Adysson Congo não imaginava, mas a “fuga” de casa para ver o Palmeiras no Pacaembu pela primeira vez em seus 8 anos de vida só rendeu coisas boas a ele. Após a reportagem do Estado, ele recebeu o convite de Dudu para entrar em campo antes da partida com a Chapecoense, pelo Campeonato Brasileiro. Além disso, foi presenteado com uma camisa do capitão da equipe e vai viver seu grande sonho: receber o Passaporte Allianz Parque, com um acompanhante, para assistir a todos os jogos do Palmeiras em sua arena até maio de 2019. Para se ter uma ideia, cada assento do Passaporte no setor Gol Sul custa em torno de R$ 3 mil.
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“Para mim, é fora do normal ver meu filho realizando o sonho dele”, diz a mãe, Silmara Aparecida Congo. A mulher ingressou na faculdade no começo deste ano, aos 47 anos, e cuida de seis filhos sem qualquer ajuda financeira dos quatro pais das crianças.
O garoto que mora em uma ocupação na Luz, região central de São Paulo, foi convidado para fazer o tour no estádio no Allianz Parque nesta quarta, 2. Depois de explorar toda a estrutura da arena que visitou no domingo, Adysson vai conhecer o ex-jogador César Sampaio, que se solidarizou com a história do menino. O encontro com o craque será uma surpresa para ele.
Assim como Adysson, César Sampaio também escolheu o Palmeiras – apesar da influência da família corintiana – e se tornou um dos principais ídolos do time alviverde. O ex-jogador e atual comentarista esportivo tem uma escolinha de futebol em Diadema e pode ajudar o palmeirense a realizar o sonho de ser um jogador de futebol.
César Sampaio não foi o único que se comoveu com as condições de Adysson. Emprestado pelo Palmeiras ao Servette, da segunda divisão do futebol suíço, o zagueiro Nathan foi reconhecido pelo menino e prometeu dar uma camisa ao fã. O autônomo Sérgio Montanari, que buscou o garoto e o irmão para leva-los ao estádio palmeirense no domingo, está organizando em grupos de Whatsapp a doação de cestas básicas para a família.
Outros torcedores, que não quiseram se identificar, estão realizando uma vaquinha para dar a Silmara, mãe do menino, uma televisão nova. O aparelho da mulher, que vende roupas femininas em uma loja popular e faz faxina para complementar a renda, está com a tela quebrada e ela não pode arcar com o conserto.
Único palmeirense uma família corintiana, o menino pediu dinheiro às pessoas no metrô com o objetivo de chegar ao estádio do Pacaembu para acompanhar a partida entre Palmeiras e Internacional – a equipe da casa venceu por 1 a 0.
Adysson foi “descoberto” pelo funcionário público André Martins, 25. O rapaz, que já havia visto o garoto pedindo dinheiro na estação Tatuapé do metrô, notou o menino perdido nos arredores do estádio do Pacaembu. Pagou um salgado e presenteou o torcedor mirim com uma camisa do Palmeiras.
Sem dinheiro, Adysson, que antes de sair de casa disse para a mãe que iria brincar em uma praça próxima à sua casa, aproveitou o fato de haver gratuidade para crianças no Pacaembu e venceu as catracas do estádio. Ele se misturou em meio às famílias para poder ver o time pelo qual torce ao vivo pela primeira vez.
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