Brasil sofre com bola aérea francesa, é derrotado e amarga tabu histórico de 20 anos

Debinha desconta para a seleção brasileira no segundo tempo, mas Le Sommer e Renard marcam de cabeça e assumem liderança do Grupo F da Copa do Mundo Feminina

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Por Daniel Vila Nova
Atualização:

A quebra do tabu vai ter de esperar. Vítima do jogo aéreo europeu, o Brasil perdeu para a França por 2 a 1 na Copa do Mundo Feminina de 2023 e amarga o histórico de jamais ter conseguido vencer a seleção francesa em doze partidas agora. O jogo, válido pelo Grupo F, ocorreu no Estádio de Brisbane, na Austrália, com quase 50 mil pessoas, a maioria de torcedores do time de Marta.

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A França foi superior durante toda a primeira etapa, pressionando o Brasil e não deixando a seleção ficar confortável com a bola. O gol de Le Sommer, de cabeça, evidenciou uma falha na zaga brasileira — o jogo aéreo — e uma característica positiva das francesas. Na segunda etapa, o time de Pia Sundhage achou um gol com Debinha e voltou para a partida. O confronto se tornou equilibrado e, no momento em que o Brasil era superior, a capitã Renard, também de cabeça, liquidou as chances sul-americanas de vitória e classificação antecipada para as oitavas. O Brasil foi um time tenso nos dois tempos, sem conseguir manter a posse de bola e errando muitos passes.

A classificação, no entanto, ainda não está perdida. A seleção brasileira enfrenta a Jamaica na última rodada da fase de grupos e, caso vença, passa para as oitavas. Se ficar em segundo lugar no grupo, pode cruzar com a temida Alemanha, uma das favoritas ao título. “O estilo de jogo do Brasil é bom quando ele bem organizado. Mas quando o jogo é ruim, como foi diante da França, temos de ter a capacidade de fazer mudanças táticas rápidas e ler melhor o adversário”, disse Pia.

A brasileira Debinha marca o primeiro gol brasileiro da partida contra a França.  Foto: Patrick Hamilton/AFP

O jogo começou com a França no ataque. Com um futebol bem organizado, as francesas trocavam passes no campo brasileiro e, quando perdiam a bola, pressionavam a seleção rival em busca de um erro defensivo. Com a marcação forte das francesas, o Brasil encontrou dificuldade para manter a bola nos pés e errou muitos passes. Pareciam incomodadas. Nada dava certo.

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Aos 12 minutos, após ótima jogada individual de Le Sommer na entrada da área, a atacante francesa recebeu bola de Dali e cabeceou com destino certo ao gol. Mas a goleira Lelê tinha outros planos e fez ótima defesa, salvando a meta brasileira pela primeira vez. Poucos minutos depois, outra cabeçada de Le Sommer abriu o placar. Com o controle da partida, a França subiu ao ataque pelo lado esquerdo com a lateral Karchaoui. Ela cruzou a bola para a área, Diani cabeceou para o meio e coube a Le Sommer, maior artilheira da história da seleção francesa, cabecear e fazer o primeiro gol da partida aos 16 minutos. O Brasil desmontou. “Precisamos melhorar o estado emocional dentro de campo”, disse a treinadora.

A francesa Le Sommer comemora o primeiro gol da partida entre Brasil e França.  Foto: Darren England/EFE

Após o baque, o Brasil se jogou ao ataque e criou bons lances. Geyse roubou a bola no campo francês, passou para Debinha que rolou para a chegada de Adriana. A meio-campista, sozinha na marca do pênalti, acabou exagerando na força e o chute passou rente a trave, mas para fora. Foi um gol perdido.

Adriana avançou, sozinha, pelo meio de campo francês e só foi parada próxima a área após a francesa Toletti cometer uma falta e receber um cartão amarelo. Debinha, no entanto, cobrou a falta nas mãos da goleira francesa. O Brasil perdia a batalha no meio de campo e, sem espaço, sofria com a forte marcação francesa. O restante da primeira etapa foi marcado por lances de pouco perigo de ambas as equipes. O Brasil continuava nervoso com a bola e, sem ela, afobado para recuperar a posse.

Empate de Debinha

O começo do segundo tempo viu uma seleção brasileira ainda muito nervosa, errando passes e jogando de maneira afobada. Mas melhor e correndo mais. O time comandado por Pia até conseguia recuperar a posse, mas acabava se desesperando e perdendo o controle do jogo logo em seguida. Entregava a bola para as francesas facilmente.

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O Brasil, no entanto, colocou a bola no chão e, após boa jogada de Geyse, construiu lance de bola na área da França. Com passe de Kerolin, Debinha recebeu na pequena área e ‘chapou’, sem chance para a goleira. A seleção respirava aliviada no jogo pela primeira vez. Pia, que optou por não mexer no time no intervalo, logo percebeu que precisaria mudar. Do banco, chamou a meia Andressa Alves para o lugar de Geyse. A ideia era reforçar o meio, setor em que o Brasil estava sendo dominado. Respondendo a alteração brasileira, o técnico Hervé Renard trocou uma atacante por outra. Saiu a carrasca brasileira Le Sommer e entrou Becho, uma jovem promessa.

Com gol, o Brasil voltou ao jogo. Se a marcação europeia era imbatível no primeiro tempo, as jogadoras francesas começaram a sentir o cansaço na segunda etapa. Mais ligada, a equipe de Pia passou a explorar a velocidade de suas jogadoras e apostar no contra ataque. Em ótima chance, Debinha avançou por boa parte do campo rival, mas acabou não enxergando Adriana aberta ao seu lado e foi travada pela defesa europeia.

Durante toda a segunda etapa, o jogo se manteve aberto. França e Brasil trocavam ataques e, pela primeira vez na partida, a seleção brasileira era superior. Buscando manter o momento positivo, a treinadora sueca do Brasil mudou mais uma vez. A atacante Bia Zaneratto entrou no lugar de Adriana, que era um dos destaques do time até então. O bom momento brasileiro foi por água abaixo após um escanteio francês. Em mais uma falha da marcação, a zagueira Renard se viu livre e cabeceou para dentro do gol, não dando nenhuma chance para Lelê defender.

A zagueira Wendie Renard, que era dúvida para a partida, comemora o segundo gol francês na partida contra o Brasil.  Foto: Franck Fife/AFP

Indo para o tudo ou nada, Pia fez três alterações. Mônica entrou no lugar de Antônia, Ana Vitória na vaga de Ary Borges e, para delírio da torcida, Debinha deu lugar a Rainha Marta. Mais uma vez, o técnico Renard respondeu as alterações e trocou a volante Dali, que estava ‘amarelada’, por Le Garrec. As mudanças, no entanto, pouco efeito tiveram no jogo. Com sete minutos de acréscimo, a França se manteve no ataque e gastou todo o tempo possível tocando a bola para lá e para cá. O apito final decretou a derrota brasileira e o retorno da França na liderança do Grupo F.

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FICHA TÉCNICA

BRASIL 2 x 1 França

BRASIL - Lelê; Antônia (Mônica), Lauren, Rafaelle e Tamires; Luana Bertolucci , Ary Borges (Ana Vitória), Adriana (Bia Zaneratto) e Kerolin; Debinha (Marta) e Geyse (Andressa Alves). Técnica: Pia Sundhage.

FRANÇA - Peyraud-Magnin; Lakrar, Renard, Perisset e Karchaoui; Toletti, Geyoro e Dali (Le Garrec); Diani, Le Sommer (Becho) e Bacha. Técnico: Hervé Renard.

Árbitro - Kate Jacewicz (AUS).

Gols - Le Sommer, Renard e Debinha.

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Cartão Amarelo - Dali, Toletti, Karchaoui e Luana.

Público - Não divulgado.

Renda - Não divulgado.

Local - Estádio de Brisbane, na Austrália.

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