A defesa de Daniel Alves, preso desde o dia 20 de janeiro por suposta agressão sexual contra uma mulher de 23 anos, cita no recurso de apelação para pedir novamente sua liberdade provisória, apresentado à Justiça da Espanha na terça-feira, dia 16, um eventual “jogo erótico” entre o jogador e a suposta vítima na noite em do episódio, em 31 de dezembro, na boate Sutton, em Barcelona. A previsão mais otimista de julgamento do caso é setembro.
No recurso, a defesa, encabeçada pelo advogado Cristóbal Martell, afirma que o relato da acusação apresenta “inconsistências e incoerências”. É argumentado que Daniel Alves e a suposta vítima, enquanto estavam na área VIP da casa noturna, estavam em uma “realidade distinta” do cenário de medo descrito pela acusação à Justiça. Com base no material audiovisual coletado, os advogados do brasileiro afirmam ser possível ver “claramente dois adultos desenvolvendo um jogo erótico, simulando um prévio coito”.
“Se observa na denunciante uma conduta abertamente sexualizada, própria de um galanteio sexual em fase de cortejo. Em algum momento, se vê a jovem colocando-se de costas ao atleta, contorcendo e roçando os glúteos em movimentos na zona pélvica do denunciado no ritmo da música”, disse a defesa de Daniel Alves no recurso apresentado para a Justiça de Barcelona.
Daniel Alves admitiu que houve relação sexual com a jovem que o acusa de estupro, mas afirma mais uma vez que o ato foi consentido. O brasileiro também afirma novamente que mudou sua versão sobre o ocorrido por diversas vezes para esconder a infidelidade da mulher, a modelo e empresária Joana Sanz, com quem está em processo de divórcio. A inconsistência no depoimento à Justiça foi citado como um dos motivos para prender o jogador preventivamente.
A defesa sustenta, ainda, que o risco de o brasileiro fugir da Espanha caso seja solto provisoriamente é “inexistente e impensável”. O recurso cita que Daniel Alves tem um projeto de vida em Barcelona e que sempre quis que os filhos realizassem seus estudos universitários no país europeu. Dinorah Santana, agente de Daniel Alves e mãe dos filhos do atleta, se mudou recentemente para a Espanha com as crianças.
ENTENDA O CASO
Daniel Alves teve a prisão decretada no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 40 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção. O Pumas, do México, rescindiu o contrato com o jogador no mesmo dia alegando “justa causa”.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona, na Espanha. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna. A denunciante procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido. Material coletado encontrou vestígios de sêmen, tanto internamente quanto no vestido da denunciante.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d’Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Uma câmera usada na farda de um policial gravou acidentalmente a primeira versão da vítima sobre o caso, corroborando o que foi dito por ela no depoimento oficial. A mulher também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa “Y Ahora Sonsoles”, da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.