Botafoguense percorre 1.300 km de bicicleta até Buenos Aires para final da Libertadores

José Marcelo dispensa passagem aérea e pedala 13 dias até chegar à capital argentina para assistir ao Botafogo

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Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

BUENOS AIRES - José Marcelo, de 43 anos, será um dos mais de 20 mil botafoguenses que verão de perto, no Mâs Monumental, estádio do River Plate, o seu time decidir a Libertadores contra o Atlético Mineiro. O meio que ele encontrou para ir a Buenos Aires, sede da decisão, é insólito. O torcedor teve a oportunidade de ir de avião, mas recusou a passagem e decidiu pedalar cerca de 1.300 quilômetros até a capital argentina. A chegada está prevista para esta quinta-feira, 28, antevéspera da decisão continental.

O périplo começou no dia 11 deste mês, quando Marcelinho, como é chamado pelos amigos, deixou sua cidade natal, São Pedro D’Aldeia, na região dos Lagos, e foi de ônibus até o Rio. De lá, entrou em outro ônibus em direção a Porto Alegre, onde teve início no dia 14 o cicloturismo com mais dois amigos, Sérgio e Cláudio.

Eu optei por fazer a viagem de bicicleta porque tem dois amigos que iriam fazer esse cicloturismo partindo de Porto Alegre, descendo todo o Rio Grande do Sul até chegar à fronteira do Chuí e margear todo o Uruguai, até chegar a Buenos Aires. Eles já tinham essa ideia e me chamaram para ir. Estava meio enrolado até para ir, mas aí o Botafogo bateu na final da Libertadores e eu pensei: se eu for com eles vai dar tempo para eu assistir à final ainda.

José Marcelo, torcedor do Botafogo

Um flamenguista amigo do irmão de Marcelo até ofereceu sua passagem de avião com destino à capital argentina que havia comprado há meses pensando que o Flamengo chegaria à decisão. Mas o botafoguense dispensou o presente. Eu disse não, eu prefiro ir de bike, a bike também é o amor que tenho na minha vida e já tinha combinado, já tinha dado a palavra que eu ia com eles e mantive a palavra”, respondeu Marcelo.

Botafoguense José Marcelo foi de bicicleta até Buenos Aires para final da Libertadores Foto: Arquivo pessoal

Perigo na estrada, noite em barraca e cordeiro na bicicleta

Marcelo não fez uma preparação especial para a viagem de mais de mil quilômetros porque, diz, está acostumado, já que pedala há um tempo considerável e, então, é beneficiado pela “memória muscular”. O maior perigo ele e seus dois amigos passaram no começo da epopeia, depois de Porto Alegre.

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A saída de Porto Alegre tem muitas pontes, o tráfego de carreta é intenso até de madrugada e nós passamos uns perrengues porque na ponte não tinha não tem acostamento Mesmo se estivéssemos com material de sinalização, é muito perigoso, foi um momento bem crítico

José Marcelo, torcedor do Botafogo

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A viagem é econômica. As noites de sono não são em hotéis e as refeições são simples. “Conseguimos dormir em barracas em um camping. em espaços de empresas de produtores de soja, a gente pede e eles deixam armar o acampamento”, conta o torcedor do Botafogo, que também se vale da gentileza das pessoas que conhece na estrada para conseguir tomar banho e se alimentar.

“Almoço sempre o pessoal tem conseguido de graça também, tem um pessoal bem solícito, a galera tem nos ajudado bastante”, afirma. A ideia é pedalar de dia e à noite buscar abrigo e comida.

Em Chuí, município no extremo sul do País que faz fronteira com o Uruguai, lhe foi até oferecida carne de graça. “Um rapaz deu pra nós um pedaço de cordeiro que ele tinha assado no dia anterior. Comemos aquele cordeiro, ainda sobrou e levamos o restante na bicicleta”.

Promessa ao pai e ao tio que morreram

Ir à Argentina ver o Botafogo disputar pela primeira vez uma final da Libertadores é uma promessa que o botafoguense fez depois que perdeu seu pai, Viriato, e seu tio, João. “Eles eram botafoguenses fanáticos e me fizeram virar botafoguense”, diz.

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O pai e o tio, de certa maneira, acompanham a jornada de Marcelo, que levou consigo uma camiseta alvinegra em homenagem aos dois em sua mala, que tem poucos itens: roupas de pedal, itens de higiene pessoal, barraca de camping, colchonete, saco de dormir, alguns alimentos e, claro, a camisa do Botafogo.

“Pelo Botafogo vale tudo”, afirma ele. “Eu sou Botafoguense há 43 anos porque eu sou nascido em Niterói, então fui criado no Caio Martins, minha escola era do lado do Caio Martins, às vezes matava aula para poder ver os treinos”.

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