CBF e parceiros buscam afastar camisa da seleção brasileira da política

Mensagem passada nas campanhas em vídeos nas redes sociais e inserções na TV remete à volta da identidade da amarelinha

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Foto do author Marcius Azevedo

A Confederação Brasileira de Futebol e alguns parceiros têm uma missão até o início da Copa do Mundo do Catar: afastar o simbolismo político da camisa da seleção. A mensagem passada em vídeos nas redes sociais e inserções na TV remete à volta da identidade da amarelinha, que ficou muito associada aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição.

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“Todos podem se sentir bem com a camisa da seleção”, resumiu o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, após o vídeo da campanha ser exibido antes da convocação do técnico Tite.

No vídeo, há um rap com o refrão da música Tão Bem, de Lulu Santos, em uma referência à camisa da seleção brasileira. “Ela me faz tão bem, Ela me faz tão bem/Que eu também quero fazer isso por ela”, diz o trecho da canção de 1984, que fez parte do álbum Tudo Azul.

Nos bastidores, essa campanha ganhou ainda mais importância após o posicionamento de Neymar durante o período eleitoral. O fato de o principal jogador da seleção declarar apoio ao atual presidente gerou preocupação no comando da CBF, que queria seguir no caminho oposto.

Não existiu um pacto entre jogadores e comissão técnica para não falar de política por causa da Copa do Mundo, mas foi feita uma recomendação para que o assunto não fosse abordado publicamente. Além de Neymar, outros jogadores, como Daniel Alves E Thiago Silva, também declararam voto.

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CBF quer recuperar sentido original da camisa da seleção Foto: Divulgação/Nike

O lançamento da campanha pela CBF foi feita antes da convocação para ter um impacto maior. E ela não está sozinha nesta jornada.

A Kavak, parceira da CBF, também aproveitou o fim da eleição para lançar uma campanha na busca por dissociar futebol e política. O mote utilizado pela multinacional especializada na compra e venda de veículos seminovos foi: “Vire a chave. A paixão muda o jogo”, visando reacender o amor da torcida pela seleção.

No vídeo, há uma mistura entre o passado e o presente, com o intuito de mudar a perspectiva e conectar, novamente, o torcedor à seleção brasileira. O conteúdo está sendo divulgado nas redes sociais da empresa e também no intervalo comercial da TV aberta.

“Decidimos criar o ‘Vire a chave’ como uma menção positiva ao público: dentro ou fora do campo de futebol, a paixão sempre pode mudar o jogo. E a Kavak, como patrocinadora oficial, quer estar presente para apoiar o torcedor a aquecer a alegria de torcer pela própria seleção”, explicou Julieta Cano Williams, diretora global de branding da Kavak.

Em agosto, ao lado da Nike, a CBF já havia feito uma campanha para o lançamento da camisa que o Brasil usaria na Copa do Mundo com o primeiro aceno de se afastar da política. “É coletivo. Representa mais de 210 milhões de brasileiros”, dizia um dos trechos da mensagem publicada nas redes sociais.

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Patrocinadora oficial da seleção desde 1994, a Brahma recorreu ao narrador Galvão Bueno para lembrar ao público do significado original da camisa da seleção e unir o Brasil para torcer para o time do técnico Tite no Catar.

Especialista em novos negócios do esporte e responsável pela intermediação dos contratos envolvendo a Kavak, Armênio Neto vê como importante essa tentativa da CBF e das marcas de se afastar do simbolismo político antes da Copa do Mundo.

“A camisa da seleção não tem partido. Pertence ao povo, e é com a paixão das pessoas que as marcas querem se conectar. Nesta época de Copa do Mundo, a valorização de uma ativação tem um peso maior junto ao público, as conexões aumentam, e a seleção brasileira, sua camisa e os produtos que os cercam são nobres. Por isso que CBF e patrocinadores têm seguido esse caminho”, afirmou Armênio Neto.