Barco: garoto de R$ 94 milhões dividia sanduíche com a mãe e hoje é arma do Boca contra o Palmeiras

Jogador de 19 anos é classificado como ‘diamante bruto’ na Argentina e superou centenas de quilômetros para realizar sonho em Buenos Aires

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Foto do author Marcos Antomil

Valentín Barco. O nome pode não soar familiar para os brasileiros, mas esse jovem de 19 anos promete marcar uma nova geração de atletas argentinos com a aposentadoria de Messi. No Boca Juniors, o garoto tem conquistado o carinho da torcida e um privilegiado espaço na equipe titular. Nesta quinta-feira, Barco é uma das principais esperanças do time xeneize para chegar à final da Libertadores. Para tal, terá de superar o Palmeiras, no Allianz Parque, a partir das 21h30.

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Barco é tratado como um diamante a ser lapidado. Nem mesmo sua posição parece estar definida dentro de campo. Ele já jogou no meio, de lateral-esquerdo e agora aparece com mais frequência no ataque. Jorge Almirón, técnico do Boca Juniors, aposta em sua velocidade e qualidade técnica para superar a forte marcação do Palmeiras. A titularidade do jovem, porém, não está garantida, segundo a imprensa argentina.

“Barco é sempre perigoso. O técnico decidiu adiantá-lo até convertê-lo em atacante. No entanto, as constantes mudanças de posição e lesões que teve nos últimos meses o fizeram submergir entre dúvidas que incluem futebolisticamente o time. Ele jogou pouco até aqui e não vimos todo o seu potencial, mas não há dúvidas de que estamos diante de um atleta que jogará e será importante para o futuro da seleção argentina”, afirmou Gonzalo Suli, jornalista do diário argentino Olé em contato com o Estadão.

Barco em ação no jogo com o Palmeiras, na Bombonera, na última semana. Foto: Natacha Pisarenko/ AP

No jogo de ida, na La Bombonera, Barco atuou por 70 minutos e foi substituído apesar de ser um dos mais perigosos do Boca. No fim de semana, jogou por um tempo no clássico com o River Plate, em que seu time acabou derrotado por 2 a 0, pelo Campeonato Argentino. Nesta temporada, somando Boca e seleção sub-20 da Argentina, Barco participou de 26 jogos, marcou um gol e concedeu quatro assistências.

O garoto de 1,70m e pouco mais de 60kg, ‘El Colo’, como Barco é apelidado, está na mira de importantes clubes da Europa. Nas últimas semanas, têm tomado conta do noticiário um provável acordo entre Boca Juniors e Manchester City pela contratação da jovem estrela. Pep Guardiola olhou e gostou do garoto. Os valores negociados são de 15 milhões de libras, cerca de R$ 94 milhões.

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“Barco é uma joia sem polimento, mas uma dessas que saem à luz com características para brilhar. Sua atitude, marca de craque e caráter deixaram claro, desde a sua estreia na elite, há quase dois anos, que seu futuro não tinha limite. Problemas de contrato o impediram de voltar a jogar no futebol profissional até o início de 2023. Uma vez que se assinou uma extensão contratual de um ano, ele ficou apto para ser escolhido pelo técnico. Isso coincidiu com a chegada de Almirón, que não teve dúvidas em usá-lo”, explica Suli.

Barco nasceu na cidade de 25 de Mayo, na província de Buenos Aires, distante 230 km da capital do país. Desde pequeno, ele começou a se dedicar ao futebol no Club Atlético Sportivo, equipe da cidade. Ali conseguiu se destacar entre os companheiros por seu estilo ímpar. Em um amistoso, chamou a atenção de Negro Sánchez, técnico da base do Boca à época.

Barco é uma das esperanças do Boca Juniors na semifinal diante do Palmeiras. Foto: Luis Robayo/ AFP

Tornar-se jogador de futebol é um desejo de muitos garotos mundo afora. Quem chega a se profissionalizar comumente tem histórias de sacrifício para realizar um sonho. Com Barco não foi diferente. O garoto viajava, na companhia de seus pais, quase 400 km quatro vezes por semana, entre ida e volta, para treinar no antigo complexo da base xeneize, La Candela. O tempo total de estrada variava de três a quatro horas.

A mãe de Barco, Patricia, confidenciou que na base do Boca o garoto ganhava um sanduíche e um suco e, enquanto preparava seu mate, dividia a comida com ela. “Não tínhamos nada para levar e precisávamos pagar o combustível e o pedágio. Quando fazia calor, ele olhava as geladeiras do posto de conveniência porque queria tomar um sorvete, mas eu não podia comprar”, contou à TyC Sports. “Meu pai trabalhava para que eu pudesse treinar. O que meus pais fizeram é muito difícil, largaram tudo por mim. Quero devolver tudo o que fizeram ficando perto deles”, contou Barco ao canal do Boca Juniors.

“Grande parte das chances de o Boca passar pelo Palmeiras dependem de um bom jogo do Barco. Sempre que está bem acompanhado e, dentro de um esquema que o inclua, atuando na zona que mais machuca o adversário: em alguma parte do lado esquerdo”, afirmou Suli.

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