Pela segunda Copa do Mundo consecutiva, o alfaiate Ricardo Almeida foi o encarregado de assinar os trajes formais dos atletas da seleção brasileira, que serão utilizados nos trajetos entre estádios e em ocasiões que peçam uma boa vestimenta. Em 2018, ele apostou em uma lã slim fit - mais colada ao corpo - com efeito que mudava o tom de acordo com a luz do local. Para o evento no Catar, calças e paletós mais amplos e folgados.
O costureiro, junto à sua equipe, desenhou um tecido leve e em cores mais claras, com elementos que fazem referências às paisagens do anfitrião da competição, sejam artísticas, de arquitetura ou urbanismo. A roupa aberta e desfiada “homenageia” os mantos usados no país, complementando com traços ocidentais. Pode-se notar que a camisa vem acompanhada de um lenço ao redor do pescoço que se estende até depois da cintura.
Almeida recorda que o advento da pandemia de covid-19 mudou o estilo de se vestir, para peças mais soltas - que ajudam no calor do Catar - e com foco no conforto, o que inspirou os novos trajes da seleção. “Para criar, é necessário levar em consideração a atmosfera do momento”, disse, conforme relatado pela Exame. Junto a isso, acredita que as peças mostram a identidade “espirituosa” dos atletas.
O alfaiate também vê semelhanças na cultura do país asiático com o Brasil, até mesmo nas bandeiras, algo que o inspirou na modelagem. “As duas são compostas de elementos geométricos”, comentou. “A estética do Catar encontra elementos da arte indígena e natureza brasileira”. A mudança também é uma quebra em seu estilo, já que ele fazia parte dos adeptos às formas mais apertadas. Os trajes foram finalizados no fim de setembro, após o amistoso contra a Tunísia, quando a seleção venceu por 5 a 1.
A história de Almeida com o elenco da Canarinho já é antiga: ele vestia o técnico Tite e alguns jogadores, que incluíam Neymar. Em 2018, pela primeira vez, ele foi responsável pelas roupas de gala de toda a seleção. Na ocasião, o Brasil caiu nas quartas de final após um duro jogo contra a Bélgica que terminou 2 a 1 para os europeus. Será que o estilista dará sorte em 2022?
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.