Ada Colau, prefeita de Barcelona, se manifestou nesta terça-feira sobre a suposta agressão sexual cometida por Daniel Alves contra uma mulher de 23 anos em boate da cidade. A mandatária usou as redes sociais para comentar o caso, mas sem citar o nome do jogador brasileiro.
“Quando (nós, mulheres) sofremos uma agressão, nossa cidade não deve nos julgar, mas sim nos acompanhar e nos defender”, publicou Colau, difundindo em seguida o lema “No Callem” (“Não Calemos”, em tradução literal), que batiza o protocolo de segurança desenvolvido em 2018 pelo governo espanhol para casos de agressão contra mulheres em espaços privados.
A prefeita garantiu que “atender e acompanhar as vítimas deve ser uma prioridade”, ressaltando que a casa noturna Sutton, onde ocorreu o episódio envolvendo Daniel Alves, agiu corretamente em acionar rapidamente as autoridades e prestar apoio à mulher. Colau também aproveitou para “enviar um abraço à vítima”.
“Somos muitas que estamos com você e te enviamos toda a força”, escreveu. A prefeita garantiu ainda que “Barcelona protege a noite como um espaço de liberdade” e que as mulheres da cidade seguirão podendo sair com segurança nessa faixa de horário.
CASO DANIEL ALVES
A juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão de Daniel Alves na última sexta-feira. Ele foi detido ao dar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção. A juíza argumentou na decisão de prender o jogador que existia o risco de fuga, uma vez que o atleta não mora mais na Espanha e tem recursos financeiros para sair do país a qualquer momento. Além disso, a Espanha não tem acordo de extradição com o Brasil.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a mulher em um banheiro da sala VIP da boate, segundo o jornal El Periódico. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d’Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Ela também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa “Y Ahora Sonsoles”, da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
No depoimento, porém, de acordo com os meios de comunicação da Espanha, o atleta afirmou ter tido relações consensuais com a mulher, cujo nome não foi revelado. O suposto crime sexual teria ocorrido num banheiro da área VIP da casa noturna. Segundo a rádio Cadena SER, imagens da vigilância interna do local confirmam que Daniel Alves ficou 15 minutos com a mulher no banheiro.
De acordo com o jornal El País, a mulher não quer ser indenizada e abriu mão de ser ressarcida financeiramente pelas lesões e também pelos danos morais por entender que o objetivo principal é fazer com que o atleta seja punido pelo ocorrido. O Pumas, do México, anunciou na última sexta que o contrato de trabalho de Daniel Alves com o clube será rompido por justa causa.
Uma tatuagem foi decisiva para o pedido de prisão preventiva. De acordo com o jornal El Mundo, a vítima descreveu que o jogador tinha uma tatuagem de meia-lua entre o abdome e as partes íntimas, que só poderia ser vista caso ele estivesse sem roupa.
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