengo teve o jogo com o Internacional adiado, o duelo no Rio, quarta-feira, dia 17, definirá quem fechará a 17ª jornada no topo após a disputa na edição passada, na qual os paulistas viraram para 4 a 3 e arrancaram para o título.

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