Investigado desde 2015 pela Justiça da Suíça, Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, foi interrogado nesta terça-feira na cidade de Berna, perante a promotoria do governo federal suíço, para responder a um inquérito sobre o pagamento de US$ 2 milhões (cerca de R$ 10,9 milhões) que teria feito ao francês Michel Platini, então presidente da Uefa, em 2011, como pagamento por um trabalho de consultoria completado em 2002.
"Este é o momento em que começamos a falar sobre este dossiê, que dura já há cinco anos e sobre o qual nunca me fizeram perguntas, pelo que fico muito feliz por poder dar explicações", afirmou Blatter, nesta terça-feira, na porta de entrada do edifício do Ministério Público da Suíça.
Aos 84 anos, Blatter está sob investigação pelo pagamento a Platini desde setembro de 2015, quando a polícia suíça questionou as duas lideranças em uma visita inesperada à sede da Fifa, em Zurique, em um dia em que ambos participavam de uma reunião do Comitê Executivo.
Blatter e Platini foram suspensos provisoriamente e então sancionados pelo Comitê de Ética da Fifa. O caso marcou o fim de um mandato de 18 anos de Blatter à frente do órgão máximo do futebol mundial. Sua punição de seis anos expira em outubro de 2021.
Platini havia dito que estava confiante na volta ao futebol, quando seu veto de quatro anos expirou em outubro passado, meses antes de ele ser apontado como suspeito.
O ex-capitão da seleção francesa foi descrito em 2015 como uma "testemunha" e "acusado" pelo então procurador-geral Michael Lauber. Platini argumentou em 2018 que havia sido inocentado de todas as suspeitas em uma carta do gabinete de um procurador da Suíça.
A denúncia foi retomada quando outro promotor, Thomas Hildbrand, assumiu o comando de várias das causas relacionadas à vasta rede de corrupção no futebol internacional como resultado de uma série de mudanças no estabelecimento judicial.
Tanto Platini quanto Blatter negam ter cometido qualquer crime para o pagamento de US$ 2 milhões. Blatter enfrenta outros processos na Suíça. Platini enviou faturas à Fifa em janeiro de 2011 para cobrar por seus serviços como consultor no primeiro mandato de Blatter, de 1998 a 2002.
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