O Ministério Público de Goiás (MP-GO) recomendou que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) determine torcida única na partida entre Atlético-GO e Palmeiras, no sábado, 23, pela 35ª rodada do Brasileirão, no estádio Antônio Accioly, em Goiânia.
O coordenador do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol do MP-GO, o promotor Sandro Henrique Silva, justifica a recomendação pelo fato de que a torcida organizada Dragões Atleticanos ser aliada da Máfia Azul, do Cruzeiro.
Os cruzeirenses sofreram uma emboscada por integrantes da Mancha Alviverde, do Palmeiras, no fim de outubro. Além da rivalidade entre as organizadas, o promotor destaca que o estádio Antônio Accioly não tem vias de acesso exclusivo para visitantes.
A CBF ainda não se pronunciou sobre a partida e não respondeu aos questionamentos do Estadão. O Atlético-GO também foi notificado pelo MP-GO. O clube, contudo, mantém as informações sobre vendas de ingressos a palmeirenses.
A recomendação do MP-GO se assemelha ao que já foi analisado pelo Juizado Especial de Defesa do Torcedor do Tribunal de Justiça de São Paulo. A ideia era estender a imposição de torcida única no Estado, em vigor desde 2016 para clássicos paulistas, para ‘confrontos problemáticos' do futebol nacional.
Além de Palmeiras x Cruzeiro, seria o caso de Palmeiras x Flamengo. Neste último, em 2023, a palmeirense Gabriela Anelli morreu ao ser atingida por uma garrafa de vidro arremessada por um flamenguista.
Após emboscada, 6 integrantes da Mancha Alviverde continuam foragidos
O ataque à Máfia Azul aconteceu em 27 de outubro, no km 65 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP). José Victor Miranda, de 30 anos, morreu e outras 17 pessoas ficaram feridas.
Inicialmente, o caso era investigado pela Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade). Depois, o inquérito foi repassado ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que continua o trabalho de investigação.
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Até o momento, apenas Alekssander Ricardo Tancredi foi preso e indiciado por homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa. Outros seis integrantes da Mancha Alviverde são considerados foragidos. Entre eles, estão o presidente da organizada, Jorge Luís Sampaio, e o vice-presidente, Felipe Mattos.
Um homem que havia sido identificado na cena do crime teve o pedido de prisão revogado após sua defesa provar que ele estava a 400km do local. Oficialmente, não foi admitido erro, mas a própria Drade fez o pedido para revogação da prisão de Henrique Moreira Lelis.
Ele tinha o registro na delegacia por ter participado de uma briga da Mancha Alviverde em 2011. O caso não registrou lesões. Segundo sua defesa, Lelis deixou São Paulo em 2012, para mudar-se ao Rio, onde vive e trabalha desde então.
Além da esfera criminal, a Federação Paulista de Futebol (FPF) vetou por tempo indeterminado a entrada de assessórios e uniformes da Mancha Alviverde em estádios. A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, alterou o código de vestimenta da sede social, proibindo trajes da Mancha e de qualquer outra organizada.
A partida de sábado nada vale para o Atlético-GO, já rebaixado para a Série B. Já o Palmeiras continua firme na busca pelo título brasileiro, dois pontos atrás do líder Botafogo.
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