Análise | Olimpíadas 2024: Brasil não sente falta de Marta, põe Espanha ‘na roda’ e vai à final no futebol

Seleção brasileira feminina vence por 4 a 2, volta a uma decisão pela medalha de ouro após 16 anos e terá revanche com os Estados Unidos

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

A seleção brasileira feminina de futebol não sentiu a ausência de Marta, colocou a atual campeã do mundo Espanha “na roda” e garantiu a vaga na final da Olimpíada Paris-2024 nesta terça-feira, garantindo mais uma medalha para o País. O time do técnico Arthur Elias poderia ter feito mais gols, se aproveitando da péssima exibição adversária, mas venceu por 4 a 2 no Stade Vélodrome, em Marselha, e retorna à decisão pelo ouro após 16 anos. Gabi Portilho, Adriana e Kerolin balançaram as redes para o Brasil, que ainda se valeu de um gol contra, enquanto Paralluelo fez os dois das espanholas. O adversário na final serão os Estados Unidos, que bateu a Alemanha por 1 a 0. A decisão acontece no sábado, 10, ao meio-dia.

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O Brasil chegou no mata-mata como azarão depois de fazer uma fase de grupos ruim, contando com a ajuda justamente dos EUA para se classificar como um dos dois melhores terceiros colocados. Nas quartas de final, surpreendeu ao bater a favorita França, por 1 a 0, em partida marcada por final dramático, com 18 minutos de acréscimo até o apito derradeiro.

Esta é a terceira vez que o Brasil disputa uma final desde que o futebol feminino passou a fazer parte da programação olímpica e a briga pelo ouro terá clima de revanche. Em Atenas-2004, a seleção perdeu a decisão para os EUA, por 2 a 1, sofrendo gol na prorrogação. Quatro anos depois, em Pequim-2008, as brasileiras venceram todos os seus jogos, mas perderam a partida derradeira, por 1 a 0, novamente pelo time americano. Os EUA ainda venceram o Brasil na final da Copa do Mundo de 2007.

Brasil se classificou diante da Espanha e vai buscar o ouro em Paris.  Foto: Gaspar Nóbrega/COB.

Além de Marta, suspensa por cartão vermelho, o Brasil foi para o duelo com a Espanha desfalcada da lateral-direita Antônia, com uma fratura na fíbula, e da lateral-esquerda Tamires, com ruptura ligamentar no tornozelo direito. Favoritas na disputa, as espanholas viram o cenário mudar logo aos seis minutos do primeiro tempo em um lance bizarro. A goleira Cata Coll acabou acertando a na zagueira Irene Paredes ao tentar dar um chutão. A bola foi bateu nas costas da defensora e foi parar no fundo das redes, com o time brasileiro saindo na frente do marcador.

Naturalmente, a Espanha assumiu o papel de protagonismo no jogo e foi para cima do Brasil. A atual campeã do mundo demonstrou bom trabalho na troca de passes para chegar ao ataque, mas deixou espaços atrás, especialmente pelos flancos. O time comandado por Arthur Elias conseguiu roubar bolas na frente e encaixar contra-ataques, mas pecou no último toque e perdeu boas oportunidades de ampliar o placar antes mesmo dos 20 minutos.

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A Espanha fez um primeiro tempo muito ruim, com poucas oportunidades de gol. As melhores jogadas passaram pelo pé de Aitana Bonmatí, atual vencedora da Bola de Ouro e do prêmio The Best, responsável por clarear os lances, e com a experiente meia-atacante Jenni Hermoso. A camisa 10 tirou o fôlego da torcida brasileira quando acertou bom chute na entrada da área, obrigando a goleira Lorena a fazer defesa importante.

Diferentemente do rival, o Brasil fez ótima etapa inicial. O time verde-amarelo levou muito perigo nas escapadas em velocidade de Ludmila pela direita, e foi lúcido quando a atacante Gabi Portilho saiu da área para ajudar na criação. Apesar da superioridade, as brasileiras continuaram falhando na hora de fazer o segundo — Jheniffer chegou a perder chance cara a cara com a goleira. Quando a partida ia ganhando contornos de tensão, Gabi Portilho completou de primeira ótimo cruzamento de Yasmin e ampliou o placar, aos 48.

Gabi Portilho comemora segundo gol da seleção brasileira sobre a Espanha.  Foto: Daniel Cole/AP

O segundo tempo iniciou com o mesmo panorama do primeiro: o Brasil criando diversas oportunidades, e a Espanha irreconhecível, com uma atuação pavorosa. A seleção brasileira perdeu a chance de fazer o terceiro, o quarto e o quinto antes mesmo dos dez minutos da etapa final. O time de Arthur Elias colocou os adversários na roda e quase ampliou com Ludmilla e Jheniffer, mas voltou a pecar na hora “H”.

A Espanha melhorou após as substituições e passou a ocupar mais o campo de ataque. Com o placar a favor, o Brasil passou a ficar na defesa para explorar os contra-ataques. As espanholas levaram perigo em cobranças de escanteio e a goleira Lorena entrou em ação, vencendo disputas importantes pelo alto. O time brasileiro poderia ter ficado mais com a bola para não ser tão pressionado, mas acabou ficando vulnerável às investidas do adversária, apesar da má exibição rival.

Com metade do segundo tempo, o Brasil praticamente já não atacava. Hermoso voltou a assustar com chute de longa distância e o clima de tensão voltou a pairar sobre a seleção. Aos 25 minutos, o contra-ataque se apresentou e o a seleção teve a chance de matar a partida. Adriana recebeu livre na grande área, mas acertou o travessão. Quando todos já lamentavam mais uma chance perdida, Gabi Portilho ajeitou de cabeça para Adriana completar para o gol e “fechar o caixão”.

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O terceiro gol foi importante para minar a confiança da Espanha, que avançou às semifinais depois de sair perdendo por 2 a 0 com a Colômbia, empatando e buscando a classificação nos pênaltis. Paralluelo diminuiu o placar, aos 39 minutos, e a seleção brasileira passou a ser bastante pressionada. O combinado brasileiro não conseguiu ficar com a bola para arrefecer o ímpeto adversário, e Lorena precisou salvar o segundo com duas grandes defesas.

Quando a arbitragem anunciou incríveis 15 minutos de acréscimo, e a torcida brasileira já se lembrava do drama diante dos franceses, a Espanha voltou a errar de maneira bizarra. A defesa entregou a bola no pé de Kerolin, que avançou e chutou entre as pernas da goleira para aumentar a vantagem. Aos 56, Paralluelo diminuiu o placar, mas não havia mais tempo para reação.

Análise por Rodrigo Sampaio

Jornalista natural do Rio de Janeiro (RJ) em São Paulo. Repórter de Esportes do Estadão desde 2021. Antes, passagens por TV Globo e Jornal O Dia, com experiência na cobertura da Metrópole, Cultura, Política e Judiciário. Fez parte da 30ª turma do Curso Estado de Jornalismo.

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