Veja quem já se pronunciou sobre investigação contra Bruno Henrique por manipulação de resultado

Flamengo, Marcos Braz, Betano e Ministério do Esporte foram alguns que já se manifestaram sobre o caso

PUBLICIDADE

Foto do author Leticia Quadros
Atualização:

Na manhã desta terça-feira, 5, o atacante do Flamengo, Bruno Henrique foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga manipulações de resultado. A situação em questão teria sido um cartão amarelo que o jogador recebeu em partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023. O Flamengo afirmou que o atleta, que ainda não se pronunciou, vai seguir com as atividades normais no clube. Veja quem mais se manifestou.

Marcos Braz

O vice-presidente de futebol do clube carioca, Marcos Braz, disse que o Flamengo é o maior interessado em resolver o caso. “O Flamengo não sabia de nada, de que teria essa investigação. O Flamengo, claro, é o que tem mais interesse de que se resolva. O Flamengo estará contribuindo da forma como for possível no que a Justiça necessite. Dará também apoio ao atleta, pelas relações humanas e pela presunção da inocência. E, agora, com muita calma e tranquilidade, vamos aguardar” declarou Braz no desembarque da equipe em Minas Gerais para a partida contra o Cruzeiro.

Atacante do Flamengo é alvo de operação da Polícia Federal por suspeita de manipulação de resultado em partida contra o Santos pelo Brasileirão de 2023 

Flamengo

PUBLICIDADE

O jogador está relacionado para a partida contra o o time mineiro, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, que acontece na próxima quarta, 6, em Minas Gerais. O Flamengo afirmou em nota que acompanha o caso, e que vai dar suporte a Bruno Henrique e que o atacante vai seguir as atividades normais com o clube.

“O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência”, declarou o clube em nota.

Betano

A Betano é um dos sites em que as apostas foram feitas, e também se pronunciou sobre o caso. “A Betano adere a rigorosos protocolos de monitoramento, empregando tecnologia avançada e pessoal altamente treinado para supervisionar as atividades em sua plataforma. Ao detectar qualquer atividade suspeita, e de acordo com nossos processos e aderindo a rigorosos protocolos internacionais em toda a nossa presença multinacional, incluindo o Brasil, nós as reportamos prontamente às autoridades competentes.”

Publicidade

“Incidentes dessa natureza ressaltam a importância crítica da regulamentação dentro da indústria, destacando a necessidade de uma estrutura nacional para permitir investigação e resolução rápidas. A Betano continua comprometida em manter a integridade esportiva e está pronta para auxiliar as autoridades quando necessário”, completou a empresa.

Ministério do Esporte

“Defendemos a aplicação da Lei Geral do Esporte em todos os casos de manipulação e irregularidades, assegurando que o resultado das competições reflita apenas o mérito e o esforço dos atletas”, disse a pasta em nota.

Advogados

O Estadão também consultou especialistas para entender as possíveis punições para Bruno Henrique caso seja comprovado o envolvimento do atacante. Para o advogado criminalista e sócio do Cantelmo Advogados, Berlinque Cantelmo, há margem para outras acusações, se comprovado o esquema.

“Há também a possibilidade de associação criminosa que se for comprovada combinação entre várias pessoas para manipular resultados, a investigação pode também focar nesse escopo previsto no artigo 288 do Código Penal, especialmente se houver a intenção de praticar ações ilícitas com impacto financeiro e esportivo”, avalia. O artigo citado por ele prevê reclusão de cinco a dez anos e multa.

Outro caminho é o de enquadramento como estelionato (artigo 171 do Código Penal), se for comprovada a vantagem aliada ao prejuízo alheio. No caso, outros apostadores, as empresas de apostas e as competições seriam os lesados.

Publicidade

Desportivamente, quando comprovada participação em esquema de manipulação, o atleta pode ser até mesmo banido do futebol, segundo fontes consultadas pelo Estadão.

“O banimento é uma pena grave, porém compatível com a prática criminosa (desde que comprovada). A punição tem que ter o caráter pedagógico e educativo para inibir qualquer outra tentativa neste sentido”, avalia o especialista em Direito do Entretenimento e sócio do Corrêa de Veiga Advogados, Mauricio Corrêa da Veiga.

Entenda o caso

A denúncia sobre uma possível manipulação de resultados partiu das próprias casas de apostas que detectaram um movimentação anormal nos aplicativos para que Bruno Henrique recebesse cartão amarelo no jogo contra o Santos. As notificações foram feitas à Associação Internacional de Integridade de Apostas (Ibia, na sigla em inglês). A partir disso, relatórios para auxiliar investigações foram produzidos.

A CBF teve acesso a esses documentos e entrou em contato com a Polícia Federal, que fez uma busca e apreensão na casa de Bruno Henrique na manhã desta terça-feira. O jogador foi acordado pela polícia e teve o celular levado.

De acordo com a PF, as apostas partiram, majoritariamente, de familiares do jogador, o que aumentou as suspeitas sobre o caso. A operação Spot-fixing cumpriu mandato de busca e apreensão no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, e nas residências de Bruno Henrique, no Rio, e de familiares em Belo Horizonte, Vespiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG). Até o momento, não há nenhum mandado de prisão.

Publicidade

Como foi o lance?

Aos 50 minutos do segundo tempo da partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, Bruno Henrique fez uma falta em Soteldo e foi advertido pelo árbitro Rafael Klein com cartão amarelo.

O atacante foi reclamar com o árbitro e, segundo relatado na súmula, teria dito “Você é um m...”, o que gerou um segundo cartão amarelo e, consequentemente, a expulsão de Bruno Henrique.

Caso arquivado pelo STJD

Bruno Henrique já tinha sido investigado por esse mesmo lance, em agosto deste ano, pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que arquivou o caso. Na época a defesa do jogador alegou que ele era inocente.

O fato de ter recebido o cartão apenas ao final da partida, foi o principal argumento para isentar Bruno Henrique de culpa. O atacante do Flamengo recebeu o primeiro cartão amarelo aos 50 minutos do segundo tempo. Em seguida reclamou com o árbitro Rafael Klein, que deu um novo amarelo e logo expulsou o jogador. De acordo com a defesa de Bruno Henrique a demora para receber o cartão é um indicativo de que ele não estaria ligado a nenhum esquema.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.