Considerado um dos clubes mais bem geridos do Brasil e com maior faturamento anual na história do futebol nordestino, o Fortaleza agora coloca a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como um dos seus objetivos de curto prazo. Mas não será um repasse a exemplo do que ocorreu com Cruzeiro, Vasco ou Botafogo. A diretoria do Fortaleza mira em um clube alemão, o Bayern de Munique.
No time alemão, campeão nacional novamente, as cotas na associação são de 75% para os atuais gestores, que possuem poder de decisão, e os outros 25% divididos em três empresas distintas: Audi, Allianz e Adidas, com 8,33% cada uma delas. Ou seja, o dinheiro entra, mas o clube não perde seu poder de mando.
“O Bayern, entre os grandes do futebol mundial, é o clube com melhor gestão. Simplesmente é um clube que há 29 anos apresenta anualmente lucro, algo que pode ser considerado como alienígena dentro da estrutura do futebol, e que mesmo durante a pandemia conseguiu apresentar resultados financeiros positivos. É sem dúvida um modelo a ser seguido”, afirmou Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo e sócio do Carlezzo Advogados.
O objetivo do Fortaleza é receber investimentos entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões, que seriam destinados primordialmente para o departamento de futebol, dividido entre o time profissional e a base. Parte do montante também seria destinada ao trabalho de governança interna. “Entendemos que o modelo do Bayern é o melhor. Vemos como uma referência e nos apronfundamos”, diz o presidente Marcelo Paz. Ele, no entanto, deixa claro que isso só vai acontecer num segundo momento.
“Estamos fazendo tudo com muita estratégia, sem pressa, pois conseguimos chegar até aqui com boa gestão, temos nossos compromissos em dia e queremos analisar todas as probabilidades. O primeiro passo neste momento é apresentar a SAF dentro dos três meses de planejamento, passando obviamente por todas as aprovações, para somente depois operacionalizar a venda nessas frações”, disse.
Recentemente, o Fortaleza criou uma comissão com diretores e vice-presidentes do clube para debater e apresentar um projeto de SAF dentro dos próximos 90 dias. Depois disso, para avançar, precisa passar pela aprovação do Conselho Deliberativo e Assembleia de Sócios, como já aconteceu com outros clubes que se tornaram Sociedade Anônima.
Além do presidente Marcelo Paz, dois nomes aparecem à frente do projeto: Geraldo Luciano, vice-presidente do Fortaleza, e Arthur Lidio, diretor administrativo do clube. Seguindo o modelo previsto, o Fortaleza iria na contramão de outros times que se tornaram SAF, casos, por exemplo, do Bahia, além dos outros citados, que passou a ser controlado por donos ou investidores.
Outro ponto importante lembrado pela direção do Fortaleza é que as dívidas do clube são consideradas pequenas se comparadas com outras agremiações que foram vendidas recentemente - algo na casa dos R$ 30 milhões, e até por isso, o valor de investimento pretendido seria suficiente para colocar o clube num patamar elevado dentro e fora de campo.
“Obviamente que tudo isso leva em conta os próximos passos na temporada, passando pela manutenção na Série A, por exemplo”, aponta Geraldo Luciano, vice-presidente do Fortaleza. “Essa valorização será maior nos próximos anos. Quando essa gestão assumiu, o Fortaleza tinha um valor de mercado, hoje é outro completamente maior, assim como vai crescer daqui a dois ou três anos. Por isso mesmo, não pensamos, neste momento, na venda de controle do Fortaleza. Temos um norte e o modelo do Bayern é a nossa inspiração”, diz.
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