BUENOS AIRES - A seleção brasileira visita a Argentina nesta terça-feira, no Monumental del Núñez, em Buenos Aires, às 21h (de Brasília), pela 14ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo 2026. Após a vitória contra a Colômbia, o time de Dorival Júnior chega mais leve para o último compromisso da Data Fifa, mas ainda cobrado a apresentar um bom desempenho dentro de campo. Fora do gramado, Ednaldo Rodrigues é quem está verdadeiramente tranquilo, confirmado na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até 2030.
Enquanto o time brasileiro penou em nervosismo até os 54 minutos do segundo tempo na última partida, quando Vini Jr. marcou o gol da vitória, Ednaldo teve toda a calma do mundo para marcar a eleição que o elegeu. Ele pôde esperar que Ronaldo anunciasse sua desistência para convocar o pleito, quatro dias depois.
“Hoje, celebramos não apenas a confirmação do nosso trabalho pela reeleição, mas o triunfo da democracia, do diálogo, da liberdade e da autonomia das organizações esportivas. Ao longo dos últimos anos, enfrentamos muitos desafios. Sofremos todo tipo de preconceito e perseguições. Tentaram até um golpe. Resistimos e vencemos!”, comemorou Ednaldo.

Uma semana após Ronaldo dizer que a sua opinião pouco importava “se a maioria com o poder de decisão entende que o futebol brasileiro está em boas mãos”, Ednaldo já havia apresentado chapa e, além de subscrições e suporte nos bastidores, angariou apoio público de importantes dirigentes do futebol brasileiro.
Até mesmo John Textor, dono da SAF do Botafogo, que já havia sido condenado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por ofensas a Ednaldo, publicou uma carta o apoiando. “À medida que nos conhecemos, entendo que ele não é o homem que eu um dia desafiei tão publicamente, durante nossa dificuldade de 2023. Na verdade, ele também se importa profundamente com uma série de questões que são extremamente importantes para o Botafogo, e tivemos uma conversa maravilhosa sobre como trabalhar juntos para enfrentar essas questões”, escreveu o norte-americano.
Ainda antes de tudo isso, no fim de fevereiro, o presidente havia obtido uma vitória, por decisão do ministro Gilmar Medes no Supremo Tribunal Federal (STF), com o fim do processo que colocava seu mandato em litígio, após contestações feitas na Justiça do Rio.

A aclamação, portanto, é apenas a coroação de um processo já vencido por Ednaldo, que teve a estrutura na mão, como um déspota. Um de seus vices será o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, único que ensaiou apoio a Ronaldo, mas, no fim, uniu-se a Ednaldo. Um sinal de que, “na realeza”, não há espaço para Fenômeno.
Em campo, Matheus Cunha e Wesley ganham a vez com Dorival
O técnico brasileiro disse não haver alívio, após a vitória contra a Colômbia. De fato, não há. Serão seis mudanças no time titular, quatro obrigatórias depois dos cortes de Alisson (protocolo de concussão), Gerson (lesão), Gabriel Magalhães e Bruno Guimarães (suspensos).
No lugar do quarteto, entrarão o goleiro Bento, o zagueiro Murillo e os meias Joelinton e André. As outras duas alterações, por escolha de Dorival, são o lateral-direito Wesley, no lugar de Vanderson, e Matheus Cunha, na vaga de João Pedro.
Destaque do Flamengo, Wesley atacou mais que o companheiro de posição quando entrou diante da Colômbia. O lado esquerdo da Argentina conta com Thiago Almada, que flutua, ocupando também o centro, o que, na interpretação de Dorival, pode provocar espaços para que o lateral jogue com mais facilidade.

Já no ataque, João Pedro não aproveitou a chance de titularidade. Ainda assim, a característica do time deve ser a mesma com Matheus Cunha. Ambos atacantes têm atuado de maneira mais recuada pelos seus clubes na Inglaterra. “O Matheus tem liberdade de movimentação, junto do Vini. Ora um primeiro atacante, ora um segundo. Depende muito de como a Argentina se postar em campo”, projetou o técnico.
Endrick, convocado somente após o corte de Neymar, é o único centroavante de ofício no plantel atual. Dorival optou por não o colocar na primeira partida. O treinador prega paciência sobre o tema e justifica a escolha, mais uma vez, com a minutagem do garoto no Real Madrid.

“Ele tem chamado a atenção em todos os treinamentos, tudo agora é questão de tempo. Nós precisamos, primeiro, ter um pouco mais de posse de bola com a nossa equipe, temos que valorizar um pouco mais dessa posse, por isso a característica de um João Pedro, a característica de um Matheus Cunha”, explicou.
Dorival ainda revelou uma conversa de duas horas e meia com o técnico Carlo Ancelotti, do Real Madrid. Ele afirmou que os dois falaram sobre Endrick e o momento do atacante, que tem seis gols na temporada, mesmo que tenha entrado após os 35 minutos do segundo tempo, na maioria de suas participações.
A adversária Argentina não tem seu principal jogador, já que Messi não foi convocado por causa de uma lesão muscular. Assim como a vitória brasileira na última rodada, os argentinos venceram o Uruguai com uma jogada individual, protagonizada por Almada, que marcou o único gol do triunfo por 1 a 0.

A partida ganhou tom inflamado após uma fala de Raphinha, sobre o clássico ser “de porrada”. Após Dorival apaziguar o tema, Scaloni foi na mesma direção e lembrou a cena de Messi e Neymar juntos na final da Copa América 2021, quando a Argentina venceu o Brasil.
“Essa é a imagem que temos que ver todos. É uma partida de futebol. 90 minutos dentro do campo. Todos temos um conhecido ou amigo brasileiro. Não tem por que passar daí”, defendeu.
De modo geral, a equipe campeão da Copa do Mundo de 2022 é mantida, com mudanças pontuais, como o próprio Almada e Giuliano Simeone, nas pontas. Um empate contra o Brasil basta para que o time de Lionel Scaloni garanta a vaga no Mundial de 2026.