A Fifa não deve vender o futebol. A recomendação não é de um grupo de oposição e nem mesmo de torcedores irritados com a corrupção. Quem faz a sugestão é Joseph Blatter, ex-presidente da entidade e afastado do futebol por irregularidades em sua gestão.
"A Fifa não deve vender o futebol e agora cabe aos membros da Fifa intervir", apelou o suíço, denunciado, entre outras coisas, por levar milhões de dólares em bônus e salários como presidente da entidade entre 1998 e 2015.
Suas declarações ocorrem depois que a imprensa alemã revelou supostos planos da atual administração da Fifa, liderada por Gianni Infantino, para vender alguns dos maiores eventos do mundo para um consórcio de investigadores ligados à Arábia Saudita. O preço, inclusive para a Copa do Mundo, chegaria a US$ 25 bilhões (cerca de R$ 93,8 bilhões).
De acordo com o jornal alemão Sueddeutsche Zeitung, Infantino estaria disposto a vender aos investidores os direitos para o Mundial de Clubes, mas também a Liga das Nações e mesmo a Copa do Mundo. O temor dos cartolas é de que, se executado, o plano daria aos investidores o poder de decidir sobre o futuro do futebol, esvaziando a Fifa de algumas de suas principais funções.
A Fifa se apressou para dizer que os documentos apresentados pelo jornal alemão eram "desatualizados". Os direitos de transmissão incluiriam ainda toda a esfera digital, além de emissões em 3-D e qualquer novas formas, mesmo em videogames.
Se parte da estratégia já era conhecida e a Fifa planeja uma decisão até março de 2019 no que se refere ao Mundial de Clubes, a revelação aponta para planos secretos de também incluir a Copa do Mundo no esquema privado.
Entre os investidores estariam a SB Investment Advisers Limited (SBIA) e a Centricus Partners LP, mas com fortes relações com o fundo soberano saudita, algo que vem criando polêmica. No fundo, Riad poderia ter a última palavra sobre a organizações do futebol mundial, ao lado do banco japonês SoftBank.
A Fifa ainda criaria uma nova entidade, a FIFA Digital Corporation (FDC), responsável pela negociação. Infantino, em diversas ocasiões, tentou convencer o Conselho da entidade a aprovar o projeto às pressas. Mas sofreu a resistência principalmente dos europeus.
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