Depois de seis anos em jejum, o Corinthians voltou a erguer um troféu. O time do Parque São Jorge se sagrou campeão do Campeonato Paulista 2025 nesta quinta-feira, após empatar sem gols com o Palmeiras. Como venceu o jogo de ida no Allianz Parque, por 1 a 0, deu a volta olímpica na Neo Química Arena.
Ao longo do Estadual, o clube confirmou a boa fase iniciada na reta final do ano passado, quando o time arrancou da zona de rebaixamento para conquistar uma vaga na Libertadores. Agora, o time alvinegro se prepara para a sequência da temporada com mais certezas do que dúvidas para o restante do ano. Confira a seguir as lições do Corinthians após o título do Paulistão.

Zaga definida
O técnico Ramón Díaz rodou bastante o elenco neste primeiro momento da temporada para evitar perder jogadores por lesão. Sem problemas nos setores de ataque e meio-campo, o treinador viu a defesa se transformar em dor de cabeça. Em 20 jogos realizados no ano, o time alvinegro só não foi vazado em sete ocaisões.
André Ramalho e Cacá, que terminaram bem 2024, oscilaram neste início de ano e perderam espaço. O prata da casa João Pedro Tchoca chegou a ser testado entre os titulares. Ele fez boas partidas, mas ficou marcado pelo pênalti desnecessário cometido na derrota por 3 a 0 para o Barcelona de Guayaquil, no Equador.
A solução veio da dupla formada por Félix Torres e Gustavo Henrique, caracterizada pela imposição física e força nas jogadas aéreas. Depois de alternar bons e maus momentos em 2024, o equatoriano agarrou a titularidade e chegou a balançar as redes na partida na honrosa vitória por 2 a 0 na partida de volta contra o Barcelona. Já o brasileiro aproveitou a irregularidade dos companheiros para se firmar na defesa pouco tempo após voltar de lesão. São três jogos consecutivos da dupla sem levar gols.
Solução na esquerda
O Corinthians adotou uma postura mais comedida na janela de transferências, focando na manutenção do elenco em vez de ir com força ao mercado. Assim como o miolo de zaga passou por questionamentos, as laterais não passaram incólume no desempenho irregular da defesa.
Pela direita, Matheuzinho faz temporada satisfatória. Não é possível dizer o mesmo de Hugo e Matheus Bidu, que não conseguiram se firmar na posição. Diante do cenário, a diretoria não se furtou de fazer o seu único movimento no mercado: contratar um lateral-esquerdo para ser dono da posição.
O escolhido foi Fabrizio Angileri, argentino de 30 anos que estava encostado no Getafe, da Espanha. Apesar dos poucos minutos em campo nos últimos anos, o jogador tem a confiança de Ramón Díaz, com quem já trabalhou no River Plate. Desde o primeiro dia que esteve à disposição, o atleta não decepcionou e encaixou rapidamente no time. Com bom poder de marcação, ele é um ponto de equilíbrio às ações agudas de Matheuzinho na direita.
Dupla entrosada (e ainda melhor)
Não há dúvidas de que as contratações de André Carrillo e José Martínez foram duas das melhores da atual gestão do Corinthians. Ambos entregam capacidade de marcar e avançar ao ataque com qualidade. Em 2025, a parceria ganhou uma nova configuração por uma necessidade.
O volante Breno Bidon, de apenas 20 anos, terminou 2024 como titular. O promissor meio-campista alvinegro jogava em uma das pontas laterais do losango formado por Ramón Díaz no setor central, com Martínez mais próximo dos zagueiros. Servindo a seleção brasileira no Sul-Americano Sub-20, o jovem ficou ausente durante quase todo o Paulistão. Ele deu lugar a Raniele, que foi posicionado perto da zaga para Martínez ser adiantado. O venezuelano dominou a função com destreza e, ao lado de Carrillo, é um dos regentes do meio-campo corintiano.
Mudar, mas não muito
Desde a sua chegada ao Corinthians, Ramón Díaz colocou em campo diversas escalações e formações táticas diferentes. O 4-4-2 com losango no meio, pouco usado nos dias atuais, se tornou marca registrada do time na campanha da fuga do rebaixamento no ano passado. Neste ano, o treinador até tentou variar o esquema, mas as respostas não tiveram a mesma eficácia. Quando resolveu armar a equipe com três zagueiros, por exemplo, o Corinthians se viu diante da sua pior derrota, um 3 a 0 para o Barcelo de Guayaquil, no Equador, com chance praticamente zero de reverter a situação por uma vaga na Libertadores.