Robinho, Daniel Alves e Mendy: relembre outros jogadores envolvidos em violência ou agressão sexual

Entre julgamentos, condenações e absolvições, pisódios recentes no futebol foram levados à Justiça; ‘Estadão’ elenca alguns destes casos

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Por Redação

Robinho, condenado por estupro na Itália, pode vir a cumprir sua pena de nove anos no Brasil. Nesta quarta-feira, 15, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou na condição de “imediatamente” o andamento do processo que pode levar Robinho à prisão no País. Esse não é o primeiro caso de jogadores de futebol envolvidos em julgamentos de violência e abuso sexual. Entre condenações, audiências na Justiça e absolvições, o Estadão relembra alguns dos principais casos que vieram à tona nos últimos anos.

Robinho

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Em janeiro de 2022, o atacante Robinho foi julgado e condenado em última instância a nove anos de prisão, na Itália, por estupro de uma mulher albanesa em 2013, quando atuava no Milan. Segundo as investigações e condenação na Justiça Italiana, o brasileiro e cinco amigos estupraram uma jovem em um camarim da boate milanesa Sio Café, onde ela comemorava seu aniversário. O jogador afirmou que toda a relação que teve com a denunciante foi consensual e ressaltou que seu único arrependimento foi ter sido infiel com sua mulher.

Em entrevista ao Estadão, o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi, revelou à época que ela poderia ter solicitado o pagamento de aproximadamente R$ 400 mil (60 mil euros) por danos morais, mas optou por aguardar o andamento dos procedimentos jurídicos. Na sua visão, o tribunal de Milão que condenou Robinho fez uma análise correta do caso.

Robinho foi condenado a nove de anos de prisão pela Justiça italiana e pode cumprir sua pena no Brasil.  Foto: Tony Gentile/Reuters

Transcrições de interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial mostraram que Robinho revelou ter participado do ato que levou uma jovem de origem albanesa a acusar o jogador e amigos de estupro coletivo, em Milão, na Itália. Em 2017, a Justiça italiana se baseou principalmente nessas gravações para condenar o atacante em primeira instância a nove anos de prisão.

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Além das gravações telefônicas, a polícia italiana instalou um grampo no carro de Robinho e conseguiu captar outras conversas. Para a Justiça italiana, as conversas são “auto acusatório”. As escutas exibem um diálogo entre o jogador e um músico, que tocou naquela noite na boate e avisou o atleta sobre a investigação.

Robinho e seu amigo Ricardo Falco, também investigado, foram condenados com base no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala do ato de violência sexual não consensual forçado por duas ou mais pessoas, obrigando alguém a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.

Os advogados de Robinho afirmam que o atleta não cometeu o crime do qual é acusado e alegam que houve um “equívoco de interpretação” em relação a conversas interceptadas com autorização judicial, pois alguns diálogos não teriam sido traduzidos de forma correta para o idioma italiano. Em fevereiro, a Justiça italiana pediu ao Itamaraty que o jogador cumprisse sua pena no Brasil. O processo corre no STJ.

Daniel Alves

Daniel Alves teve a prisão decretada no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção.

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A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona, na Espanha. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido.

Daniel Alves está preso preventivamente na Espanha enquanto aguarda julgamento. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d’Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Uma câmera usada na farda de um policial gravou acidentalmente a primeira versão da vítima sobre o caso, corroborando o que foi dito por ela no depoimento oficial. A mulher também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.

Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar.

Cuca

Técnico de sucesso no futebol brasileiro, Cuca se envolveu em polêmica ainda quando era jogador. Em caso ocorrido em 1987, em Berna, Suíça, o então meio-campista do Grêmio foi detido com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de “manter atos sexuais” com uma menina de 14 anos.

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Os jogadores permaneceram em cárcere por 30 dias. Fernando foi o primeira a ser liberado, já que a sua participação no ato não foi comprovada. Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Em matéria publicada à época pelo Estadão, o atual treinador disse que o episódio o fez adquirir “experiência e maturidade”. Ele nega qualquer participação.

Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo cobra na Justiça uma indenização de US$ 626 mil (R$ 3,2 milhões) após a retirada de uma acusação de estupro contra ele. O caso teria ocorrido em 2009, em Las Vegas. A modelo Katheryn Mayorga trouxe o caso à tona em 2018, cobrando do craque português a quantia de 64 milhões de euros (R$ 335 milhões).

O caso foi arquivado em junho, de acordo com o canal britânico Sky News, depois do advogado da modelo ter utilizado documentos confidenciais na defesa. O caso demorou a se tornar público por conta de um suposto acordo concretizado entre as partes. A modelo ficaria em silêncio pela quantia de 375 mil dólares (cerca de R$ 2 milhões), mas ela decidiu anular o documento assinado e pedir a indenização milionária.

Benjamin Mendy

O jogador francês Benjamin Mendy, do Manchester City, foi inocentado de seis acusações de estupro e uma agressão sexual pelo júri popular no Reino Unido. Suspenso há mais de um ano, ele ainda será julgado novamente em junho, por duas denúncias que não tiveram um veredito.

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O atleta é acusado de sete casos de estupro, uma tentativa de estupro e um assédio sexual. O lateral-esquerdo de 28 anos passava por julgamento no tribunal de Chester, norte da Inglaterra, desde o início de agosto. Uma das possibilidades de pena era de prisão perpétua. O júri popular, composto por sete homens e quatro mulheres, foi dispensado na última sexta-feira, após deliberar por quase 70 horas em 14 dias. Um jurado foi dispensado no meio do julgamento.

Mendy negou, desde o princípio, as 10 acusações feitas contra ele referentes a supostos acontecimentos ocorridos entre outubro de 2018 e agosto de 2021, em sua casa de Prestbury, Cheshire. Antes de ser julgado, o jogador chegou a ter sua prisão preventiva decretada pela Justiça, entre agosto de 2021 e janeiro de 2022

Em janeiro, o jogador foi de seis acusações de estupro e uma agressão sexual pelo júri popular no Reino Unido. Suspenso há mais de um ano, ele ainda será julgado novamente em junho, por duas denúncias que não tiveram um veredito.

Mason Greenwood

Revelação do futebol inglês, Mason Greenwood foi preso em janeiro de 2022 acusado de agressão física e violência sexual por sua então namorada. À época, Harriet Robson publicou um vídeo nas redes sociais para denunciar o jogador do Manchester United. Ela aparece com a boca ensanguentada e hematomas pelo corpo. Ele deixou a prisão no último dia 19 após pagar fiança.

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Em um áudio, também divulgado por Harriet naquela oportunidade, Greenwood estaria discutindo com a modelo enquanto tenta forçá-la a fazer sexo. Enquanto a influenciadora diz que não quer praticar o ato, é possível ouvir ameaças como: “Abra suas pernas. Cale a boca. Eu não me importo se você quer fazer sexo comigo. Me empurre mais uma vez e você vai ver o que acontece”. Atualmente, Greenwood está liberado sob fiança e aguarda o julgamento. Ele está suspenso pelo Manchester United desde o momento da sua prisão

Ryan Giggs

O caso do ex-jogador Ryan Giggs, do País de Gales, levou a lenda do Manchester United a renunciar ao cargo de treinador da seleção de seu país, poucos meses antes da Copa do Mundo do Catar. Em julgamento, iniciado nesta semana, o galês é acusado de atos de violência física e psicológica contra sua ex-mulher, Kate Greville, causando lesões corporais.

Giggs foi detido em novembro de 2020 após uma discussão violenta com Kate Greville. Colocado em prisão domiciliar, também é acusado de agredir a irmã de sua ex, Emma Gerville. Durante uma audiência preliminar em abril de 2021, ele negou as acusações e se declarou inocente.

Segundo o jornal The Guardian, Giggs teria expulsado Kate nua de um quarto de hotel em Dubai depois que ela desconfiou de mensagens que o ex-jogador teria enviado a outra mulher. Em seu depoimento, Kate denunciou episódios de um comportamento controlador e abusivo de Giggs no relacionamento entre os dois. Caso condenado, o galês poderá pegar até cinco anos de prisão.

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Nico Schulz

O lateral-esquerdo do Borussia Dortmund, Nico Schulz, é investigado por possível agressão contra a ex-namorada Maria Pletz, quando a moça estava no nono mês da gravidez. Ele teria chutado a barriga da companheira, em episódio relatado em agosto de 2020. A ex-namorada teria abafado o caso na época por “estar apaixonada”, mas revelou que o relacionamento era abusivo e que Schulz “vivia gritando e brigando” com ela.

A dinamarquesa fez as acusações e mostrou ameaças feitas pelo jogador no WhatsApp, no qual ele teria dito que a criança "não devia ter nascido" e que ela também "não merecia estar viva". Outra ex-namorada também teria divulgado fotos com marcas de agressão feitas pelo atleta. A imprensa alemã afirma que o lateral teria coagido a ex-namorada com agentes, que ofereceram dinheiro regularmente e que ainda fez um pedido de desculpas para não ter a carreira prejudicada. Caso seja declarado culpado, Schulz pode pegar até 10 anos de prisão.

O Borussia Dortmund ainda mantém o vínculo com o atleta. Em nota oficial, o clube afirmou não compactuar com qualquer ato de violência, mas não fará julgamento precipitado do jogador. O jogador permanece no Borussia, após a equipe não conseguir negociá-lo na última janela.

Jean

Ex-goleiro do São Paulo, Jean foi detido em 2019, acusado de violência doméstica pela sua mulher, Milena Bemfica na cidade de Orlando, na Flórida. Na ocasião, ela publicou diversos vídeos em suas redes sociais onde aparece com hematomas e feridas. O casal estava de férias nos Estados Unidos. No quarto do hotel onde se hospedavam, Jean teria discutido com a mulher, arremessando-a sobre a cama e desferido três socos em sua face.

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O São Paulo decidiu, ainda no mesmo ano, pela rescisão do contrato do atleta, após a prisão preventiva decretada nos Estados Unidos. O clube queria o rompimento por justa causa, pelo goleiro ferir a imagem e os valores do clube. Ele tinha vínculo até 2022 com o São Paulo.