Em 22 de novembro de 2015, 45 mil corintianos lotaram a Arena, em Itaquera, para festejar de forma antecipada a sexta conquista do Campeonato Brasileiro diante do rival São Paulo, pois três dias antes havia garantido a taça após empate com o Vasco, em São Januário. Mas nem o torcedor mais fanático poderia esperar que aquele domingo ensolarado entraria para a história da competição por registrar uma vitória alvinegra por 6 a 1, a maior goleada deste tradicional duelo. O torcedor vibrou, festejou, parecia não acreditar.
O técnico Tite surpreendeu a todos ao colocar um time com apenas três titulares em campo para a disputa da 36.ª e antepenúltima rodada da competição nacional: o goleiro Cássio, o zagueiro Felipe e o volante Ralf. Os reservas não decepcionaram e tiveram uma das maiores atuações de todos os tempos. Ao fim da primeira etapa, o placar já era de 3 a 0. No segundo tempo, mais três gols em apenas 30 minutos. Detalhe: todos os gols marcados por jogadores que vieram do banco: Bruno Henrique, Romero, Edu Dracena, Lucca e Cristian. O são-paulino Hudson fez um contra para "ajudar". O São Paulo, desnorteado, só conseguiu fazer seu gol com Carlinhos e ainda viu Cássio defender pênalti cobrado por Alan Kardec.
Em êxtase, Tite elogiou o poder de concentração da equipe corintiana. "Se o time não fosse campeão este ano, eu ficaria muito chateado." Cristian destacou a chance proporcionada pelo treinador. "Foi uma oportunidade muito grande que tivemos para mostrarmos o nosso valor. E mostramos." Renato Augusto, um dos titulares poupados pelo treinador corintiano, chamou a atenção para a força dos reservas do elenco. "É difícil de ganhar deles até em treino coletivo. É uma equipe muito boa", reconheceu.
Se o time não fosse campeão este ano, eu ficaria muito chateado
Tite, Técnico do Corinthians em 2015
Do lado do São Paulo, o diretor Ataíde Gil Guerreiro tratou de mexer com o brio dos jogadores derrotados na casa do rival. "Importante neste momento é o time não perder moral para não ficar fora da Libertadores." O alerta do dirigente deu resultado e o time do Morumbi conseguiu nas duas últimas rodadas do Brasileiro garantir o quarto lugar e uma vaga na competição sul-americana.
É difícil de ganhar deles (reservas) até em treino coletivo
Renato Augusto, Meia do Corinthians em 2015
Corinthians humilha São Paulo na festa pelo título e goleia por 6 a 1
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O torcedor corintiano foi neste domingo ao estádio Itaquerão, em São Paulo, sem grandes pretensões. Queria só fazer festa e levantar a taça de campeão brasileiro. A festa, no entanto, acabou virando baile em cima do São Paulo. Mesmo com um time cheio de reservas, o Corinthians humilhou o rival e goleou por 6 a 1, pela 36.ª rodada. Foi a maior vitória da equipe na história do clássico - nunca havia feito seis gols em cima da equipe tricolor.
Foi um show alvinegro. A equipe liquidou a partida antes do intervalo. Com apenas 30 minutos, a torcida já gritava "olé" a cada toque na bola. No segundo tempo, os gritos foram de "nosso freguês voltou". Envergonhados, os torcedores do São Paulo pediram para a Polícia Militar liberar a saída do estádio no início do segundo tempo. Como a autorização da PM só saiu aos 35 minutos, foram obrigados a assistir ao massacre da equipe. Com 56 pontos, o time tricolor segue na briga pelo G4 - grupo de classificação à Copa Libertadores.
A vitória deste domingo confirmou a força do elenco corintiano. Hoje, a equipe do Parque São Jorge não tem rivais à altura no País. O time é muito superior em relação aos seus adversários. Não por acaso garantiu o título com três rodadas de antecedência e até quando joga em clima de festa, descontraído, ganha com facilidade.
Neste domingo, por exemplo, o técnico Tite resolveu dar descanso para oito titulares. Apenas Cássio, Felipe e Ralf começaram jogando. Mesmo assim, os reservas conseguiram manter o padrão que levou o time ao título. A defesa mostrou-se sólida e o ataque eficiente para aproveitar os erros do adversário, sobretudo nas jogadas de bola parada.
Com o triunfo deste domingo, o Corinthians chegou aos 80 pontos e igualou a marca do Cruzeiro de 2014, dono da melhor campanha dos pontos corridos desde 2006, quando o campeonato passou a ser disputado por 20 equipes. Restando duas rodadas para o fim do Brasileirão, o time pode chegar a 86 e aumentar o recorde.
O show corintiano começou aos 26 minutos. Felipe cabeceou no canto direito e, no rebote de Denis, Bruno Henrique completou para o gol. Dois minutos depois, Romero aproveitou cobrança de escanteio e cabeceou sem chance para o goleiro são-paulino. Antes do intervalo, aos 44, Edu Dracena fez o terceiro após cruzamento de Danilo. O baile continuou no segundo tempo. Aos 15 minutos, Romero fez linda jogada, passou para Bruno Henrique, que rolou para Danilo. O meia deu belo toque letra para Lucca bater na saída o goleiro. Desnorteado, o São Paulo levou o quinto gol três minutos depois. Hudson desviou o toque de Romero e fez contra.
A equipe tricolor ainda diminuiu com Carlinhos, a reação não passou de um lance isolado. Aos 30 minutos, Cristian fez o sexto de pênalti. Para a festa ficar completa, faltava Cássio brilhar. E o goleiro defendeu pênalti de Alan Kardec aos 34. A torcida comemorou como se fosse um gol e gritou "é campeão" mais forte.
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 6 x 1 SÃO PAULO
CORINTHIANS - Cássio; Fagner, Felipe, Edu Dracena e Uendel (Yago); Ralf, Bruno Henrique, Rodriguinho (Cristian) e Danilo (Lincom); Lucca e Romero. Técnico: Tite.
SÃO PAULO - Denis; Bruno (Reinaldo), Rodrigo Caio, Lucão e Carlinhos; Hudson, Thiago Mendes, Wesley (Edson Silva) e Michel Bastos; Rogério (Luis Fabiano) e Alan Kardec. Técnico: Milton Cruz (interino).
GOLS - Bruno Henrique, aos 26, Romero, aos 28, e Edu Dracena, aos 44 minutos do primeiro tempo; Lucca, aos 15, Hudson (contra), aos 18, Carlinhos, aos 24, e Cristian (pênalti), aos 30 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Edílson (no banco de reservas) e Fagner (Corinthians); Bruno e Thiago Mendes (São Paulo).
ÁRBITRO - Péricles Bassols Pegado Cortez (Fifa/RJ).
RENDA - R$ 2.939.497,50.
PÚBLICO - 44.976 pagantes.
LOCAL - Estádio Itaquerão, em São Paulo (SP).
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