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Caras da Copa: Cristiano Ronaldo tem última chance de título em seu pior momento na carreira

Reserva no Manchester United craque português terá no Catar oportunidade de confirmar sua soberania na seleção portuguesa e superar marca de Pelé

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Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

Cristiano Ronaldo vive um ano de 2022 atípico. Aos 37 anos, a principal estrela da seleção portuguesa é reserva no Manchester United e não chega perto de repetir seus números de outros tempos, em que conquistou a Bola de Ouro. Há poucos dias do início do Mundial no Catar, o atacante tem a última chance de conquistar o título inédito por seu país. O português é o quinto personagem da série ‘Caras da Copa’ do Estadão, que já trouxe Benzema, Kane, Neymar e De Bruyne.

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Desde que retornou à Inglaterra, CR7 vive altos e baixos em Manchester. Em seu primeiro ano, foi o único destaque de um clube que teve três treinadores em uma temporada. Já nos primeiros meses da 2022/23, desavenças com Erik Ten Hag, novo comandante dos “Red Devils”, fizeram com que ele perdesse espaço na equipe titular.

Cristiano nunca foi conhecido por exercer uma função de marcação em campo e já não tem o mesmo físico dos tempos de Real Madrid e até de sua primeira passagem pelo United. Ten Hag, por sua vez, cobra de seus jogadores cumprimento tático além de suas funções em campo. Além disso, Cristiano teve de lidar com problemas pessoais durante a inter-temporada, que afetaram sua relação com o restante do grupo do United.

Em abril deste ano, Cristiano e sua mulher, a modelo argentina Georgina Rodríguez, 28, perderam um dos gêmeos que estavam esperando. Desde então o atacante tem lidado com o luto e problemas pessoais. Jordan Peterson, famoso psicólogo canadense, revelou em setembro que teve consultas com o craque português. “Ele queria, sobretudo, falar sobre o que quer para o futuro e também sobre alguns problemas que está enfrentando nesse momento. Falamos estrategicamente sobre isso por mais de uma hora”, afirmou.

Nesta temporada, Cristiano Ronaldo foi titular em apenas três jogos do United no Campeonato Inglês. Em julho, Ten Hag afirmou que contava com o jogador para a temporada, mas o português demorou a se juntar a seus companheiros na pré-temporada - ele realizou treinos particulares, em Portugal.

Cristiano Ronaldo vai ao Catar em um péssimo momento no Manchester United  Foto: Peter Powell / EFE

Essa ausência de Cristiano Ronaldo dos gramados também é explicada pela vontade manifestada pelo seu agente, Jorge Mendes, de deixar o Manchester United na última janela de transferências. Clubes como o Borussia Dortmund, Atlético de Madrid e Sporting foram procurados por seu empresário, mas nenhum demonstrou interesse.

Cristiano retornou ao Manchester United na última temporada, mas quase se transferiu para o City. Nesta semana, ele revelou que conversas com o seu ex-treinador e dirigente do clube, Alex Ferguson, o fizeram mudar de ideia. “Ele (Ferguson) disse que seria ‘impossível eu me transferir para o City’. Quando decidi retornar para o United, segui meu coração, mas o progresso do clube foi nulo desde que Ferguson deixou a equipe”, afirmou.

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Insatisfeito com a reserva, o estopim da relação do atleta com o United aconteceu no último mês. Em duelo com o Tottenham, pela Premier League (vitória por 2 a 0), Cristiano Ronaldo deixou o banco de reservas e partiu para o vestiário antes do final da segunda etapa, se recusando a entrar em campo aos 44 minutos do segundo tempo. Após o incidente, foi punido e suspenso pelo United.

“Sim (Cristiano Ronaldo se recusou a entrar). O que falamos é entre Cristiano e eu. O comunicado é claro”, afirmou Ten Hag em entrevista coletiva após o incidente. Além do jogo contra o Tottenham, CR7 já havia protagonizado um episódio semelhante, ainda na pré- temporada contra o Rayo Vallecano.

“Depois do (jogo contra o) Rayo, eu disse que era inaceitável, mas ele não foi o único. Aquilo era para todos. Quando é a segunda vez, há consequências. É o que fizemos. Perdemos ele, mas acho que é importante para a atitude e a mentalidade do grupo”, disse o treinador. Cristiano Ronaldo foi suspenso após o incidente na partida com o Tottenham. Já reintegrado, ainda ocupa o banco de reservas do elenco.

Além dos problemas dentro de campo, o atacante revelou no último domingo, em entrevista à rede Talk TV, que se sente “traído” pelos dirigentes do Manchester United. “Eu me senti traído e que há algumas pessoas que não me querem no clube, desde a temporada passada”, contou. Cristiano também criticou o treinador Ten Hag, afirmando que o holandês não o respeita como pessoa. “Se você não me respeita, eu nunca irei demonstrar respeito por você.”

Apesar desses problemas, Cristiano alcançou marcas importantes nesta temporada. Diante do Everton, marcou seu gol de número 700 por clube - somam-se suas duas passagens pelo Manchester United, Real Madrid

COPA DE 2018

Apesar de já ter conquistado cinco Bolas de Ouro - prêmio dado ao melhor jogador do ano pela revista France Football -, Cristiano Ronaldo tinha um desempenho abaixo da média em Copas do Mundo. Antes de 2018, o atacante havia marcado apenas três gols em três Mundiais (2006, 2010 e 2014), mas tudo mudou na Rússia.

Na primeira partida, diante a seleção espanhola, Cristiano marcou três gols, sendo um deste um histórico, de falta, para empatar a partida em 3 a 3. Em apenas um jogo, igualou seu número de gols em todas as outras Copas disputadas.

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Nos dois jogos seguintes, contra Marrocos e Irã, o atacante marcou mais um gol e, à época, era discutido como um dos candidatos à melhor jogador do Mundial. Capitão da seleção portuguesa, Cristiano Ronaldo era o principal jogador da equipe recém campeã da Eurocopa, em 2016. Apesar de ter sido substituído ainda no primeiro tempo da final com a França, liderou a seleção do lado de fora do campo.

Nas oitavas de final do Mundial, contra a Rússia, uma partida apática de Cristiano Ronaldo, então com 33 anos, fez com que Portugal se despedisse cedo da competição. Derrota de 2 a 1 para o Uruguai e viagem de volta para a casa.

ÚLTIMA COPA

Com 117 gols, CR7 é o maior artilheiro por seleções da história do futebol, mas apenas sete destes foram em Copas do Mundo. Além disso, está a três jogos sem marcar. Caso siga como jogador profissional, Cristiano Ronaldo terá 41 anos na próxima Copa do Mundo, de 2026. Por conta disso, o Catar pode ser a última chance do atacante ser campeão mundial com a seleção portuguesa - ou ao menos superar o melhor resultado, obtido em 1966 com Eusébio.

Pela primeira vez, Cristiano chega ao Mundial desacreditado. Em todas as outras oportunidades, era titular absoluto da posição em seus clubes e estava na discussão para o melhor jogador da temporada. Em 2022, como reserva do Manchester United e sem repetir boas atuações por Portugal em outros anos, o atacante terá tarefa mais difícil no Catar.

Como cabeça de chave do grupo H, Portugal enfrenta Gana, Uruguai e Coreia do Sul na fase de grupos. A depender de sua posição, pode enfrentar a seleção brasileira nas oitavas de final. Em 2010, as equipes caíram na mesma chave no Mundial da África do Sul - a partida, válida pela terceira rodada, terminou em 0 a 0.

Por outro lado, Cristiano Ronaldo superará marcas históricas no Catar, apenas por estar presente no elenco. Em sua quinta Copa do Mundo, ele iguala Lothar Matthäus, Gianluigi Buffon e os mexicanos Rafa Márquez e Antonio Carbajal, os únicos jogadores a terem, até o momento, cinco participações em Copas do Mundo nos seus currículos. Além disso, caso marque apenas um gol, seja na fase de grupos ou no mata-mata, o português se tornará o único a anotar ao menos um tento em cinco edições diferentes de Mundiais.

Comandada por Fernando Santos - que pode deixar a seleção após a Copa -, Portugal tem, além de Cristiano, uma seleção com jovens talentos, como João Félix, Cancelo, Bernardo Silva e Rúben Dias. Desde 2016, a equipe já conquistou uma Eurocopa, uma Liga das Nações e busca no Catar sua primeira conquista a nível mundial.

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