Augusto Melo atribui pedido de impeachment a recusa de chantagem: ‘Política estraga o Corinthians'

Presidente classifica movimento como ‘golpe’, garante Ramón Díaz para 2025 e diz que clube voltou a ser bom pagador

PUBLICIDADE

Foto do author Leonardo Catto

O presidente do Corinthians, Augusto Melo, acredita que o pedido de impeachment a ser votado no conselho deliberativo do clube na quinta-feira, 28, é uma tentativa de golpe contra o mandato dele. Para o mandatário, a atual gestão profissionalizou o Corinthians e desfez acordos que não eram vantajosos ao clube, o que desagradou certos grupos.

PUBLICIDADE

Antes da votação no conselho deliberativo, o conselho de orientação (Cori) analisou a questão. O grupo, que conta com nomes tradicionais da política corintiana, como Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e Mario Gobbi Filho, recomendou o afastamento do atual presidente.

“Uma recomendação indevida, porque o órgão competente disso é a nossa comissão de ética. Não tem embasamento. Isso é um golpe. Tentaram dar um golpe na gente na eleição e tentam novamente agora. A torcida está com a gente. Vocês viram a revolução dos jogadores, que foi uma surpresa. Trocamos contratos que não eram bons para o Corinthians. Talvez isso esteja incomodando alguém", rebateu Augusto Melo em participação no programa Arena SBT, nesta segunda-feira.

Augusto Melo classificou pedido de impeachment como golpe. Foto: Caio do Valle/Corinthians

O presidente também confirmou que o pedido de afastamento é uma retaliação por ele não ter cedido a chantagens para que demitisse o CEO Fred Luz e o executivo de futebol Fabinho Soldado. “Não quero um executivo que, com dinheiro, vá buscar bons atletas. Fomos buscar alguém que conhecesse de futebol (o Fabinho). Está gravado em ata de conselho, conselheiros falando: ‘Você tem até dia 23 para mandar embora, senão vamos para cima'.”, relatou.

Publicidade

Segundo o Cori, o afastamento é recomendado por a presidência supostamente não ter mostrado contratos que teriam sido assinados sem licitação, não ter contratado auditoria externa e não ter apresentado balanços ao conselho. As acusações foram negadas por Melo.

“Nunca uma gestão esteve tão transparente e com departamentos abertos para tirar qualquer dúvida. Eles têm toda liberdade para ir lá investigar. É obrigação deles. Foram eleitos para isso."

Melo também defende que o clube faz uma gestão profissional da dívida e revelou que o Corinthians tem cerca de R$ 50 milhões bloqueados judicialmente. “Fomos buscar receita, equacionar. Por isso pedimos ajuda para todo mundo parar de manchar a imagem do Corinthians. Não temos como pagar tudo hoje, mas o Corinthians está voltando a ser bom pagador", disse.

‘O que estraga o Corinthians é a política', dispara Augusto Melo

Segundo Melo, não haverá um substituto para Rubens Gomes, o Rubão, que era o diretor de futebol no começo da gestão, mas rompeu com o mandato. Ainda conforme o presidente, são comemorados os quatro meses de salários já garantidos de maneira adiantada. “No Corinthians é motivo de comemorar, há tempo não se tinha isso".

Publicidade

O mandatário elegeu “lidar com a política" como o principal desafio que encontrou no cargo. “Foi um começo difícil. Criamos uma estrutura para o Corinhtians poder estar na situação que está. Meu erro foi confiar em muitas coisas. Precisavam ser profissionalizados, todos os departamentos. É o que a gente tem feito. Os jogadores querem jogar no Corinthians. Patrocinadores querem. Hoje o que estraga o Corinthians é a política", disparou.

Melo voltou a bater na tecla de que a profissionalização do clube “incomoda muitos”. Ele acredita que o acordo político com outros nomes da oposição, o que lhe permitiu vencer a eleição contra o grupo que comandava o Corinthians há 16 anos, foi um erro. “Nós mesmos nos enforcamos. É complicado falar nome, é mais uma justificativa que eles têm. Qualquer coisa que você fala é motivo para te levar para a (Comissão de) Ética", reclamou.

“Erramos no começo, em confiar em pessoas. Não fui eu que botei Matheuzinho para treinar sem contrato, (foi) diretoria de futebol. Não fui eu que dispensei Gustavo Henrique", citou polêmicas do começo da gestão.

Augusto Melo, contudo, reconhece que precisa da ajuda até mesmo da oposição. A forma que diz isso, porém, mantém o tom bélico. “O Corinthians é o metro quadrado em que os homens mais têm ciúmes. Daqui a dois anos tem eleição, se candidatem, ganhem. A gente deixa um Corinthians muito melhor do que recebemos".

Publicidade

“O que eu preciso é da ajuda do corintiano. Eles vão me ajudar muito se ficarem quietos. Depois, tem eleição, concorram e voltem ao poder", disse.

Presidente do Corinthians banca Ramón Díaz para 2025

Augusto Melo também garantiu que o técnico Ramón Díaz ficará no clube para 2025. O treinador chegou com a missão de afastar o Corinthians da zona de rebaixamento do Brasileirão. Além disso, a equipe chegou até as semifinais da Copa do Brasil e da Sul-Americana. Mesmo depois das eliminações, o argentino foi mantido.

“Ramón é um grande profissional. Está dando certo, não só ele como o Emiliano, toda comissão. Faz um excelente trabalho, tem contrato até o fim de 2025, e espero que cumpra até lá“, disse Melo.

O presidente também avaliou a passagem do outro técncio contratado por ele em 2024, António Oliveira. O português chegou ao clube no começo do ano, para substitutir o demitido Mano Menzes. “Infelizmente o Corinthians não estava em condições financeiras para dar condições ao António (Oliveira) trabalhar. Mas é um excelente profissional", opinou.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.