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Caras da Copa: Neymar, saudável e no auge, tem a maior chance de liderar o Brasil em busca do hexa

Após fracassos nas edições do Brasil (2014) e na Rússia (2018), astro do PSG jogará no Catar o que pode ser, segundo ele mesmo, o último Mundial de sua carreira

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Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

Encerrada a passagem pelo Brasil durante o seu último período de férias, em julho, Neymar avisou nas redes sociais que tinha “um trofeuzinho para buscar”. Ele fazia referência à taça da Copa do Mundo, que se tornou obsessão para o astro do Paris Saint-Germain. Passados os insucessos nos Mundiais de 2014 e 2018, ele espera liderar a seleção brasileira no Catar, de onde quer voltar hexacampeão. O craque brasileiro é o terceiro personagem da série ‘Caras da Copa’, do Estadão. O primeiro foi o francês Karim Benzema e o segundo, o inglês Harry Kane.

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O camisa 10 do Brasil se habituou a dizer que não lhe incomoda nunca ter alcançado o topo em premiações individuais, como Messi e Cristiano Ronaldo, por exemplo. O que lhe chateia é não ter tido sucesso, por ora, em Copas do Mundo.

Em 2010, Neymar poderia estar na África do Sul, mas Dunga preferiu não levar o então menino de 18 anos e seu parceiro, na época, Paulo Henrique Ganso. Em 2014, foi alijado de seu primeiro Mundial, no Brasil, em razão de uma dura entrada cometida pelo colombiano Camilo Zuniga nas quartas de final. A lesão nas costas o impediu de estar em campo no vexatório 7 a 1 imposto pela Alemanha.

Quatro anos depois, já atleta do Paris Saint-Germain, o craque brasileiro jogou a Copa da Rússia com dores oriundas de uma ruptura dos ligamentos do tornozelo, sofrida com a fratura no quinto metatarso do pé direito, meses antes do torneio começar. Além disso, foi ridicularizado e virou alvo de gozações por ter se atirado no gramado repetidas vezes. Houve até quem tivesse contado quanto tempo, no total, o jogador passou deitado no chão durante a competição.

Neymar conviveu com lesões no Mundial do Brasil e foi ridicularizado na Copa da Rússia Foto: Dida Sampaio/Estadão

Agora, Neymar começará a sua terceira Copa mais maduro, saudável, livre de polêmicas - ao menos as relacionadas ao futebol - e em seu auge técnico, uma vez que protagonizou neste ano o seu melhor início de temporada na carreira. Foram 15 gols e 11 assistências em 19 jogos pelo time francês, a despeito dos problemas de relacionamento com Mbappé.

“Essa é a seleção que eu mais vejo próxima de vencer, de equipe vencedora. A gente tem tudo para fazer uma grande história”, afirmou Neymar à Band. A união dos atletas, disse ele, será determinante para o sucesso da equipe no Catar. “É um grupo muito unido, muito leve. O ambiente é espetacular”.

É provável, segundo ele mesmo disse há um ano, que a Copa do Catar seja a última oportunidade de se imortalizar na história do futebol brasileiro, como o craque do hexacampeonato, repetindo o que fizeram Pelé, em 1970, no México, Romário, em 1994, nos Estados Unidos, e Ronaldo Fenômeno, em 2022, na Coreia do Sul e no Japão.

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Ele é o segundo maior goleador da seleção brasileira na história, com 75 gols em 121 partidas, e tem apenas Pelé à sua frente. O Rei do Futebol tem 77 gols, nas contas da Fifa, e 95 na contagem da CBF. “Eu encaro como a minha última Copa, porque não sei se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol”, havia dito Neymar à DAZN. “Então, vou fazer de tudo para chegar muito bem, fazer de tudo para ganhar com meu país, para realizar o meu sonho desde pequeno e espero poder conseguir isso”, prometeu.

O atleta, aos 30 anos, considera difícil continuar convivendo com os embaraços ligados à fama, sobretudo encontrar equilíbrio entre a jornada de atleta e a vida pessoal, de um astro seguido por milhões de fãs e questionado muitas vezes por adulado por seu entorno. “Vida de atleta é muito difícil. A gente abre mão de muita coisa por um sonho que a gente tem”, explicou o jogador, indignado mesmo com os ataques à sua família. “Não tem problema nenhum não gostar do meu futebol, falar que eu jogo mal. Quando atacam a mim e a minha família é o que me entristece”.

O apego à chance, que pode ser a última, de conquistar a sexta estrela com a seleção brasileira fez o craque do time de Tite treinar mesmo durante parte de suas férias, algo incomum para um atleta muito criticado pelo seu comportamento fora de campo.

Ele se manteve em forma antes do início da temporada sob a supervisão de seu preparador físico pessoal, Ricardo Rosa. Fez um começo de temporada na Europa de muitos gols, assistências e dribles e tem se entendido bem com Messi, de quem é amigo, e Mbappé, este que quis, sem sucesso, a saída do brasileiro do clube francês.

Neymar vive seu auge físico e técnico no PSG, com melhor início de temporada da carreira Foto: Stephane Mahe/Reuters

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“Ele está querendo e está demonstrando”, comentou Cléber Xavier, auxiliar de Tite, em entrevista recente ao Estadão. “Os jogos que ele está fazendo, o nível em que ele está. Essa Copa é a oportunidade dele. Ele tem essa consciência e coloca isso em prática”.

Embora o Brasil não seja mais tão dependente de Neymar graças ao surgimento de jovens atacantes talentosos, como Vinicius Junior, Antony e Raphinha, o camisa 10 continua sendo o craque do elenco, capaz de decidir uma partida, e Tite sabe disso, tanto que deposita muita confiança em seu principal jogador. “O Neymar vê o que outros não conseguem ver. Ele consegue soluções. Ele antevê as jogadas”, analisou o treinador sobre seu camisa 10, confiante de que ele seja no Catar o protagonista que não foi na Rússia sob seu comando. “Pelo histórico dele, tem essa chancela, ele tem uma capacidade criativa impressionante”.

Havia na seleção uma orientação para que os atletas não se manifestassem sobre política. No entanto, Neymar ignorou essa diretriz e apoio publicamente Jair Bolsonaro (PL) na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu o pleito.

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Ele fez live com Bolsonaro, declarou voto no candidato que tentava a reeleição e apareceu na campanha do presidente, o que atrapalhou - mas não impediu - o plano da CBF de dissociar a camisa da seleção brasileira da política, já que ela e a bandeira do Brasil viraram símbolos apropriados pelo bolsonarismo. Neymar prometeu até mesmo comemorar gols em homenagem a Bolsonaro. Resta saber se, com o revés de seu candidato nas eleições presidenciais, vai cumprir a promessa.

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