Análise | As lições do Corinthians após o título do Paulistão

Time se sagrou campeão ao empatar com o Palmeiras após vencer primeiro jogo fora de casa

PUBLICIDADE

Foto do author Rodrigo Sampaio
Foto do author Bruno Accorsi

Depois de seis anos em jejum, o Corinthians voltou a erguer um troféu. O time do Parque São Jorge se sagrou campeão do Campeonato Paulista 2025 nesta quinta-feira, após empatar sem gols com o Palmeiras. Como venceu o jogo de ida no Allianz Parque, por 1 a 0, deu a volta olímpica na Neo Química Arena.

Ao longo do Estadual, o clube confirmou a boa fase iniciada na reta final do ano passado, quando o time arrancou da zona de rebaixamento para conquistar uma vaga na Libertadores. Agora, o time alvinegro se prepara para a sequência da temporada com mais certezas do que dúvidas para o restante do ano. Confira a seguir as lições do Corinthians após o título do Paulistão.

Jogadores do Corinthians comemoram título do Paulistão. Foto: Alex Silva/Estadão

Zaga definida

PUBLICIDADE

O técnico Ramón Díaz rodou bastante o elenco neste primeiro momento da temporada para evitar perder jogadores por lesão. Sem problemas nos setores de ataque e meio-campo, o treinador viu a defesa se transformar em dor de cabeça. Em 20 jogos realizados no ano, o time alvinegro só não foi vazado em sete ocaisões.

André Ramalho e Cacá, que terminaram bem 2024, oscilaram neste início de ano e perderam espaço. O prata da casa João Pedro Tchoca chegou a ser testado entre os titulares. Ele fez boas partidas, mas ficou marcado pelo pênalti desnecessário cometido na derrota por 3 a 0 para o Barcelona de Guayaquil, no Equador.

Publicidade

A solução veio da dupla formada por Félix Torres e Gustavo Henrique, caracterizada pela imposição física e força nas jogadas aéreas. Depois de alternar bons e maus momentos em 2024, o equatoriano agarrou a titularidade e chegou a balançar as redes na partida na honrosa vitória por 2 a 0 na partida de volta contra o Barcelona. Já o brasileiro aproveitou a irregularidade dos companheiros para se firmar na defesa pouco tempo após voltar de lesão. São três jogos consecutivos da dupla sem levar gols.

Solução na esquerda

O Corinthians adotou uma postura mais comedida na janela de transferências, focando na manutenção do elenco em vez de ir com força ao mercado. Assim como o miolo de zaga passou por questionamentos, as laterais não passaram incólume no desempenho irregular da defesa.

Pela direita, Matheuzinho faz temporada satisfatória. Não é possível dizer o mesmo de Hugo e Matheus Bidu, que não conseguiram se firmar na posição. Diante do cenário, a diretoria não se furtou de fazer o seu único movimento no mercado: contratar um lateral-esquerdo para ser dono da posição.

O escolhido foi Fabrizio Angileri, argentino de 30 anos que estava encostado no Getafe, da Espanha. Apesar dos poucos minutos em campo nos últimos anos, o jogador tem a confiança de Ramón Díaz, com quem já trabalhou no River Plate. Desde o primeiro dia que esteve à disposição, o atleta não decepcionou e encaixou rapidamente no time. Com bom poder de marcação, ele é um ponto de equilíbrio às ações agudas de Matheuzinho na direita.

Publicidade

Dupla entrosada (e ainda melhor)

Não há dúvidas de que as contratações de André Carrillo e José Martínez foram duas das melhores da atual gestão do Corinthians. Ambos entregam capacidade de marcar e avançar ao ataque com qualidade. Em 2025, a parceria ganhou uma nova configuração por uma necessidade.

O volante Breno Bidon, de apenas 20 anos, terminou 2024 como titular. O promissor meio-campista alvinegro jogava em uma das pontas laterais do losango formado por Ramón Díaz no setor central, com Martínez mais próximo dos zagueiros. Servindo a seleção brasileira no Sul-Americano Sub-20, o jovem ficou ausente durante quase todo o Paulistão. Ele deu lugar a Raniele, que foi posicionado perto da zaga para Martínez ser adiantado. O venezuelano dominou a função com destreza e, ao lado de Carrillo, é um dos regentes do meio-campo corintiano.

Mudar, mas não muito

Desde a sua chegada ao Corinthians, Ramón Díaz colocou em campo diversas escalações e formações táticas diferentes. O 4-4-2 com losango no meio, pouco usado nos dias atuais, se tornou marca registrada do time na campanha da fuga do rebaixamento no ano passado. Neste ano, o treinador até tentou variar o esquema, mas as respostas não tiveram a mesma eficácia. Quando resolveu armar a equipe com três zagueiros, por exemplo, o Corinthians se viu diante da sua pior derrota, um 3 a 0 para o Barcelo de Guayaquil, no Equador, com chance praticamente zero de reverter a situação por uma vaga na Libertadores.

Análise por Rodrigo Sampaio

Jornalista natural do Rio de Janeiro (RJ) em São Paulo. Repórter de Esportes do Estadão desde 2021. Antes, passagens por TV Globo e Jornal O Dia, com experiência na cobertura da Metrópole, Cultura, Política e Judiciário. Fez parte da 30ª turma do Curso Estado de Jornalismo.

Bruno Accorsi
Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.